Hoje iremos aos subúrbios da Central, mais precisamente a Cascadura e nessa imagem dos anos 50 mostramos o viaduto que passava sobre a linha do trem e que permite a junção de importantes vias suburbanas, descendentes diretas das primais vias de penetração nos primóridos da região. As avenidas Suburbana ( hoje D. Helder Câmara), Ernani Cardoso e Rua Carolina Machado.
O viaduto, “obra de arte” em concreto armado protendido (ou não) pioneira em nossa cidade foi construído como parte do leito da primitiva estrada Rio São Paulo no governo de Washington Luiz em 1928 sobre a risca de projeto do engenheiro Eugênio Baungart. O viaduto visava não só eliminar a indesejada passagem de nível que atrapalharia o tráfego da nova estrada em ponto tão central para os subúrbios como também já antevia a eletrificação da Central, já em estudos nessa época, mas só implementada no Estado Novo, mais de 10 anos para frente.
A construção do viaduto também provocou mudanças na região como a eliminação da praça que existia no encontro da Rua Carolina Machado com a Suburbana, sepultando também um chafariz que datava dos tempos coloniais e que servia de aguada para cavalos e muares que vinham das profundezas do Sertão Carioca. O local era um importante entreposto de gêneros do sertão para a cidade, existindo também o Mercado de Cascadura, demolido também para a implantação do viaduto. Preocupada com o comércio e o abastecimento da cidade a PDF promoveu em 1929 ampliações no Mercado de Madureira para abrigar os produtores desalojados do demolido mercado, aumentando mais ainda a importância do estabelecimento de Madureira. Salienta-se que também houve a tentativa dos produtores de criar um mercado em Campinho, que não foi bem sucedida, tendo o terreno ficado para a PDF.
Em 1965 o viaduto já se mostrava esgotado, não acompanhando as obras que ocorreram ao longo dos anos 40 e 50 executadas pelo DER-DF e SURSAN no alargamento das Avenidas Suburbana e Ernani Cardoso, por isso o EGB, na figura do DER-GB executou a duplicação do viaduto. Sua estrutura era tão bem feita que permitiu ao corpo técnico do DER-GB a aplicação de novos tabuleiros e pilares aproveitando-se da estrutura já existente, criando um novo viaduto em “anexo” ao construído em 1928. As obras provocaram novas demolições na região notadamente do outro lado da linha férrea.
Na foto vemos a aparência do viaduto muito próxima da sua inauguração, trechos do pavimento ainda estão em paralelepípedo, pois acreditava-se que o asfalto não aderia em rampas mais pronunciadas, bem como vemos os pequenos postes em ferro-fundido presos em nichos na grossa amurada lateral, amurada esta que ainda resiste no lado direito do viaduto nos dias de hoje, inclusive com as fixações da velha iluminação pública.
Ao fundo, na direita sobe o prédio com estilo moderno da Associação Comercial de Cascadura, um importante indicador da grande movimentação de bens que essa região historicamente possuia, e que mesmo com a querda da importância econômica dos subúrbios fomentada por décadas de desadministração desta cidade ainda se mantém.
Uma pequena parcial do local nos dias de hoje pode ser vista aqui: http://migre.me/3Qgdo ( link compactado)
Esse viaduto anexo a que se refere o Decourt, durante sua construção me intrigava bastante.
De perfil extremamente delgado ficava eu preocupado com sua segurança visto que o trânsito por cima dele é intenso.
A foto parece-me que retrata a descida(hoje) em direção a D.Helder e existe até um posto de gasolina ao final do viaduto.
André, esse viaduto foi cosntruído somente em concreto armado. Em 1928 ainda não se utilizava a protensão nas construções. O concreto protendido só foi utilizado mesmo após a segunda guerra mundial, devido a escassez de aço na Europa e parece que a primeira obra no Brasil com esse novo método foi a Ponte do Galeão em 1948.
Também imaginava isso Leandro, porém li em um velho livro que dizia que se utizou de tirantes metálicos com pontas dobradas, tedo ficado aí a minha dúvida sobre a protenção ou não de algum vão ou trecho de algum tabuleiro
Magnífica foto.
A antiga Estrada Real de Santa Cruz foi seccionada exatamente aí quando foi renomeada. Vindo da cidade começava na atual São Luiz Gonzaga, integrava com a Suburbana (atual Dom Helder Câmara) até esta passagem de nível. A partir daí passou a se chamar Ernani Cardoso até o Largo do Campinho e, a partir deste, Estrada Intendente Magalhães.
