De nossa foto hoje pouca coisa sobra, e daqui há alguns meses menos ainda sobrará.
Nosso fotógrafo possivelmente estava num platô ou construção nas fraldas de Santa Teresa, quase por de cima do velho Chafariz do Lagarto. Os imóveis que vemos em primeiro plano faziam parte do largo da Rua Frei Caneca onde ficava originalmente o chafariz e que já foi documentado aqui no site.
Mais a frente vemos o denso casario, entrecortado por inúmeras vilas e “avenidas” no quarteirão entre a Frei Caneca e a Marquês de Sapucaí, onde ficava a fábrica da Brahma, que domina a imagem. É impressionante constatar que tudo que vemos do fotógrafo até a fábica desapareceu numa das mais desastrosas reformas urbanas de nossa cidade. Incialmente para a implantação dos viadutos da Linha Lilás e com qualquer chance de recuperação com a construção do Sambódromo.
Mais a frente o mesmo aconteceu, mais ou menos na mesma época com a demolição e a erracadicação de todo o tecido urbano da Cidade Nova, dos dois lados da Av. Pres. Vargas.
O mais impressionante é ver que as demolições não acabaram, a centenária fábrica da Brahma, uma das mais antigas indústrias da cidade havia sido tombada anos atrás. O que não evitou sua desativação e o emparedamento desta fachada que vemos pelo horroroso Sambódromo com seu bloco de camarotes. Mas o impressionante é que agora passadas décadas de abandono e ruína da fábrica, em uma operação nada moral entre a Ambev, dona do imóvel e a prefeitura causadora da destruição local hoje uma operação interligada acordaram com o destombamento da fábrica e sua demolição. De uma lado a prefeitura garante uma ampliação do Sambódromo que já se esgotou operacionalmente e do outro a Ambev poderá usar o seu terreno para erguer prédios muito acima do gabarito da região.
Se de uma lado há algo de positivo com a construção de mais uma construção que agregue gente à esvaziada região, a ampliação do Sambódrmo coloca mais um obstáculo a ser superado pelos pedestres e veículos e os prédios muito acima do gabarito não se justificam. Ainda mais quando se trata de uma região que foi morta justamente pelas desastradas investidas do poder público.
Lembro-me bem quando a a passagem pelo túnel Sta. Bárbara significava passar pela Marques de Sapucaí a caminho da zona Norte. A volta podia ser pelo Rio Comprido ou pela Frei Caneca. Ainda não existiam o viaduto nem o sambódromo. Era tudo muito velho e decadente. Hoje está ainda pior porque nada foi feito para melhorar.
Não dá pra entender a prefeitura querer sempre prédios altíssimos, como no projeto do Porto maravilha onde falam em 50 andares. Ou melhor, dá pra entender sim…
Foto histórica sem dúvida, mas o bairro foi totalmente descarcterizado , tombaram o predio da Brahma e depois des-
tombaram como informou o Andre , será que isso foi feito le-
galmente , provávelmente não. Vale lembrar que existiu outra
fábrica da Brahma na Av. Maracanã com José Higino , que foi
vendida pro supermercado Extra/Sendas/Pão de Açucar.
As autoridades tem um comprometimento muito forte em apagar a memória da cidade que já foi DF e muito combativa em seus interesses e direitos e influente no poder.
Faz muito mal a eles…
O que a torre cilíndrica que se destaca mais ao fundo?
A torre cilíndrica era um gasômetro. Foi demolido, acho que não tem muito tempo. Na área em torno dele existia a antiga zona do baixo meretrício, conhecida simplesmente como “zona” ou como “Mangue”.
Helio,
Obrigado, agora que vc esclareceu eu consigo me lembrar dele. Mas acho quye já se foi há mais de 20 anos.
Aquela torre cilíndrica não é do gasômetro. Ela está de pé no Catumbi. Pode -se vê-la à sua direita quando se sai do túnel que liga Laranjeiras ao Catumbi, logo após da Rua Dr Agra.
O site está com uma qualidade exemplar, sempre na frente da imprensa: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/04/13/fabrica-da-brahma-destombada-para-possibilitar-obras-no-sambodromo-924229299.asp
Graças as nossas fontes…
Parabéns André!!! Os FRA arrebentam em competência.
além de boa parte de arquitetura tradicional, outro “rio que passou…” é o Rio do despojo de costumes.
em 1993, aos 10 anos, meu colégio me organizou uma excursão à fábrica da Brahma, onde fui presenteado com uma “six-pack” de Malte90, uma cerveja preta extinta e nada saudosa, a julgar pela cara que meu pai fez quando recebeu o brinde.
A Malt 90 era o contrário de uma cerveja preta, era sim uma cerveja clarinha e “light” para o público “jovem” que a Brahma tentou empurrar na década de 80 e que não agradou a ninguém, ela foi a cerveja oficial do Rock In Rio I
Mas segundo soube as cervejarias foram baixando paulatinamente a quantidade de malte e lúpulo nas cervejas desde os anos 90, no ponto do consumidor não perceberv essa mudança. Hoje uma Skol consegue ser mais “nojenta” que a malt 90 de 1985….
