Mães de Santo, Largo da Carioca, 1973

A localização dessa sequência de fotos do arquivo da Life sem dúvida é uma das mais difíceis. Mas com muita atenção, principalmente confrontando fotos da mesma época do largo como de outras vias podemos, depois de muita busca afirmar, com certeza, a localização.
As Mães de Santo, recolhendo esmolas para seu “santo” eram figuras tradicionais da cidade desde o séc XIX, hoje  praticamente desaparecidas, embora algumas ainda resistam, despertando a curiosidade dos mais jovens sobre aquela pessoa com uma imagem ou figura, sentada no pavimento que praticamente não se manifesta, não pede nada e muito menos vende alguma coisa.
O fotógrafo se encontra bem no vértice do largo com a Rua da Carioca e aponta suas lentes ora para a Uruguaiana ora para a Assembleia, vamos às fotos, explicadas individualmente.

Na primeira imagem, vemos ao fundo a Rua da Assembleia, o prédio em obras é o que ficava na esquina da Rua Uruguaiana com Assembleia, e que em breve seria demolido. Não duvido inclusive que ele já estivesse indo ao chão para a construção do enorme prédio que está lá hoje. É impressionante se pensarmos que o prédio de concreto armado, construído nos anos 30 e com 10 pavimentos não durou 40 anos.
Ao fundo os imóveis do desaparecido quarteirão entre as Ruas da Assembleia e S. José, demolido logo depois para o prolongamento da Av. Nilo Peçanha, concretizando um PA definido desde os anos 40. No extremo direito superior da imagem podemos ver um pedacinho, entre as folhas do oiti, da fachada do Ed. Avenida Central.
Na direita temos a praça do largo, onde ficava o relógio, já muito diminuída em virtude dos alargamentos dos anos 40 e sem as árvores do início do século.
Logo atrás um gari, já de uniforme laranja, e ao seu lado uma das cestinhas metálicas, que tiveram vida curta na cidade.

Já na segunda foto temos o vértice da Rua da Carioca com a Uruguaiana, de onde os ônibus chegam no largo, vemos como a rua era arborizada antes da devastação do metrô, aliás toda a área se mostra bem arborizada, não obstante os alargamentos no largo efetuados nos anos 40. o que atesta a feliz política de arborização do grande prefeito Pereira Passos.
O prédio com o letreiro das TVs Colorado é onde está hoje o Ponto Frio, num dos prédios remanescentes da era Passos. Nessa foto podemos entender porque a fachada  foi privada de todos os elementos decorativos ecléticos. Em algum período entre os anos 50 e 60 o prédio ganhou uma fachada-vitrine falsa, certamente em estrutura metálica, nosso amigo Rouen, do Arqueologia do Rio, publicou em Julho de 2007 ( http://fotolog.terra.com.br/bfg1:350 ) uma imagem dos anos 60 onde ele aparece com um gigantesco letreiro da GE  em seu topo.
Na frente temos um poste em estilo NY, de meia altura, e com globo. Modelos muito usado na Lapa e em bairros como Catete e Flamengo, e que indica que a Rua da Carioca usava essa tipologia de iluminação. Na Rua Uruguaiana memos as luminárias Thonson, que substituíram nos anos 60 das padrão Light dependuradas em cabos de aço.
Vemos ainda no pavimento da rua um trilho de bonde que teima em aparecer no asfalto

15 comentários em “Mães de Santo, Largo da Carioca, 1973”

  1. Putz Decourt, você leu meu pensamento, tinha achado a primeira foto e achava que daria uma ótima “pegadinha”. Mas você já entregou o ouro de cara…
    O aspecto do lugar mudou radicalmente, parece outra cidade. Era algo movimentado e zoneado como hoje, mas mais “humano” e agradável. Árvores e casas fazem toda a diferença.
    A segunda ainda não consegui encontrar. Não tinha idéia desse aspecto do Ponto Frio, vê-se que ele foi mais um que sofreu “modernização” após os anos 50.
    A Rua da Carioca ainda mantém esse calçamento em losangos.
    Não conhecia a foto do Rouen, ilustra bem como era a região.

  2. André,
    A região mudou muito e eu estou confuso. O edifício DePaoli onde se localiza na foto? Ou ele ainda não havia sido construído?

    1. O DePaoli está encoberto pela árvore. Dá pra ver um pedaço da marquise dele sobre o Dodge Dart que está entrando na rua da Assembleia, entre os dois postes da esquerda.
      A propósito, o lado par da Uruguaiana, bem aí do lado até quase a Sete de Setembro, ainda tem um certo “clima” dessa época, pois preserva os sobrados e as árvores. O Rio Cidade replantou os oitis na Uruguaiana, agora junto ao centro da via, mas ainda vai levar algumas décadas até alcançarem um bom porte.

  3. Como só conheci essa região pós-metrô, nunca iria acertar a localização correta. Se não fossem vocês, estaria até hoje no escuro… Em menos de 5 anos essa paisagem se alteraria enormemente. O impressionante é ver o fluxo do trânsito pela Uruguaiana, hoje uma rua quase fechada aos veículos.

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