Rua Tenreiro Aranha e A Farsa da Venda dos Terrenos do Metrô-Parte I

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Nessa foto do final da nossa linha do tempo, 1982, vemos um pedaço da desaparecida Rua Tenreiro Aranha, em Copacabana. Uma das mais antigas do bairro, na realidade uma pequena vila imprensada entre a Rua do Barroso e o pequeno rio que descia na calha da Rua Figueiredo de Magalhães, que nos anos 50 incorporou seu trecho que em L se comunicava com a Rua Tonelero.
A rua desapareceu totalmente com as obras do metrô da Estação Siqueira Campos, de forma desnecessária pois mais da metade de seus imóveis não seriam afetados pelo poço da estação. Mas a desculpa a época era que a rua desapareceria por uma causa nobre, a manutenção das instalações do 19º BPM e do Posto de Saúde João Carlos Barreto em Copacabana, pois, antes instalados diretamente na área da estação teriam que ser demolidos para a sua construção.
A lógica é que como em outras estações o Governo do Estado vislumbrava a superfície do terreno para a construção de um prédio, na realidade duas torres de 20 andares. Por isso o posto e o batalhão deveriam ser levados à margem do local mais valorizado.
E assim foi, famílias perderam seus imóveis, e uma rua desapareceu, e em seu lugar, não depois de muita luta das Associações de Moradores do bairro, o posto e o batalhão foram construídos, em novos e modernos prédios, adequados a nova realidade do bairro. O novo posto de saúde, com menos de 10 anos, é um dos mais modernos da rede, possuindo até horta fitoterápica em sua cobertura.
Na superfície da estação, a mais cara do metrô até hoje, com fundações para receber os 60 metros de prédios, por 4 vezes a sociedade civil conseguiu evitar estupros urbanísticos, as torres primeiramente foram para o vinagre pelo o gabarito de 15 metros da APA do Bairro Peixoto, que faz ali sua fronteira. Depois evitamos duas licitações suspeitas para empreendimentos comerciais, no gabarito, mas que desrespeitavam as regras de alinhamento e afastamento e por fim jogamos para a vala a intenção da Metro Rio, junto com a prefeitura de colocar no local um terminal de ônibus.
Mas, quarta passada, dia 24 de Junho, nossos nobres governadores, em conluio com Dudu e seu chefe, o sorridente e ausente governador, votaram com uma votação de apenas um voto de diferença a permissão da alienação de todos os terrenos remanescentes da Linha 1 do Metrô.
Até esse ponto, tudo certo, pois muitos terrenos, principalmente no Centro, Catete e Grande Tijuca, respeitam o alinhamento para construções e não tem interesse social.
Mas essa lei, votada sem emendas e de forma genérica, não obedecendo as especificidades de cada área permitiu a venda, e pasmem a alteração de padrões urbanísticos de todos os terrenos, mesmo aqueles que durante as décadas ganharam equipamentos públicos, como escolas e no caso de Copacabana um posto de saúde e um batalhão de polícia, os dois com menos de 10 anos de construídos.
Além disso, os nossos honrados governantes já escaldados, pelos óbices impostos pela Sociedade Civil, aparada pelo Ministério Público em seus exercício de defesa dos Interesses Difusos, determinaram, primeiramente uma LC ( lei complementar) que modifica o gabarito da APA do Bairro Peixoto, instituída por lei municipal em 1989 amparada por um pedido de mais de 5.000 assinaturas, de 15 para 21 metros e o mais surreal a remoção e demolição das instalações públicas no local. Para assim poderem ter o alinhamento e o afastamento das divisas.
O mais surreal é ler, no Jornal do Brasil do dia 26 a frase do Secretário de Governo da Prefeitura e companheiro de alfaias do prefeito a seguinte frase “O destino do batalhão, é uma questão a ser feita ao governo do estado”. Justificando ainda, que o nosso ausente governador que “pacifica” as “comunidades” não tirará o Batalhão do bairro e o mesmo fará a prefeitura com sua unidade de saúde.
Pergunto então aos ignóbeis (desa)dministradores, aonde ???? Em qual lugar, no bairro mais adensado do país. Se eles estão tão ávidos pela área é porque ela é a última grande área do bairro ainda sem construções. Talvez o Dudu e o Cabral queiram instalar os dois equipamentos sobre alguma praça pública do bairro, privando mais ainda os moradores de serviços básicos, como ao lazer, saúde de qualidade e segurança capacitada. Ou então trocar o moderno e definitivo posto de saúde, por uma daquelas Casas de Bonecas, que teimam de chamar de UPA no canteiro da Av. Princesa Isabel.
Todo o explanado faz parte de um dano ainda maior, a destruição completa do metrô, pois a justificativa dessas vendas é financiar a Linha 4. No nosso próximo post contaremos as manobras que estão sendo feitas para construir a Linha 4 da forma mais benéfica para o grupo do governador e a mais prejudicial para a cidade.

