Largo do Rio Comprido início do séc. XX

Nessa foto de Malta, vemos exemplos do comércio de bairro, no início do século, nos então arrabaldes da cidade.
A região do Rio Comprido era uma região à época de grandes chácaras, solares e belas residências, que se espalhavam pelas vias transversais a um dos caminhos para o Engenho Velho ( grande Tijuca ) que era a Rua Hadock Lobo. O largo surgido possivelmente espontanemente no encontro de velhas vias como o Caminho da Cova da Onça e o Caminho do Catumbi, hoje Ruas Santa Alexandrina e Itapiru, que não chega mais nos dias de hoje ao largo, já no séc. XIX  abrigava vivendas de importantes figuras políticas e comerciais da capital, que junto com outros mais afortunados fugiam das pestilências da parte central da cidade para lugares mais altos, ou mais distantes. Tentando escapar da febre amarela e da morbo.
Nessa época o Rio Comprido ainda corria no seu leito natural, após, no topo da Rua Santa Alexandrina  ser parcialmente sangrado pelo Aqueduto do Catumbi, que abastecia parte da cidade, e só seria retificado dos Marinheiros até o largo na prefeitura de altíssima  intensidade de Paulo de Frontin em 1919, sendo a parte posterior até a Praça Santa Alexandrina aberta mais tarde.
Por isso a via de chegada ao largo saindo da várzea se dava pela Rua Aristides Lobo, sendo a pequenina Travessa Rio Comprido uma lembrança desse tempo. A Av. Paulo de Frontin só seria aberta juntamente com a retificação do leito do rio.
No comércio em casas térreas tinhamos, na mais escura um armazém de secos e molhados, mesmo a foto tendo sido retirada de uma publicação antiga, e por isso com baixa qualidade de impressão, podemos vislumbrar nas portas penduradas sacoldas de palha trançada e chinelas. Já dentro da loja aparenta haver bananas em cachos penduradas pelo teto. Já na casa mais clara o interior infelizmente não é visível, mas o estabelecimento já é servido pelo serviço de telefone, acredito ser um açougue, mas é só especulação.
Por fim, no extremo direito da imagem, vemos um dos postes modelo padrão da Light, o mais usado por toda a cidade, que usava um poste de ferro fundido normal, que era adornado por apliques também em ferro fundido. Sustentava 3 tipos de braço, o a meia altura com o globo para o alto, o curto, com gracioso braço e luminária pendente, e o longo para vias mais largas também com luminária pendente. Inicialmente tão trabalhado como o curto, foi simplificado para um braço reto atirantado por um cabo de aço, sendo  primeiro modelo raríssimo e só conheço um exemplar nos dias de hoje, em péssimo estado, visto na Rua Pardal Mallet, já sem partes do braço.
A luminária ainda com lâmpada de arco voltáico confirma a data da foto.

14 comentários em “Largo do Rio Comprido início do séc. XX”

  1. Decourt sempre fazendo um tratado sobre os postes…
    Esse do “gracioso braço” é o que se vê no Beco das Sardinhas?
    Será que no Campo de Santana não há exemplares desses postes?
    E essa rua Pardal Mallet, onde fica?

    1. Os do Beco da sardinha são modelos em estilo NY, diferem muito desse tipo.Infelizmente esses modelos não estão preservados no campo de Santana, os vemos ainda perdidos, funcionando, por algumas ruas principalmente em Santa Teresa e Cosme velho, e abandonados em muitas outras ruas pela cidade toda
      A Pardal Mallet fica do lado da estação do Metrô Afonso Penna

  2. Caros colegas,
    Evitem passar por esta região. Atualmente passar por aí é assalto na certa. Colocaram um complexo de favelas nesta região.

  3. Prezado Decourt,
    Adorei a foto! Você teria alguma referência sobre o aqueduto do Catumbi e como era esta região antes da abertura da avenida Paulo de Frontin?
    Grande abraço a todos!

    1. Archanjo, já falamos sobre ele num post, ainda no fotolog sobre o Chafariz do Lagarto, mas im agens antigas não possuo. Ano passado o Prof. Milton Teixeira teve certeza que vestígios coloniais numa unidade da CEDAE em Santa Tereza faziam parte do aqueduto. Incialmente ele só ia até o Rio Catumbi, mas quando se precisou de mais adução, logo após a chegada da família imperial, ele foi prolongado até a bacia do Rio Comprido. Acredito que grande parte dele ou tenha desaparecido ou faça hoje parte da estrutura de vários barracos nas favelas da região.

  4. André, esta foto foi tirada do lado oposto ao da padaria postada no “Saudades Do Rio”? Este é o lado da Praça do Rio Comprido perto do Hospital Salles Neto e da R Sta Alexandrina e tendo como prolongamento a Rua do Bispo? Desculpe tantas dúvidas: é porque trabalho ali perto, na Rua Itapiru e passo ali quase todos os dias.

    1. Olá Augusto, infelizmente não tenho subsídios suficientes para afirmar em qual dos lados do antigo largo a foto foi tirada. Mas especulo que seja o lado do largo que não existe mais, demolido para a regularização do Rio Comprido e abertura da Av. Paulo de Frontin

      1. Obrigado pela resposta. No lado direito da foto, perto da árvore, me dá a impressão de haver algum tipo de ponte para atravessar o rio, só que a resolução da foto não ajuda. Ainda acho ser o trecho do largo que é continuação da Rua do Bispo. Algum especialista em Rio Comprido poderia nos ajudar?

  5. Olá! Eu gostaria de saber mais sobre o Aqueduto do catumbi que retirava água do rio Comprido. É que estou pesquisando sobre o rio Comprido pra escrever minha monografia. Se vc tiver alguma informação sobre o rio, agradeço, estou tendo muita dificuldade em obter informações. Gostaria também de obter um contato do prof. Milton Teixeira, no site dele não dá pra enviar recado.
    Obrigada pela atenção!

  6. Moro no Rio Comprido e alguns dias atrás tive que fazer um trabalho sobre o meu bairro e obtive várias informações de várias ruas, menos da minha Dona Cecília, se alguém souber quem foi a Dona Cecília? o porquê desse nome pode me passar essa informação.obrigada!

  7. Christiane, estou desconfiada que a rua Dona Cecília pode ser em homenagem a Cecília Meirelles. Vou tentar localizar a informação. Hoje conversei com a atriz Maria Fernanda, filha de Cecilia Meirelles. Também ela nem sabia que existe esta rua. De fato, Cecília Meirelles escreveu um poema Rua da Estrella e a filha me confirmou que ela viveu até os 3 anos de idade no Rio Comprido, mas nunca conseguiu descobrir em que rua ou casa. Após, foi morar na rua São Claudio nº 11. Até os biógrafos mais renomados se contradizem, uns falam em Tijuca, imediações da rua Haddock Lobo. Se achar a informação, te procuro aqui. A própria filha tem interesse em descobrir onde era a casa. Será que ai na sua rua não tem nenhuma familia que saiba informar. Aquelas que avós já viviam ai ? meu email é [email protected]. Caso tenha alguma informação, agradeço me escrever. obrigada!
    sheila

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