Já na década de 50 pensava-se qual seria a melhor solução para as favelas, Reidy defendia sua erradicação, mas na maioria das situações preferia manter os moradores da erradicada favela no mesmo lugar, ou então muito próximo dele, pois pelo seu raciocínio todos os bairros precisam de uma mão de obra local, e a retirada de uma favela em um lugar fomentaria outra em um lugar próximo.
Dedicou-se então o grande arquiteto depois da experiência do Conjunto do Pedregulho, em Benfica dedicado à classe média baixa e ao funcionalismo público menos remunerado a criar soluções para a população favelada, uma foi o Parque Proletário da Gávea, que já teve uma semana inteira aqui para sua história.
Hoje contaremos a história do não realizado Conjunto Residencial da Catacumba, as descrições do projeto bem como algumas opiniões do arquiteto foram retiradas de uma entrevista por ele dada ao Correio da Manhã em 1951 e transcrita no livro Afonso Eduardo Reidy da Editorial Blau.
O conjunto seria constituído por dois grandes prédios em forma de serpentina, com o pilotis no meio, pois eram servidos por uma rua que subiria suave da Av. Epitácio Pessoa, essa característica evitaria o uso de elevadores, haveriam dois apartamentos de um andar para baixo, menores, e dois apartamentos duplex maiores para cima, simples mas com armários embutidos e banheiros e cozinhas completas, calculava o arquiteto que haviam 700 barracos na favela e esses dois prédios teriam 680 unidades, esse déficit seria sanado por que alguns moradores da favela eram bandidos (vagabundos na opinião do arquiteto) e certamente não iriam querer morar em algo tão organizado.
O conjunto ao contrário do Pedregulho não iria contar com uma lavanderia mecanizada, isso porque praticamente todas as mulheres moradoras da favela serem lavadeiras, seria então construído uma grande área com tanques, solários para alvejamento etc… para não desempregar as moradoras.
Como todos os projetos do arquiteto haveria espaço para um pequeno comércio ao chão da Avenida Epitácio Pessoa para atrair os moradores de fora da favela, escola maternal e fundamental e um pequeno ambulatório, praça de esportes, além de um possível plano inclinado.
O conjunto também teria 7 prédios, mais convencionais, com 12 pavimentos cada, destinados a classe média baixa (da época) que tinham muitas dificuldades para obter crédito para compra do primeiro imóvel.
Ao ser perguntado pela repórter se essa solução poderia ser empregada em todas as favelas da então capital Reidy foi enfático, não, dando o exemplo da praia do Pinto, onde o terreno a topografia e a densidade da favela impossibilitariam a construção de habitações baratas e funcionais para todos, sendo naquele caso a remoção total o mais indicado.
O Post sobre a favela da Catacumba do Roberto Tumminelli pode ser visto aqui: http://www.flickr.com/photos/carioca_da_gema/38471934/
Comments (27)
Só o desenho já vale tirar o chapéu! A visão humana e urbanística, então, nem se fala!!!
Acabei de receber a informação de q a área non aedificandi da reserva biológica do Recreio dos Bandeirantes, q fica entre a praia e a lagoa, agora poderá ser edificada, já q um grupo de vereadores do Rio fêz cair a interdição!!! É verdade isto? Alguém tem informação segura? Se fôr verdade é um absurdo!!!
*s Bom dia…
Imagina se os grandes incorporadores e seus beneficiários iriam ceder um terreno destes, depois de conquistado com a remoção da favela, para os pobres.
Haja vista o paredão de edifícios que hoje ocupam o local, exceção feita ao Parque da Catacumbra.
Na proposta há uma série de soluções muito inteligentes mas dificilmente seria aceita, tal como aconteceu.
Outro dia o AG fez um comentário, sobre o que a classe média/alta pensa de seus empregados, que foi um primor de objetividade.
Há que reformar a cabeça de muita gente para mudar a questão da distribuição de renda, um dos maiores males deste país.
Enquanto que na Suíça a diferença do menor salário para o maior é de 8 vezes (até no nosso vizinho Uruguai é 9 vezes), aqui em Pindorama, é de 32 vezes!!!
Não foi erro de digitação, não. É 32 mesmo!
