O "tabu" e a constatação da verdade

Essa foto do arquivo do Globo mostra uma imagem que se tornou tabu para certos setores da sociedade e da classe governante. A remoção de favelas, na foto a da Macedo Sobrinho.
A quantidade absurda de vítimas do temporal, coroada com a carnificina de Niterói, cidade governada pelo PDT e “amigos” nas últimas décadas, onde uma favela construída sobre um lixão desativado em forma de morro, ao contrário de ser removida, ganhou via de acesso, que fomentou seu crescimento e obras eleitoreiras como iluminação pública, mostra que a velha política da Bica D’água, ganhou sofisticação e requintes sórdidos de irresponsabilidade, tudo pelo voto fácil, manipulando o povo, que infelizmente troca seu poder de voto por muito pouco.
Se nas áreas periféricas ainda podemos encontrar o favelado mais humilde, realmente com tão poucas opções que vai morar em favela e ainda longe do trabalho, o mesmo não podemos falar das ocupações irregulares nas áreas nobres, valorizadas por obras que são super Bicas D’águas, com o mesmo espírito eleitoreiro e irresponsável, só que muito mais caras, e com o poder de seduzir e enganar gente letrada, que logicamente mora em confortáveis imóveis no asfalto.
Vemos um momento de galopante especulação imobiliária nas favelas, com prédios de 05, 07, 09 andares, sem elevadores, construídos sem a mínima responsabilidade técnica, por empresários que chamo de Sérgios Dourados das Favelas, normalmente proprietários das rentáveis lojas de materias de construção dentro da própria favela, que vendem caro, mas faturam no varejo e no fiado. Esses “empresários” , verdadeiros bandidos grilam terra alheia, vendendo ou alugando esses imovéis por preços inacreditáveis, como recente tabela apurada na Favela dos Tabajaras, ponto nobre de Copacabana, com preços pós UPP.
ex a: ) R$ 350 mensais por um quarto e sala (sem janelas – somente a porta de entrada como ventilação –  mais assemelhado a uma cela – com uns 25 m2.
ex b: ) R$ 40.000 pela venda desta mesma “cela” de 25m2.
ex c: ) Uma laje lisa, por R$ 35.000 de 8 x 6 m. com duas vistas livres.
ex d: ) R$ 480 mensais por um quarto e sala (com 1 janela pelo menos), e com uns 30 m2.
Os alugueis incluem gatos luminoso e aquático.
Os preços são de imóveis construídos em cima de pelo menos 03 APAS e um parque municipal e logicamente sem escritura e registro imobiliário, se formos contar o preço e a metragem da “cela” apenas passando esse preço para 75 metros quadrados ( área de um apartamento médio de 2 quartos), chegamos a impressionantes 120 mil reais……na favela…..
Os preços se equivalem em uma Rocinha, Pereirão, Pavão/Pavãozinho que demonstra que hoje o problema social, pelo menos na área mais valorizada da cidade, é outro. Temos uma nascente Classe C, que não se importa em viver em condições habitacionais desfavoráveis urbanisticamente, mas que presa a localização, certamente torcendo o nariz para morar no asfalto, com tudo ok. num bairro da Zona da Leopoldina ou subúrbios da Av. Brasil.
E hora da reflexão, as eleições estão aí, e que se dane a Cobra Coral……

18 comentários em “O "tabu" e a constatação da verdade”

  1. Vamos abrir os olhos e acordar desse sono de 50 anos ! O que me dá raiva é os nossos políticos fazendo cara de quem não tinha a menor idéia do problema. Os 500 milhões de Reais da Cidade da Música poderiam ter resolvido ou minorado muitos dos problemas que causaram toda essa desgraceira na cidade. A realidade é dura e não vamos transformar essa cidade somente com blá blá blá, como fazem as atuais bundas que se acomodam nas cadeiras de prefeito e governador de estado.

  2. Acompanho suas postagens desde o fotolog e leio com grande interesse suas observações sobre as ocupações irregulares na cidade do Rio.
    Embora não acredite que as promessas de remoção sejam cumpridas, temos que fazer coro com atitudes como a sua de denuncir, apontar e principalmente lembrar aonde essa coisa toda começou, por que onde termina estamos todos vendo pelos jornais.

  3. O problema é deixaram a situação ir longe demais. É muito mais complicado resolver agora. Mas, concordo, alguém, com coragem e espírito público, tem que começar.
    Olhando em volta, entretanto, não vejo ninguém.

    1. Negrão de Lima também tinha peito e removeu as favelas da Praia do Pinto e da Catacumba, dois quistos pútridos que ficavam às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.
      Acho que foi o Chagas Freitas que removeu a do Parque Proletário da Gávea, onde hoje é o estacionamneto da PUC e o Faria Lima a da Pedra do Baiano, onde hoje é Shopping Leblon.

