Barra, início dos anos 70

 

 

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Nossa imagem de hoje mostra a infância da Barra da Tijuca, épocas anteriores existiram, mas antes do Viaduto do Joá na minha opinião a Barra estava num estágio gestacional, assim como 90 anos antes, Copacabana estava no período anterior  da abertura do Túnel Velho.
Todos sabiam que os bairros existiam, mas o acesso era complicado e muitos apostavam que os arrabaledes nunca dariam certo.
Na época da nossa foto o conjunto de loteamentos Tijucamar e Jardim Oceânico, os primeiros além canal estava iniciando sua tímida ocupação, fase que durou até os primeiros anos da década de 80. Muitos terrenos vazios, residências unifamiliares, predios de 3 andares e dois únicos prédios maiores na orla, ligados a hotelaria, pois assim a legislação à época permitia.
Asfaltadas pouquíssimas ruas, e fora a antiga Av. Litorânea e as novas pistas da Lagoa-Barra pavimento só nas vias que serviram anos antes para o Circuito da  Barra, todas as outras ruas ainda estavam na terra e assim ficariam até o início dos anos 90.
Os pioneiros nessa época moravam num bairro vazio, com infraestrutura recalcitrante, a luz apagava ao primeiro pingo e os telefones, raríssimos, podiam passar dias calados. Mas a experiência de só pegar a primeira retenção de tráfego na Gávea, ou ter o motorista do frescão esperando por minutos algum passageiro habitual que não estava no ponto na hora de sempre, só os que viveram nessa época puderam experimenetar, além de ter a paisagem natural praticamente intocada, o sistema lagunar limpo e absoluto silêncio a noite.
Passado os primeiros núcleos de ocupação, o bairro era uma grande restinga cortada por duas vias asfaltadas, ruas imaginadas ainda não abertas e esporádicas construções, como o supermercado Carrefour, que servia todas as necessidades básicas dos moradores, do pão à refeição completa. Terrenos onde hoje há uma densidade além do planejado por Lúcio Costa eram  tomados por dunas e vegetação típica, de gramídias no seco e mangue onde havia os canais.
Esse passado desapareceu de vez nos anos 90, quando a ocupação do bairro se tornou feroz, passando do recomendável e chegando a especulação imobiliária. Os resultados são os de sempre, infraestrutura sanitária sobrecarregada, falta de transporte público, engarrafamentos nas poucas saídas e hoje em dia até mesmo nas vias principais e o esgotamento da paissagem, que tem a sua “melhor”  marca em Athaydeville, onde um feio paredão de espigões divide visualmente o bairro. Na época da foto apenas as 3 torres redondas inacabadas anteviam o desastre desse trecho do bairro.
Mas o mais notável é a cor das águas do canal……
 
Agradecemos ao amigo Carlos Ponde de Leon Paiva o envio da imagem