11 comentários em “Rua Tenreiro Aranha e A Farsa da Venda dos Terrenos do Metrô-Parte I”

  1. Muito tempo que espero esse post e os próximos que virão falando sobre o Metrô.
    Estou totalmente do seu lado. O que Cabral e Paes estão fazendo com o que deveria ser o nosso metrô é ABSURDO!
    Jogaram no lixo anos de planejamento, estudos altamente detalhados, complexos cronogramas que iam dos anos 60 até o ano 2000, onde se esperava que o metrô estivesse todo concluído, com suas 6 linhas!
    Tem um tempinho que estou pensando em falar sobre isso no meu blog, mas tenho medo de me extender demasiadamente, tamanha gravidade do assunto. De repente faço um mais texto curto e linko seus posts.
    Mas é realmente importante relembrar e mostrar para os que não conhecem a verdade sobre o que deveria ser nosso mais eficiente sistema de transporte de massas!
    E pra piorar ainda a situação que já era muito ruim, agora temos a dobradinha Paes+Cabral. Tristeza…

  2. eh como todos sabem na politica o interesse don povo fica pra dpois,ou se tiver esse interesse…q so vem na epoca de eleicao

  3. Essa história do Metrô é bem estranha. O pessoal do outro lado da Baia já está reclamando, com razão, de que o Governador turista só pensa na capital. Eles não sabem a sorte que estão tendo… O próprio “governo” do Estado já nem chama mais este arremedo de obra de Linha 4. Virou Linha 1 – Expansão. Pra mim, é Linha 1-B mesmo.

  4. O açodamento do Governador com alguns assuntos nos deixam com várias pulgas atrás da orelha. Primeiro a “venda” do terreno do batalhão da PM no Leblon, felizmente abortada. Depois a privatização do Galeão com direito a beicinho e cara amarrada e agora essa história de venda dos terrenos do Metrô, que é uma coisa boa mas está com cheiro de maracutaia.
    Copacabana precisa de alguém que derrube um ou dois quarteirões inteiros para que o bairro respire. De preferência quarteirões onde exiatam um grande número de cabeças de porco, chamadas de quitinetes…. Isso se alguém estiver interessado em um renascimento do bairro.

  5. Decourt, eu concordo com tudo o que as associações de moradores vêm fazendo para evitar o estupro urbanístico do bairro. Mas qual seria a melhor solução? Deixar um vazio urbano no lugar, como em praticamente todas as áreas ocupadas pelo Metrô, também não dá.
    Em São Paulo algumas estações tiveram as cicatrizes fechadas desde o primeiro momento de um jeito bem razoável, construíram-se pequenas galerias de lojas englobando os acessos ao Metrô. As entradas da estação integram-se à rua como se fossem portas de lojas.
    Aqui no Rio o mais parecido que existe com isso é aquela saída do Largo do Machado na direção da Rua do Catete.

    1. Espaço vazio em absoluto, queremos que a área se reverta em lazer para os moradores, pode ser praça, parque, um pequeno centro cultural, cinemas com praça de alimentação, enfim, qualquer coisa que seja de acordo com o que nós queremos, de acordo com a legislação da APA e logicamente sem ameaçar ou prejudicar os equipamentos públicos que já estão no local.
      Mas o consenso é que o que for instalado não gere mais transito, mais gente, ou que enfraqueça o comércio em volta

  6. É um absurdo total construir espigões nos terrenos vizinhos ao metrô Siqueira Campos.
    Tomara que a Associação de Moradores de Copacabana e do Bairro Peixoto tenham sucesso na sua luta contra isso.

  7. É complicado explicar esse tipo de problema. Copacabana hoje está complicadíssima. Isso com o bairro sendo atendido por três estações de metrô e um dos piores trânsitos da cidade. Desalojaar prédios públicos é estranhíssimo, afinal, a função do poder público obriga-o a ter prédios. O caso mais razoável é o do mercado popular da Tijuca, que poderia ter o mesmo mercado popular dentro de uma edificação apropriada. Não fosse isso e o camelódromo da Uruguaiana, muitas ruas de alto movimento teriam problemas com camelôs.
    Quanto ao gabarito vertical, aí está o crime… Alegando que um gabarito maior valoriza o terreno, o público acaba aceitando isso. Sendo que entre 16 ou 20 andares para uma arrecadação deste porte não faz taanta diferença no cofre público, que deveria zelar pelo bem público, fora a degradação da qualidade de vida do bairro, que afetará o visitante. Isso se ele conseguir chegar…
    Enfim, a cidade continua partida andando em trens diferentes do metrô sem se misturar, mas unida num linha 1 que cada vez mais agrega alguma letra enquanto o alfabeto existir…

  8. André, outra coisa pouco comentada na mídia, aquela que sempre carrega uma propaganda do [des]governo sobre a questão da revitalização do porto é a linha 5 do metrô. O projeto que se executado gastará 1,5 bilhão para derrubar a perimetral. simplesmente enterrou a linha 5 e para nosso desagrado, não foi enterrada literalmente, como gostaríamos. Isso retardará bastante – o suficiente para desfrutarmos muito pouco dessa linha – a excução de fato, pois não creio que menos de 20 anos depois dessa revitalização alguém queira fazer a obra.
    Vai ver o problema dessa linha foi não poder mais encaixar trem dela na linha 1.

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