  4. André
    Hoje o seu texto deu o diagnóstico mais perfeito sobre a favelização da cidade. Irretocável.
    Como exemplo, cito o edifício demolido há 1 ano pela prefeitura na favela da Rocinha. O “empreendimento”, seria de um empresário que explora um bar na PUC-RJ.
    Na mesma época houve também o caso de um gringo que tentou explorar um hotel para turistas na favela dos Tabajaras. Felizmente a prefeitura não deixou.
    Um mito que resiste entre as classes ditas esclarecidas é que as favelas cresceram demais e não podem ser mais removíveis. Se a realidade for esta mesmo, mudemos de assunto.

  5. André.
    A coisa é matemática para os políticos.
    A equação é: P = L
    Onde P= povo e L = lixo.
    Pelo menos, aquí em Niterói, existe a comprovação inequívoca.
    Grande abraço.

  6. André.
    Para os políticos, a coisa é matemática.
    A equação é: P = L;
    onde P = povo , e L = lixo.
    A comprovação da equação , fica em Niterói.

  7. Completando a matemática:
    P + L + PMRs/CD =V²
    ( Povo + Lixo + Povo Multiplicando-se que nem Ratos s/ Controle Demográfico = VOTOS ( ao quadrado ) para políticos Demagogos )
    ( só Einstein para explicar uma equação dessas !! )
    ( e só uma legião de Lacerdas e Negrões de Lima para equacionar a equação !!! )

  8. Pera lá vamos com calma. Em grande medida se as pessoas n querem trocar as favelas da zona sul pelo suburbio isto é culpa das proprias pessoas favoraveis as remoções das favelas sem nenhum critério a não ser simplesmente querer sumir com os pobres da parte mais elitizada da cidade. Todo mundo adora aplaudir as remoçoes praticada por Carlos Lacerda, mas estas mesmas remoções ajudaram a incultir na cabeça dos favelados que remoção é o pior dos mundos. E a resposta pr isto é simples. Remover as pessoas pr “o fim do mundo” mas sem criar condições adequadas de transporte, educação e etc n resolve o problema. E este foi o grande erro das remoçoes cariocas nos anos 60. Os governantes construíam um casebre qualquer sem uma infra-estrutura basica simplesmente jogavam o povo como se fossem “cachorros”. Um exemplo disso é a Cidade de Deus que condraditoriamnete acabou virando uma grande favela posteriormente. E infelizmente é este tipo de remoção que muitos ainda hj defendem, o que acaba dificultando as coisas na cidade.
    Ou seja, se a esquerda brasileira e msm parte da direita é tão populista em querer manter grande parte se n todas as favelas do Rio do jeito como estão, tb n deixa de ser um grande anacronismo por parte de uma elite retrogada acreditar que uma simples remoção vai resolver tudo num passe de magica. Se vc levar em conta a situação em que se encontra o entorno da Avenida Brasil é muita sacanagem criticar os favelados da zona sul por n quererem morar lá. Ainda mais quando se leva em conta que o proprio entorno da Avenida Brasil sofre problemas sérios de inundações, vide o que aconteceu com aqueleas moradias populares do Pac.
    Vale ressaltar ainda esta obsessão que a elite brasileira tem de querer jogar todo as pessoas n ricas pr os suburbios, o que em parte explica os nossos problemas de urbanização. Em Londres, por exemplo, uma das cidades polos do capitalismo há um plano diretor bastante rigoroso que obriga por exemplo que parte da região central da cidade seja destinada a classe média e msm as pessoas mais pobres. Na região central de Londres vc encontra imoveis que estao entr os mais caros do mundo + ao msm tempo apartamentos subsidiados pelo governo pr as classes mais baixas. Já aqui no Brasil se opta pr querer jogar todo mundo que n tem grana pr longe o que pode ser bastante custoso pr o poder publico que tem neste caso a obrigação de criar e isto quase sempre n acontece uma grande estrutura de meios de transporte, novas escolas, hospitais o que acaba onerando em demasia os cofres publicos. Enquanto isto em cidades como Belo Horiznte, onde moro, São Paulo e acredito que tb no Rio varios predios em areas centrais que poderiam servir de moradia pr os pobres e tb pr a classe média estão abandonados. Ainda nos anos 60 pelo menos parte dos favelados poderiam pq n terem sido removidos pr apts na propria Zona Sul da cidade. Mas como decidiram que a Zonam Sul só poderia pertencer ao mais ricos, simplesmnte jogaram os favelas em um canto qualquer do suburbio carioca e o fim desta história já conhecemos muito bem.
    Por ultimo vale ser resaltado que n é so pobre que invade n. Logicamente são a maioria até pq o que n falta neste país são pobres. Mais o que tem de rico que invade terreno, incluíndo muito empresario e gente famosa n é brincadeira. A Serra do Mar tanto no Rio quanto em São Paulo que o diga. É cada mansão construída iregularmente em Mata Atlantica que até Deus duvida. Mais estranhamente ninguem comenta muito sobre estes casos, só abafa.
    Apesar das minhas criticas rsrs quero parabenizar pelo blog. Muito interessante, é minha primeira vez por aqui e estou adorando. Tem inumeras imagens e discussoes interessantes.

