Publicidade do Hotel Ouro Verde, final dos anos 40

Nosso post de hoje mostra uma foto promocional do Hotel Ouro Verde que nos foi enviada pelo amigo Carlos Ponce de Leon Paiva, e é deveras interessante por ter sido fortemente manipulada.
Para os que conhecem a geografia da cidade causa espanto o Corcovado praticamente nos fundos de Copacabana e também muito mais baixo que seus quase 500 metros de altitude, parece que o Corcovado está no lugar da Agulinha de Copacabana no final da Rua República do Peru. Outra manipulação da foto é o pequeno veleiro, praticamente dentro da arrebentação da praia e totalmente fora de escala em relação aos banhistas, notem o cidadão entre a vela Buja e o mastro.
Mas saindo do foco da manipulação da imagem falemos um pouco do anunciado. O Ouro Verde é um dos hotéis construídos logo após a Segunda Guerra ainda sobre a  influência do art-déco que dominava a cidade nos anos 30 e 40, mas com muitos elementos modernos como a fachada e a entrada em pé direito duplo com colunas lisas. Mas no interior os corredores circulares envolvendo um fosso que atravessa o prédio tendo no topo uma portentosa claraboia são elementos déco, ultimados pelo piso de mosaico e as delicadas grades com desenhos geométricos.
O hotel por décadas foi tocado por uma família e tinha um dos melhores restaurantes da cidade até o final dos aos 80, um dos pontos chiques do Rio entre políticos, empresários, artistas, boêmios, bom vivant´s se encontravam em uma típica cena carioca, sem ninguém chamar a atenção, ou querer a atenção para sí, além de uma hotelaria chique, discreta e de ótima qualidade
Mas no início da década de 90 o prédio foi alugado para uma rede mineira chamada Grandarrell, que está fazendo um ótimo trabalho de destruição do imóvel. Segundo resenhas pela internet, os imóvel está velho e mal cuidado, banheiros decadentes nos quartos (há uma grande diferença entre um banheiro antigo mas bem mantido ou entre outro que vai se corroendo), falhas no sistema de refrigeração, toalhas encardidas, refeições falhas, e sem dúvida o pior; festas ao clima de boate usando apartamentos do hotel. O que devel espantar os hóspedes tradicionais. O restaurante sumiu do circuíto, virou “a kilo” ( !!!!!!!) e o pior há boatos que a rede mineira está dando um senhor calote na família proprietária não pagando o aluguel, há aparentemente até uma ação na justiça para a retomada do imóvel.
Sei que já vimos esse filme em alguns hotéis na cidade, o Copa foi um exemplo disso nos anos 80, mas que envelhecia e ficava decadente com suprema elegância. Mas parece não ser  o caso do simpático Ouro Verde, onde a decadência é acompanhada com nenhum interesse pela rede administradora, que não usa nem a mística do hotel para mantê-lo, meio vetusco, mas charmoso. Há um série de hospedes ( eu incluso) que gosta desta caracterítica.
Por fim, há uma notícia, ainda não apurada 100% que o hotel fechará as postas agora no final do mês, alugado pelo grupo Atlântico sediado em Búzios-RJ, que predente usar o simpático estabelecimento como ponta de lança na Guanabara, aguardemos…..
Na foto vemos na esquerda o vizinho Hotel Lancaster, típico exemplar do final dos anos 4o da Rede Othon, na direita o demolido ed. Palacete Atlântico e por fim o Ed. Ribeiro Moreira ainda com seu coroamento original.

14 comentários em “Publicidade do Hotel Ouro Verde, final dos anos 40”

  1. Fui neste restaurante nos anos 70 e inicio de 80 como inicio de noite com a(s) namorada. Era uma beleza, não sbia que tinha caido a este ponto.

  2. Mudando de mãos, não duvido nada que o prédio sofra um golpe final através de um “retrofit” neo-modernizante como já aconteceu com outros da orla de Copacabana. Vai depender do perfil que os novos administradores estão planejando para o estabelecimento.

  3. André, atualmente o restaurante so funciona durante a noite para as festas que acontecem la. Embora a comida seja boa, do cheff mario Sergio Celidonio (filho), recomendo o steak au poivre, as festas, em geral, são de quinta. A exceção é o baile do Orlandivo, que promovo.
    Na proxima terça, dia 21, sera o ultimo. Os empresarios que detinham a concessão a perderam para os administradores do hotel. Soube que o hotel é tombado completamente.

  4. Prezado André
    Disse meu pai que o construtor e primeiro proprietário deste hotel foi meu avô (Lupércio Camargo). Meu pai não tinha mais informações pois brigou com meu avô (meu pai não é filho do matrimônio do Lupércio). Se tiver mais news, seria interesante saber. Que eu saiba, meu avô tinha excelente gosto artístico pois a casa dele na Avenida Angélica foi projetada pelo Ramos de Azevedo (hoje um edifício). Não gostaria que acontecesse com o Hotel o mesmo que aconteceu com a casa dele e com a casa de tantos barões do café. Linda foto. Um abraço

    1. Olá Lia, tudo bem?
      Você tem razão, quem construiu o edifício foi Lupércio Teixeira de Camargo, meu tio bisavô. Você é filha de quem? Que coincidência te encontrar por aqui…
      foi um prazer, caro queria contato meu e-mail é [email protected]
      Fernando Teixeira de Camargo

  5. Prezado André,
    Parabéns pela matéria e pela foto.
    Pena que o Hotel perdeu todo seu estilo, charme e sofisticação dos tempos áureos.
    Minha avó falava muito do Hotel, sendo o irmão do meu bisavô, Lupércio Teixeira de Camargo, quem idealizou e construiu o Hotel.
    Conheci o hotel há alguns anos atrás, mas já estava bastante decadente.
    abraço
    Fernando Teixeira de Camargo

  6. Tenho muita saudades do “HOTEL E RESTAURANTE OURO VERDE”, nos anos 70 e 80 frequentei demais, uma comida super requintada, pratos saborosos, tudo de maravilhoso o ambiente. Tenho uma história linda neste restaurante, foi lá que tudo começou de bom na minha vida com o meu maridão…
    É uma pena saber que o restaurante ficou assim..
    Saudoso RESTAURANTE OURO VERDE!
    Abraços

  7. O melhor restaurante do Rio. Sem dúvida. O café da manhã, então, supimpa. O Rio perdeu um dos seus recantos mais charmosos e elegantes. Em lugar do ‘chique’, o ‘brega’, que tomou conta dos maus gostos do país.

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