Favela da Hípica, anos 50

Nos últimos posts falamos da Lagoa e abordamos também as favelas que existiam em suas margens desde os anos 20. As ocupações irregulares não se resumiam apenas as mais conhecidas como a Praia do Pinto e Catacumba, havia um considerável número de ocupações irregulares, algumas se fundiram com as maiores como foi o caso das Ilhas da Dragas e do Guarda, outras se providências não fossem tomadas se fundiriam com certeza, como a Piraquê com o complexo da Praia do Pinto e a da Pedreira com a Catacumba. Todas removidas no governo Negrão de Lima.

Mas outras favelas já tinham sido retiradas anos antes como a do Largo da Memória e da Hípica, uma das menos conhecidas.
A Favela da Hípica teve vida breve, surgida nos anos 40 nas áreas por de trás da Hípica e áreas afetadas para serem logradouros além de terrenos particulares. Era a típica invasão oportunista, que ia se espalhando até aprofundar raízes. Mas foi nos anos 50, que ela de fato cresceu a ponto de atrapalhar os planos de crescimento da cidade, desaparecendo de vez no governo Lacerda.
Nossas fotos mostram a favela, no meio da década de 50, em pleno processo de fagocitação das pistas recém abertas da Av. Borges de Medeiros. Pois com a construção do Hospital Sulamérica, atual Lagoa, partes antes ocupadas pela favela foram entregues aos seus proprietários para a construção do hospital, fazendo com que os barracos avançassem rumo ao espelho d’água.

 

 

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A primeira foto mostra o traçado da Borges de Medeiros, os barracos estão junto aos muros da Hípica e nas áreas futuramente ocupadas pela Praça Alm. Custódio de Mello e pelo quarteirão onde hoje estão o Teatro Tablado e o Colégio de Aplicação da UFRJ. Mas ela já avança, nesse trecho, pelo canteiro central onde varais e pequenas vendas já estão montadas.

 

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Na segunda foto, mais a frente, vemos  barracos já na margem da Lagoa, onde hoje temos a ciclovia. A paisagem é a mesma de sempre, mesmo estando a invasão  em pleno asfalto, barracos bem precários primeiro, devastação da vegetação, representada pela a árvore morta e por fim a construção de barracos mais definitivos, hoje já compostos por prédios de alvenaria.
Ao fundo vemos o Clube Piraquê, vemos claramente a velha ponte de entrada, a garagem dos barcos e o prédio social do clube.
As duas fotos mostram com clareza no que poderia ter se transformado a Lagoa nos dias de hoje se não fossem as atuações dos dois governos da Guanabara, sorte que não tiveram outras áreas da cidade, que assistem das zonas norte a sul, passando pela oeste, a fagocitação do tecido urbano formal pela ilegalidade, alimentada pelo oportunismo, populismo e  mais recentemente a especulação imobiliária, esta ainda mais sórdida que a cometida pelas grandes construtoras, que veio substituir a velha grilagem da época da foto.
Agradecemos ao amigo Carlos Ponce de Leon Paiva o envio desses recortes de jornal.