SDU e demolição do Calabouço – anos 40


Nossa foto de hoje mostra muito mais ao fundo, do que em primeiro plano.
O que a primeira vista mostra-se um abastecimento de um pequeno avião com a gasolina Energina da Shell, na realidade nos revela um detalhe muito interessante.
No fundo vemos os restos do Pavilhão das Grandes Indústrias da Expo de 1922 que antes das reformas neo-coloniais de 1922 era o velho Forte do Calabouço um dos fortins primais na defesa da velha cidade colonial.
Podemos observar, nas ruínas da velha amurada que cai que, ao contrário do que muitos pintam em suas cabeças que a ponta do calabouço fosse apenas um bico de terras e pedras junto ao mar no mesmo nível da várzea da Piaçaba, onde se construiu um outeiro de artilharia rente ao mar e que depois foi fortificado vemos que pela quantidade de terra, que surge com o desmonte dos velhos muros que a Ponta do Calabouço na realidade era um apêndice do Morro do Castelo, separado por um pequeno trecho de areia, por onde se traçou a saída do Largo da Misericórdia para a Rua de Santa Luzia, vias iniciais, junto com o Beco do Guindaste e a Rua da Misericórdia, esses dois desaparecidos, da parte plana da cidade.
Portanto a posição era muito mais privilegiada  que se poderia imaginar, pois dessa pequena ponta elevada poderia se bombardear as praias da Piaçaba e de Santa Luzia, primeiros portos da cidade, algo que o forte de São Sebastião no topo do morro não teria como fazê-lo, pela proximidade das encostas do morro com a antiga orla.
Sensacional detalhe.
Por fim ainda vemos a cúpula do Ministério da Agricultura, antigo Pavilhão dos Estados, o resto da Casa do Trem, hoje Museu Histórico Nacional, ainda com a fachada neo-colonial e na esquerda um dos portões, em estilo art-déco da Feira de Amostras.
 

6 comentários em “SDU e demolição do Calabouço – anos 40”

  1. Boa tarde.
    Confesso de que até já havia me esquecido dessa fortificação na cidade.
    Aquele edifício com a cúpula, provavelmente dever ter sido posto abaixo por volta de 70 ou 75. Acho até que foi mais próximo da data do Monroe.
    Interessante do caminhão. Nunca havia visto desses dos anos 40.

  2. Boa tarde. Realmente esta é uma foto que o que está por trás tem muito mais valor histórico do que o enquadramento principal. O fato do calabouço ser um apêndice do Morro do Castelo era para mim um fato desconhecido, porém se imaginarmos hoje a posição do que restou da Ladeira da Misericórdia e a sua distância até o mar, e subtrairmos a faixa de aterro acrescentada, fica fácil de se imaginar que o Calabouço era um apêndice do morro do Castelo. Aliás não é a toa que o País sofre de amnésia, pois suas memórias foram quase todas apagadas.

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