    1. É um problemão e sem solução imediata. Se vc mantém na zona sul e centro, não vai ter imóvel pra todo o mundo pq o calculo é de 1 milhão de favelados no Rio de Janeiro. E assim que começarem a distribuir a moradia próxima ao centro, mas um milhão vai se prontificar a ser sem teto e favelado também. O grande problema do Rio não é a valorização da zona sul e centro como eleitas como melhor bairro para morar, mas a desvalorização total do resto do Rio de janeiro, sem serviço, sem transporte integrado, sem o braço do estado pra poder coordenar a transferência das famílias para esses bairros.
      Geovanne, o grande problema também é que o RJ, SP, Belo Horizonte, são capitais que chamam todos do interior dos próprios estados e dos demais. Daí a avalanche de pessoas que vêm pra cá causa esse grande drama da questão da habitação. De onde vêm tantas famílias sem teto? Elas sempre foram sem teto? Como se formou essa família?
      Penso que o maior problema é sim os outros estados do país, que sem investimentos, empresas, formação universitária deficiente e inexistência de ensino técnico impedem que eles se desenvolvam, gerem empregos e fixem o cidadão no seu estado de origem.

    2. Na minha opinião não se trata de “varrer” as favelas da zona sul… Em qq lugar do mundo, a localidade onde esta a rocinha hoje serviria de “assentamento” de mansões que pagariam muito mais iptu que qq outra área da cidade.. obviamente que este mesmo iptu serviria para criar condições fundamentais para urbanização em outras áreas para que todos, ricos e pobres, pudessem viver com dignidade… Eu acredito piamente que o problema pode ser resolvido, a despeito de toda complexidade… e o primeiro ponto passa por uma REVOLUÇÂO nos transportes publicos. O municipio do RJ é imenso, com enormes áreas livres, mas concordo que nao adianta fazer um mega empreendimento se não houver transporte rapido, eficiente, barato e seguro. Faça-se o transporte primeiro, (e obviamente a saude e educação) e naturalmente localidades hoje com pouca densidade se urbanizarão, melhorando a distribuição pela cidade… Uma coisa que deve de IMEDIATO acabar é a especulação imobiliaria nas favelas… Ora bolas, tudo lá é ilegal.. posse, invasao, construcao irregular… pq o sujeito que nao tem condicao deve se submeter a outro que esta especulando? A especulação é o verdadeiro fomentador da favela, e não o pobre… Se traçam um decreto, dizendo que ‘a partir de hoje NAO EXITEM MAIS ALUGUEIS nas favelas, e quem mora e proprietário, e num segundo momento PROIBINDO venda e transferencia dos imoveis, eu acredito que seria um passo para em muuuuuuito tempo se resolver o problema, aliado com outras soluções. Não se resolve um problema de 100 anos em 10… mas se começa a resolver em 4.

