Restaurant Ipanema

Nosso post de hoje mostra foto e anúncio do Restaurant Ipanema, de propriedade do Coronel Antônio José da Silva, inaugurado ainda no séc XIX e possivelmente o primeiro estabelecimento comercial depois da Igrejinha.
Sócio do Barão de Ipanema na empreitada de vender as terras de ambos, transformando a agreste e insalubre restinga em um bairro, ficava o coronel na linha de frente do negócio, certamente dando seu know-how para a abertura de ruas, drenagem, urbanização etc….
E nessa época nada melhor que montar um restaurante, hotel ou balneário nos longínquos arrabaldes para atrair possíveis clientes, não só do estabelecimento, mas também do bairro.
Ele ficava localizado perto das fronteiras de Copacabana, onde antes do bonde chegar na Praça Floriano, podia-se em uma trilha junto ao morro do Pavão chegar ao bucólico estabelecimento.
O bairro já se encontrava arruado e loteado ( nas plantas) desde  o início do ano de 1894, mas o bonde ainda estava em outras propriedades do Barão, uma estreita faixa de terra entre as terras dos Gardone Constante Ramos e Guimarães Caipora, no Bairro de Copacabana, onde o Barão abria umas 3 ruas, uma com seu nome, onde aliás ficava a pequena estação de bondes, desparecida nos anos 40 com a construção do prédio da Colombo.
Mas com a chegada do bonde a Igrejinha, no final deste mesmo ano, os empreendores do bairro, realizaram um poderoso golpe de marqueting, instalaram uma precaríssima linha de bonde, privada, em trilhos de madeira, que conduzia um pequeno carril, a partir da estação da Igrejinha até as portas do restaurante, passando pela ainda inurbanizada orla do novo bairro.
Com essa empresa o bairro, ainda traçado em precárias trilhas, muitas imersas em pântamos e charcos, começou a ser comprado por alguns aventureiros, prevendo o sucesso, ainda bambo, do bairro vizinho, que começava timidamente a ser construído.
Em 1902, com a chegada dos bondes da Jardim Botânico, ainda a tração animal, no antigo terminus do ramal provisório, o bairro realmente começou a “vender” e o restaurante se transformando num agradável programa para o dia todo.
O endereço do estabelecimento era sito à Rua  28 de Agosto número 04, hoje Rua Barão da Torre. O restaurante no início do século XX era juntamente com o Restaurante do Leme, bar da Brahma,  ponto de recepção de banquetes oferecidos pela comunidade local as autoridades e visitas importantes, como foi o caso do anúncio da macadamização de várias ruas de Leme, Copacabana e Ipanema, além da implantação do sistema de iluminação por luz elétrica ( 2 distrito da Light) em Dezembro de 1909.
Em 1911 o Coronel tinha já passado seu estabelecimento, visto que a parte incial do bairro já estava bem ocupada, com ruas revestidas de macadame ( cascalho britado) sendo que algumas já havia até mesmo o alcatroamento do pavimento, como a novíssima avenida da orla, recém aberta.
Mas ainda havia o interesse na visitação como era anunciado “Passagens grátis aos que se dirigirem ao Bar Villa Ipanema por bonde e o acesso gratuíto aos que comparecem de automóvel”  indicando que ruas como a Av. Copacabana já era totalmente transitável aos automóveis, bem como a nova Av. Atlântica, que atraia um grande número de automobilistas em piq-nics para os novos bairros.
Agradecemos ao amigo Carlos Ponce de Leon de Paiva o envio deste material.

10 comentários em “Restaurant Ipanema”

  1. Ipanema era um Paraíso nesta época, sem sombra de dúvida.
    Talvez fosse interessante o proprietário manter “convênio” com alguns médicos ilustres para os mesmos receitarem os banhos de mar “medicinais”.
    E convém registrar o pleno domínio da cultura francesa no início do século XX no Rio.

  2. Com o perdão da má palavra, mas…PQP!!!! E pensar que Ipanema já foi assim!!! Deus, como eu queria ter visto esta Ipanema! Aliás, como eu queria ter visto todo o Rio da primeira metade do século XX.

  3. Não consigo pensar em Ipanema como algo idílico nessa época. Tendo vivido a Barra da Tijuca e, sobretudo, Cabo Frio nos anos 70, imagino como deveria ser complicado o abastecimento de água nessa época. Para um pic-nic tudo bem. Mas morar…

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