Cadernos do Normandie – Café Simpatia

 

O amigo Jason Voguel enviou aos “donos” de sites e flogs sobre o Rio de ontem um pequeno achado, contendo o progama de uma viagem do belíssimo Transatlântico Normandy, de bandeira francesa em 1939 para o Caribe e América do Sul, ou seja, pouco antes da Segunda Guerra e do fim do navio, apreendido pelos americanos e consumido por um incêndio na sua conversão para navio hospital nas docas de Nova Iorque.
Certamente veremos muitas fotos desde programa de cruzeiro nos próximos dias, mas de imediato mostro a minha preferida, as calçadas da Av. Rio Branco, vistas das mesinhas do Café Simpatia, um dos ícones do Rio, hoje desaparecido, junto com seu frapê de cocô.
Pelos carros é claramente perceptível que a foto foi tirada pouco tempo andes da publicação do programa do cruzeiro e a cidade ainda se mostrava muito elegante, até os sinais de transito horizontais da Rio Branco instalados nos anos 20 ainda estavam lá, sinais esses que seriam modificados poucos anos depois, junto com os postes do canteiro central, e que desapareciriam antes do fim da II Guerra.
O prédio que abrigava o Simpatia, um dos remanescentes da primeira geração da avenida, exibia uma marquise metálica. Algo muito comum na cidade na época e ainda nos dias de hoje, pouquíssimas sobreviventes podem ser achadas em sub-bairros do Centro, sempre em péssimo estado.
 Nos anos 70 a marquise já havia sido substituída por uma de concreto, com podemos ver por este post de Janeiro de 2007 ( http://www.rioquepassou.com.br/2007/01/11/ ), curiosamente as luminárias permaneciam as mesmas.
Do outro lado da avenida vemos um dos exemplos da segunda geração de prédios da Rio Branco, um grande edifício déco, demolido no final dos anos 80 para a construção do Manhatan Tower um dos prédios do que podemos chamar de quarta geração da avenida.
Em relação com a foto de 1975 podemos ver que as famosas cadeiras de palinha foram sendo modificadas ao longo das décadas, e simplificadas, possivelmente para serem empilhadas de maneira mais fácil.
Por fim os anuncios nos gradis das árvores, sempre interessantes.

12 comentários em “Cadernos do Normandie – Café Simpatia”

  1. simplesmente sensacional o blog! o descobri no sábado e tenho visto os posts antigos com regularidade, é muita coisaaa boa!!! Fico maravilhado com a qualidade dos registros! Seus textos sempre bem explicativos me fazem entender melhor como se deu e se dá até hoje a evolução da nossa cidade, q apesar d bastante depredada em sua memória arquitetônica, conta sempre com pessoas como você e outros adoradores do Rio antigo para manter acesa a chama da história! Sou carioca da geração 90 e me interesso muito pela história do Rio antigo!
    Valeu Andre!
    abraço a todosss!

  2. Eu tive o privilégio de sentar nessas cadeiras de palha do Simpatia para saborear uma das suas especialidades – o suco de côco gelado – um verdadeiro creme…
    Era a década de 70 e ainda era possível fazer isso na calçada da Av.Rio Branco…
    O ritmo da cidade era então mais acelerado do que esse sugerido pela foto, mas incomparavelmente menos frenético que o atual…
    Bela fotografia! Bela recordação!
    Parabéns, André!

  3. A fotografia é belíssima. Ainda era possível sentar em confortáveis cadeiras e beber algo enquanto se observava o movimento da “avenida”.
    Lembra, guardadas as proporções, Paris.
    Que saudades desta cidade que ainda peguei um pouco.

  4. Impossível passar por aí no calorão do Rio sem parar e tomar aquele fabuloso frappé de côco ou tamarindo. Almoçar aí também era um programão. Pena que tudo de bom que o Rio tinha vai-se embora aos poucos.

  5. Foto magnífica.
    Só na década seguinte, depois da Segunda Guerra, fui, criança, apresentado por meu pai aos valores do Simpatia: suas palhinhas amarelas, os garçons austeros, seus memoráveis frappés e os sanduíches mistos de pão de forma sem casca. E o desfrutar agradável do footing e do tranqüilo trânsito de uma recém-aberta aberta Av. Rio Branco.
    E na memória vêm juntas a interminável Casa Sucena, um quarteirão antes, e as fachadas sisudas do Bordallo & Brenha e da Casa Piano, na calçada em frente.

  6. Ainda peguei o Simpatia e a Casa Piano nesse quarteirão. Hoje em dia, sentar-se em um bar ao ar livre é garantia de aborrecimento.
    As fotos so Normandie são ótimas.

  7. Ao ler uma matéria sobre Chico Buarque, comentei com minha esposa que tive a oportunidade de sentar ao lado da mesa dele, ainda menino na companhia do meu pai, que havia me levado para saborear o famoso frape de côco, apesar de bem moleque essas fotos avivaram completamente a minha lembrança com relação ao local, parabéns pelo belo trabalho e por me lembrar do meu saudoso pai.

  8. Olá. Muito bom o conetúdo.
    Desejo usar uma foto do Bar Simpatia em trabalho que estou escrevendo sobre os espaços urbanos públicos.

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