Fico me perguntando como a massa ainda não tomou o país, revoltada com isto tudo.
http://fotolog.terra.com.br/luizd
Vendo o que se tornou a Cruzada São Sebastião e o Conjunto do Pedregulho dá o que pensar no que se transformaria esse conjunto caso ele tivesse sido construído.
Como eu disse lá no Tumminelli, o problema dos favelados não é econômico, é cultural. Só seria “resolvido” com educação.
Não adianta alojá-los em conjuntos organizados que em breve os mesmos viram favelas, vide a Cidade de Deus e a Vila do João. O Reidy até que não estava tão errado… essa população não suporta viver em algo tão organizado…
Claro, hoje em dia existe todo um “incentivo” para que isso seja mantido – de um lado os governantes, que cultivam votos prometendo melhoras para uma população eternamente carente, do outro os senhores feudais (é simplista demais chamá-los de “tráfico”) para quem as favelas são o esconderijo perfeito.
Com vista para a Lagoa, de graça, armários embutidos e etc. Falando sério, André, é boa essa vida de favelado, caramba… As melhores vistas, tudo em casa (tv a cabo, luz, iptu) de graça, e quando quer alguma coisa, começa a gritar, que ganha. Essa visão de pobrezinho da favela é uma visão que não cabe mais. Não há pobrezinhos. Pobrezinhos vivem nas ruas, expulsos pelo narcotráfico, pelos donos dos barracos (locadores), pelo pessoal que mama no falso assistencialismo culpado das classes médias brasileiras. Que, no final, vivem pior do que muitos. Saiu no Globo: o aluguel de um quarto e sala na Aires Saldanha é mais barato que um barraco na Rocinha. Sabe por quê? Porque na Aires Saldanha vc tem que pagar por tudo, condomínio, gás, etc.
Favela só tem uma solução. Urbanizar onde for possível. Erradicar o que for absurdo. Podem cair de pau, não tô nem aí, perdi o saco para esse discurso petista e corrupto de dar comidinha e teto para quem, de fato, não precisa enquanto no nordeste as pessoas morrem de fome.
Rafael a Cruzada já nasceu como um aborto, num dos post’s sobre o parquie proletário da Gávea eu conto uma breve historinha sobre as maracutaias e absurdos da Cruzada
Já o Pedregulho, estava em ótimo estado até os anos 70, foi mais uma vítima da fusão, pois certamente deve ser mantido pela CEHAB que é um poço de irregularidades e clientelismo
Pera aí Lefla quem falou que seria de graça, eles pagariam uma prestação mensal no valor do aluguel médio dos barracos na favela por mais de 30 anos até os apartemtos serem quitados, e só assim ganhariam o título de propriedade.
Em nenhum projeto do Reidy os apartamentos seriam dados de graça
Quanto a distorção dos valores de mercado como R$8.000,oo por metro quadrado em uma laje na Rocinha é um absurdo e tem que ser combatido, só não se sabe por quem
O projeto tem prédios curvos,semelhantes ao existente na Gávea.Porém,noto que haveria uma interrupção,que não parece ser devido ao relevo local,mas sim puramente estética.É isso mesmo?
E quanto ao destino deste complexo,concordo que certamente seria um “favelão” melhorado atualmente,independendo de fusão ou qualquer outra manobra política.
Ainda assim. E o IPTU, seria o mesmo dos prédios da Lagoa? Francamente, André, é melhor eu nem entrar nessa discussão. Serei execrado, evidentemente. Alguém falou na Cruzada aí? Pois é…
Maquiar o sintoma não resolve a causa, deveria dizer (mas não disse) o Conselheiro Acácio, genial personagem de Eça de Queiroz. A Cruzada São Sebastião, por exemplo, foi tema de pancadaria, anos atrás, num bar famoso da cidade que se dividiu, naquela noite, entre adoradores e destetadores de D. Hélder Câmara. E me lembro que alguém deu um exemplo que achei muito interessante. Dizia o bebum, perdão, o cidadão, que não adiantava fazer um lago artificial se você não construísse rios e canais que abastecessem aquele lago de água pura todo o dia; caso contrário o lago ia apodrecer em pouco tempo. Achei legal a idéia porque retoma a discussão de tentar curar o sintoma sem debelar a causa.
Na minha opinião, não é porque os moradores dos conjuntos habitacionais populares são desmazelados que os apartamentos estão caindo aos pedaços. É porque a galera não tem grana mesmo; estão sem emprego, sem saúde, sem esperança, sem moral.