      1. Sr. Claudio Prado,
        Nunca imaginei que um dia fosse ler em um post na Internet EXATAMENTE tudo o que eu vivo repetindo durante, pelo menos, dez anos. Mas quando eu abro a boca para falar sobre estes assuntos, tais como “favela é uma ilegalidade” etc, as pessoas só faltam me linchar, pois a sociedade acha que os menos favorecidos (odeio quem inventou o politicamente correto… só podia ser um estadunidense) são todos uns coitadinhos.
        Então, vou apenas acrescentar um item ao seu comentário impecável. A especulação dentro das favelas é fato, assim como é fato também que dentro das favelas há comércio de toda sorte, inclusive com máquinas para cartões de débito/crédito. É aqui que se vê que a CORRUPÇÃO está também na base que sustenta todo esse sistema. A favela não é uma ilegalidade? Claro que é. Então por que os caminhões de empresas como a AmBev, a Sadia etc entram nas favelas para fazer entregas em mercadinhos e botecos, que obviamente são ilegais? Ilegais até que ponto? Eu me pergunto se a Sadia circula com mercadorias para entrega, sem nota fiscal… Será? Ou será que a prefeitura já está permitindo cadastrar na junta comercial CNPJs de empresas localizadas em lugares que mal têm endereço? Eu tenho tantas perguntas sem resposta sobre esse mundo paralelo que co-habita nossa cidade…
        Continuando, as favelas são um mundo à parte do nosso mundo de classe média que paga imposto. Lá existem comércio, telefones, internet banda larga, TV a cabo, o grande crediário das Casas Bahia (que já entregaram centenas de TVs LCD, geladeiras dúplex inox, microondas etc etc em lares de inúmeras comunidades Rio afora). Lá, nas favelas, o morador não paga IPTU, luz, água, taxa de Incêndio, nada. Lá nas favelas existe também uma coisa preciosa nos dias atuais, as benesses do governo paternalista (e demagogo porque todo paternalismo é demagogia) em forma de “cestas-tudo”.
        Portanto, eu lhe afirmo que atualmente conheço muitas pessoas que prestam serviços em minha casa, como eletricistas, empregada doméstica, bombeiros hidráulicos etc que repetem o mesmo discurso: “E por que eu vou sair da MINHA casa que comprei com tanto sacrifício? Lá eu não pago nada, a cesta básica é uma mão na roda, minha mulher já nem precisa mais trabalhar.”
        É neste momento que penso no DARF que está na minha gavetinha, grampeado ao comprovante de pagamento do IR, que este ano tive que dividir em 8 vezes porque não há como pagá-lo em uma só vez.
        Mas eu NÃO sou coitadinha, ao contrário, eu sou o “lobo-mau” da história, parte da elite que teve todas as oportunidades que os verdadeiros coitadinhos não tiveram. Por isso, estamos todos condenados a arder no fogo da Receita Federal.
        Essa é a lógica da “JUSTIÇA” carioca. Às vezes, dá vontade de jogar a toalha.

  9. Estes posts são de uma lucidez incrível.. Fico ate assombrado em ver tamanha afinidade com minhas crenças acerca do que acontece nessa cidade… Nunca tive engajamento político.. mas as vezes me da vontade de criar um partido: o Partido dos Apoliticos… Gente como a gente trabalhando pela nossa cidade.. e SÓ. Tenho muito firme na minha moral que roubar não e ra mim.. essa história que todo homem tem um preço.. depende pra que.. não vale pra roubalheira de dinheiro publico, tampouco privado.
    So vamos conseguir mudar o cenário o dia que pessoas COMO NÓS nos mobilizarmos.

  10. Claudio,
    Pessoas direitas são mortas quando se metem com mafiosos e
    talvez por isso elas se mantenham a margem da politica

  11. Caros Srs;
    O texto magnífico de Andre Decourt e dos demais participantes, desnuda a realidade avassaladora de nossa sociedade contemporanea, hipócrita, mentirosa e carreirista. Infelizmente estamos a dezenas…centenas de anos repetindo e postergando um problema que teve inicio no limiar do século com a promulgação da lei áurea e a consequente e continua ocupação das encostas em função da degradação social, moral, financeira e o desmonte gradativo das classes desfavorecidas pelo poder público.
    O que antes eram grupos de escravos e refugiados se transformou, hoje, em uma massa de trabalhadores, funcionarios públicos, militares, marginais, comerciantes, etc, atores de um mesmo drama cotidiano que aprendemos a ver, ouvir e pior…”não nos importarmos mais” pois em seguida vem a novela das 8hs! mostrando uma outra realidade maquiada em xuxas, gugus e silvios santos da vida.
    A hipocrisia gerada pelas ações midiaticas e pirotécnicas dos governos leva a falsa sensação de que os problemas serão resolvidos e todas as armadilhas urbanas serão solucionadas…ledo engano!!
    Niteroi com seu prefeito pinóquio-noveleiro, possui somente ….PASMEM!!! tres técnicos da defesa civil que para cobrir a extensão do municipio ganharão do papa o atributo divino da onipresença!!!!
    Senhores, a coisa esta feia e vai piorar, as alianças espurias do passado se repetem no presente com o namoro de um ex gay-sequestrador “Gabeira” e seu principe com-sorte ” Cezar Maia” revelando e evidenciando que encontros historicos do passado, tipo, brizola/goubery , castor de andrade/joão havelange, lula/roberto marinho não passaram de aperitivo para o que vem pela frente.
    Estamos em 2010, o que fazer?…..nós ja estamos contribuindo, da mesma forma como eu achei este site, outros irão tambem, esta corrente irá se alastrar, façamos acontecer a mudança atraves da maior arma que a humanidade já possuiu…….A PALAVRA!!!
    Vmos continuar a nos manifestarmos..

    1. Sr. Luiz Felipe,
      Eu concordo plenamente com tudo o que o senhor disse, só não entendo porque ainda se espanta?
      Esqueceu-se de que na Roma do Império faziam a mesma coisa? A política do pão e circo? Pois então, hoje é cesta-básica e Big Brother.
      Alguém tem dúvida de que isso não vai mudar?

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