Frescão

real_rio_marcopolo_gr

Nos anos 70 o sistema de transporte coletivo da cidade precisava decididamente de um meio com o poder de sedução suficiente de tirar o motorista do carro particular da ida diária ao Centro. Como as obras do metrô se arrastava, como se arrastam até hoje num rítmo muito pior que nos anos 70, decidiu-se criar linhas de ônibus de padrão executivo, dos bairros para o Centro.
Em 1973 os primeiros coletivos surgiram, levando o cidadão de classe média a um novo universo em termos de transporte público dentro da cidade, ar-condicionado, poltronas reclináveis de couro (sintético, é claro), veículos silenciosos e macios, motoristas educados, rodo-moças, e ausência de pontos de embarque e desembarque, fora os terminais.
As primeiras linhas foram resultado  de um concorrência pública do governo da Guanabara, o alvo era terminar com a balburdias dos carros estacionados em todos os lugares do Centro.
A primeira linha era Jacarepaguá-Catelo, via Grajaú, isso em 1973, que ligava a Zona Oeste ao Centro. Dois anos depois o serviço estava popularizado pela cidade, havendo várias linhas. A Redentor ficou com a Baixada de Jacarepaguá, A Pégaso com a Z. Oeste, a Real com a Z. Sul , a Paranapuam com a Ilha, a Aplha com grande Tijuca,  e a  Acari com grande parte dos Subúrbios. Além de outras empresas que operavam uma ou duas linhas para os bairros da Leopoldina e Z. Norte.
Com o passar dos anos muitas linhas foram sendo extintas ou fundidas com outras, algumas empresas passaram suas linhas para as que dominavam o serviço de ônibus especiais na região, e muitas linhas foram abandonadas pela pouca rentabilidade, principalmente nos priemeiros anos da década de 80, com o início da perda do poder econômico da classe média. Até o lamentável fim dos Frescões para a Z. Norte em 1985.
A foto mostra parte da frota da Real que fazia o serviço na Z. Sul, sem dúvida, junto com a novíssima Barra e partes da Ilha e Jacarepaguá  o filet do serviço. Os ônibus da Real em suas linhas da Z. Sul transportaram em julho de 1978 mais de 500 mil pessoas, um número impressionante, num cenário pré metro. Linhas como a Castelo-B. Peixoto, extinta com alegada pouca demanda por volta de 84, transportaram nesse mês mais de 70 mil passageiros, isso tendo passando pelo bairro as linhas com destino ao Leblon, São Conrado, Bar 20 e Posto VI essa transportando impressionantes 100 mil passageiros.
Os carros estão parados na Av. Erasmo Braga, transformada em terminal para parte das linhas de ônibus especiais, que não cabiam dentro do Terminal Menezes Cortes, sub dimensionado para os coletivos, pois se pensou primordialmente em lojas e garagem para automóveis. Os ônibus são todos Marcoplo, da primeira geração, que ficaram no imaginário do carioca, por seu formato peculiar e particularidades com o letreiro iluminado na traseira dos carros com os dizeres “ar-condicionado”.
Esses modelos sofreram muito com a encampação no governo Brizola, praticamente virando sucata. Pelos investimentos do desgovernador no Metrô e nos ônibus especiais o caudilho devia achar que a classe média deveria usar o carro, engarrafando ainda mais a cidade, e trazendo o caos para o Rio, que pelo visto era o objetivo do nefasto governante.