Se a gente encontra o problema de manutenção de prédios em condomínios mais abastados da Vieira Souto, imagina numa comunidade liderada pelas idéias do Zé Dirceu.
Sou fã desembestado do Reidy mas acho que soluções como essa para a Catacumba só teria eficácia se fosse considerada como apenas uma parte do problema habitacional brasileiro. Cidade cenográfica só funciona quando inaugura.
Mudando de assunto:
O piloto espanhol era Don Alfonso Cabeza de Vaca y Leighton,decimo sétimo Marqués de Portago, seu navegador era Gurner Nelson.
http://www.jmfangio.org/gp1957brescia.html
Isso aí viraria uma outra cruzada S. Sebastião, ou outro conjunto habitacional qualquer. E com certeza ainda teríamos uma favela à volta.A solução não é arquitetônica, é educacional. Alguém já foi a Positano na Itália ? Sabem qual é a diferença entre Positano e o Vidigal ??? O POVO !!!
Um dia eu posto a foto só para vocês verem as semelhanças e diferenças.
Estou com o Lefla e não abro !
Estive lá, João!
Você pegou pesado…
Aquilo é um paraíso!
http://fotolog.terra.com.br/luizd
Adorto o Lefla e seus comentarios, que sempre batem com meu pensamento, mas ele tinha que por a Aires Saldanha Nisso?
:-))))))))))))))))))))))))))))))))))
So não acho que os vagabundos atuais sairiam de lá como Reidy previa… O telhado do predio seria um baita bunker pra eles…
Sobre o comentário do AG: o que eu vejo nas “neo-favelas” como a Vila do João e a Cidade de Deus não é desmazelo, nem falta de conservação devido a falta de dinheiro. É baderna mesmo.
Eu assisti ao nascimento do conjunto que existe ao lado da Linha Amarela na entrada do Fundão. Quando foi feito eram casas (na verdade sobrados) muito bonitinhos e organizadinhos.
Depois de habitado, começou a baderna. É puxadinho daqui, laje dali, quebram a parede, trocam a janela por outra de gosto duvidoso, tudo arrematado com aquele cimento jogado de qualquer jeito… Não me diga que isso é falta de dinheiro!
E existe o outro aspecto, o da criminalidade. Os senhores feudais que se encastelavam na favela, passam a se encastelar no conjunto, continua tudo do mesmo jeito.
Me junto ao coro de que o problema da favela é educacional, familiar por sinal, e não falta de grana como os “intelectuais” de “meia-tigela” propagam.
Quanto ao croquis do Reidy, me parece uma agressão à beleza natural da área. Pelos Deuses ganhamos um parque no local !
Meu amigo Rafael.
Vou usar tuas próprias palavras para alguns prédios de Copacabana, Ipanema e Leblon:
” É puxadinho daqui, laje dali, quebram a parede, trocam a janela por outra de gosto duvidoso, tudo arrematado com aquele cimento jogado de qualquer jeito”
Então agora tu vê, Rafael, se o pressoal ilustrado e letrado da Zona Sul faz o que faz nas habitações chiques da cidade, imagine o que não fará a galera que de oportunidade na vida só tem a de ver o mundo pela televisão.
Com todo respeito quero dizer o seguinte: muito mais mal ao equilibrio estético e ecológico dessa cidade tem feito as chamadas classes privilegiadas. Em alguns casos, essas sim deveriam ser expulsas da parte nobre da cidade e jogada lá nos confins do mundo.
Concordo com o AG, na Av Atlântica está cheio de prédios com puxadinhos, janelas de outro tipo, mais uma laje, criando um 13 andar, fora do gabarito.
Isso não se limita só aos pobres o brasileiro sempre confunde direitos com deveres, sempre mais direitos e muito, mas muito menos deveres, as moradias são um reflexo disso
Então tá bem. Concordamos todos. O mau gosto impera nas classes dominantes e o pessoal da favela vê o mundo pela televisão. Então vamos todos logo botar pra quebrar, porque não tem jeito. Onde tem áreas verdes, instalemos favelas. Onde tem prédios, vamos fazer puxadinhos. Uma coisa não justifica a outra, gente… a cidade inteira é feia, não tem dúvida, salvo raríssimas exceções. Isso é falta de legislação urbanística. Mas como fazer legislação urbanística numa cidade populista, onde favelado é rei, e de joelhos diante da especulação imobiliária?