Antes da Dutra era também chamada de Estrada Rio-São Paulo. Lembro-me quando era bem pequeno que via-se muitos estabelecimentos comerciais fazendo alusão a rio-são paulo. Via-se também muitos borracheiros.
Muitos bairros dos subúrbios estão em franca recuperação econômica, principalmente os da Zona Oeste.
Na foto observa-se, realmente, que está descendo para a Suburbana. Para o outro lado desemboca numa praça que bifurca para a Carolina Machado e Ernani Cardoso.
Uma curiosidade a respeito do Mercadão de Madureira é que o atual foi construído em fins dos anos 50; o antigo mercadão é a atual quadra da GRES Império Serrano. Quem chegar atualmente na quadra desta escola ainda pode ver as baias que eram utilizadas pelos comerciantes da época.
Muito boa essa informação do Wagner
Interessante notar que o viaduto nasceu subdimensionado para o fluxo seguro de pedestres. E assim continua até hoje!
Em 1928 possivelmente não era, além do tráfego de veículos ser muito menor, vide as calçadas das ruas do início do séc. XX
Sinto falta da zona norte e do suburbio por aqui, acredito que o isso se deve a um acervo fotográfico menor dessas áreas.
São bem difíceis de ser encontradas, normalmente retratam obras públicas. A partir dos anos 50 elas começam a aumentar, mas dos 40 para baixo não nada fácil obtê-las
Um dos poucos viadutos que conheço que tem transito de pedestres.
Isso é bom.
Humaniza mais a cidade.
As fotos da Zona Norte servem de aprendizado para os que não temos conhecimento grande daquela região da cidade. Muita coisa interessante dita aí em cima.
Segue um link do viaduto para acrescentar um pouco desta história: http://fotolog.terra.com.br/znorte:362
Obrigado Antolog, mas acho que a foto é mais nova que essa aqui, mas anterior a 1967, talvez seja de 65, num dos últimos momentos antes das obras de ampliação
Bela foto: Muito interessante os comentários sobre a utiliza-
ção de concreto protendido ou não na obra do viaduto.
Presumo que depois dessas explicações , que o estádio do
Maracanã tenha sido construido em concreto protendido.
Com a palavra os estudiosos do assunto.
Um outro acrescimo ai. Este viaduto sofreu expansão na década de 90, mas precisamente entre 1994 e 1995. Em 1994, quem vinha da Suburbana descia do viaduto em direção a Ernani Cardoso, porém com uma divisão que jogava ônibus e carros na Carolina Machado. Entre estes dois anos, foi construido um outro ramo do vidaduto em direção a Carolina Machado e a parte original em direção a Ernani Cardoso passou a ser inteiramente de subida. Aonde fica este atual braço do viaduto ficavam vários comercios e os pontos do 607 e outras linhas ficavam onde hoje fica este braço. Após a construção deste braço, foi construida um terminal de ônibus em formato de rodoviaria(algo que lembre o terminal da praça Mal.Ancora na praça XV, terminal este que deixará de existir nos próximos meses) nos dois lados do viaduto. Tais obras foram feitas pelo Cesar Maia no seu primeiro mandato. Nesta época eu tinha entre 13 e 14 anos de idade.
Não mudou quase nada. Moro lá perto, na Ernani Cardoso
Muito bom quando aparece um bom material sobre o subúrbio. Os comentários rendem boas informações.
Fala pessoal!
Sou morador de Cascadura desde 98 e estou fazendo em meu Trabalho de Conclusão na faculdade de Design (Desenho Industrial) na UERJ, um projeto onde quero resgatar a memória do bairro, fazendo com que os moradores do Rio, especificamente Zona Norte, Cascadura, venham conhecer mais sobre esse bairro, que, de certa forma, foi muito importante p/ a história do nosso país.
Quem tiver alguma informação, material gráfico, como videos, sites, fotos, ou textos, musicas, cronicas sobre o bairro….será de grande ajuda.
Fico no aguardo pelas respostas.
Obrigado e fiquem na paz!
Pessoal, meu avô trabalhou nesse viaduto nos anos de 46 a 49 e morreu no ano de 50, infelizmente não temos muita informação dele pois era imigrante, por acaso alguém sabe o nome da empreiteira responsável nessa época por essa construção? Obrigado
E sei também que ficava na Rua Franklin Roosevel mas não sei mas nada, tenho esperança de achar algun documento dele.