Francamente? Nem sei por que eu ainda me exaspero morando num estado onde Governadora é a Rosinha, mulher do Bolinha, e onde o Prefeito ocupa-se de um blog, enquanto a desordem é geral e irrestrita.
Ao vencedor as batatas. Eu já perdi.
O prédio e todo o conjunto é HORROROSO, André, me desculpe. O que são aqueles prédios cobra e aquelas peças de dominó em pé na beira da Lagoa? Por que não mandam esses arquitetos modernitchos para Londres, Lisboa, Praga, Paris, Nova York, Buenos Aires, Santiago? Porque morreriam de fome, mendigando por atenção. Aqui são caciques, a gente adora esses arrivistas do progresso e das idéias geniais. Não é à toa que uma tartaruga Touché aportou nessa praia e nunca mais foi embora, botando ovos em todas as cidades e praças do Brasil…
Luiz D’ …
Peguei pesado não… imagine o Vidigal como Positano que desce do alto até o mar, uma construção em cima da outra, paraíso dos turistas, restaurantes, galerias, lojinhas e pousadas. Alí, no Rio de Janeiro, com o mar aos seus pés …. Seria o maior sucesso. Qual é a diferença ???? O POVO !!! A história a cultura e a visão de longo prazo… e educação, educação, educação…
Bem é questão de gosto, eu gosto muito das obras do Reidy, MAM, as passarelas do Aterro, o Pedregulho, o CTA, o prédio do IPEG em tudo impera o bom gosto
O prédio do MAM eu acho particularmente monstruoso e pouco prático. As passarelas passam. Só fez porque foi aqui. Em outro lugar, não faria. E eu não sou contra o modernismo não. Acho o Palácio Capanema lindo. Mas que o prédio moderno não é construído para seres humanos existentes, não é. É para seres ideais, que não existem.
André, concordo, gosto é gosto, mas esse complexo aí é horrendo! Eu já estou pensando na quantidade de dinamite necessária para o Lefla Qaeda dinamitá-la inteirinha!!!
Gostei muito quando dinamitaram um prédio do Le Corbusier nos Estados Unidos, vejam só. Um imenso favelão.
Qualidade de vida é morar numa casa com quintal e jardim, se possível, com um riacho de águas claras passano nos fundos do terreno
Não morando dentro de um caixote.
Por incrível que pareça, os americanos é que estão mais certos.
Eu lembro de ter estudado nas aulas de Geografia, e depois conferi in loco, que lá os mais ricos desbravam as cidades, indo morar cada vez mais longe do centro e levando com eles a urbanização. Enquanto isso os bairros mais próximos do centro vão ficando progressivamente mais pobres, aproveitando a infraestrutura que já foi dos ricos, sem custos de implantação e com menores despesas de transporte.
Os americanos médios vivem em casas – prédio de apartamentos é coisa de brasileiro – e nos subúrbios, em condomínios cercados de largas avenidas e auto-estradas. O carro é obrigatório e o transporte de massa inexistente, porém toda a estrutura urbana é feita pensando nisto, e eles têm dinheiro pra bancar.
Enquanto isso aqui no Brasil os ricos fincaram o pé no centro urbano e varrem os pobres para as periferias, onde a estrutura acaba sendo (mal)feita para os pobres.
Iniciativas “americanizadas”, como a Barra da Tijuca no Rio e Alphaville em São Paulo, são emperradas pelo restante da cidade, que não foi pensado para este tipo de ocupação.
Sem contar que a Barra acabou virando um frankenstein americano-brasileiro, de grandes condomínios de edifícios de 20 andares…
Rafael sou muito mais os europeus, cidades pequenas ( Paris tem 3 milhões de habitantes) trasporte público ferroviário, inclusive bondes, ricos e pobres morando relativamente próximos, mas todos em zona urbanizada.
O Brasil perdeu o rumo quando quis copiar os americanos sem conseguir seguir o modelo
Relendo esses posts antigos eu vejo como são pedantes alguns dos comentaristas. Provavelmente comedores de mortadela e arrotadores de salaminho. Deprimente.
Tem determinadas mortadelas mais caras que certos salaminhos meu caro!