Mais conhecida como “Malt Nojenta”
Lembro muito bem da “Malt Nojenta”. Tentaram empurrar no bar lá de Madureira.
O gasômetro é algo tão estranho para os mais novos, que só pegaram o gás natural, do memo jeito que o gramofone ou o disco 78 rpm está para quem cresceu ouvindo CD. Vou até mais longe: comparo o videodisco com o DVD.
Meu pai a chamava de “morte nojenta”!
Engraçado que em cima do morro, acho que da previdência, parece que tem um prédio branco!
É uma igreja, que está lá até hoje
Se não me engano, é o Morro do Pinto.
A melhor cerveja escura nacional era a fabricada em Petropolis
A Black Princess. A Itaipava tambem é boa.Parece mas não
tenho certeza que a Black Princess voltou para o mercado.
È lógico que essa e a minha opinião , cada um tem a sua preferida.
A propaganda da Black Princess mostrava um alemão típico, trajando aquela roupa tradicional da Baviera (bermuda com suspensórios de pano, chapéu de feltro com peninha do lado, etc), segurando um enorme copo de cerveja e dizendo:
– Mim dar grossa pancadaria no malandras falsificador de Black Princess.
A palavra “grossa” era um aportuguesamento propositalmente errado da palavra “gross”, do alemão, que significa “grande”.
Existia tambem o guaraná Princesa que fazia dupla com a cerveja fabricado tambem em Petrópolis. Dizia o slogan:
Cerveja Black Princess e Guaraná Princesa.Havia uma cerveja
a Bohêmia , tida como uma das melhores. A fábrica de Petrópolis,foi comprada pela a Antártica.
ôba! Alguém falou em cerveja aí?…. Tô dentro….
Foto fantástica.
Sinceramente, acho que este local não ficou legal para abrigar o sambódromo.
Foi uma péssima escolha..
Um comentário atrasado.
A Cerveja Black Princess e o Guaraná Princesa (cerveja igual não há, nem melhor guaraná) eram bebidas elaboradas no Rio de janeiro, se não me engano ali por Benfica ou maria da Graça. Cheguei a visitar a fábrica que era de uma ns amigos. A atual cerveja que leva este nome não tem nada a haver com aquela do jingle citado entre parênteses que era tocado nas transmissões de corridads de cavalo.
Se alguém for contra a demolição do prédio da Brahma, assinar a petição pública no endereço:
http://www.peticaopublica.com.br/Confirmacao.aspx?id=9525,4,424873
O nome da Petição é DEMOLIÇÃO DO PRÉDIO DA BRAHMA: ASSIM O CATUMBI VAI SE ACABANDO
Na verdade o que acabou com o bairro do Catumbi, foi a construção do viaduto que leva até o túnel Santa Barbára. Embora criança, presenciei a desapropriação e demolição das melhores casas do bairro e a retirada de moradores que ali viviam por muitos anos. Muitos desses moradores faleceram de tristeza e os que sobreviveram não conseguiram comprar outro imóvel com o dinheiro das indenizações. Acabaram com o melhor do Catumbi; com ruas e partes de ruas, que tinham excelentes casas e vizinhos queridos. Até hoje sinto muitas saudades da casa de meus avós na rua D. Pedro Mascarenhas, que era uma excelente rua, com vizinhos que formavam uma verdadeira família. O que sobrou, não vale nem comentar. Quem conheceu verdadeiramente o bairro sabe o que quero dizer. O moradores do Catumbi foram massacrados pelos governantes daquele período.
Olá a todos!
Gostaria apenas de agradecer pela iniciativa de todos vocês, em manter viva a história do meu bairro, que conheço há pouco mas já aprendi a admirar!
Lendo as memórias dos comentários consigo construir uma vívida imagem da maravilha que deve ter sido morar no Catumbi de antigamente, ao passo que também sinto forte tristeza pelo abandono/boicote do poder público.
De toda forma, apesar de testemunhar a forte degradação do nosso patrimônio histórico, gostaria de contribuir com um relato atual: adoro viver no Catumbi! Tenho orgulho de sua história, dos seus moradores antigos e resistentes, me beneficio da sua localização e tenho fé na sua recuperação. Quanto aos problemas.. ah! que esses sejam superados!
Mais uma vez agradeço a prazerosa leitura e os momentos de devaneio.
Abs,
Letícia
Puxa! achei este site e viajei no tempo lembrando de meus passeios de criança. Nasci e fui criado na Rua Marques de Sapucaí, saí de lá em 1974 já com 22 anos. Foi muito triste ver a casa onde nasci ser demolida, e toda aquela região tornar-se esquecida e desabitada. Um quadro totalmente oposto a vida que existia naquele lugar. A casa ficava quase a beira da ponte que atravessava a linha dos trens da Central do Brasil e do outro lado ia-se para o morro do pinto.
Vi muitas vezes o bloco bafo da onça descendo o Catumbi e corria para atravessar a av. Pres. Vargas e ficava bem perto da Brahma, que hoje vejo nesta foto histórica.
Possuo uma foto da época de criança ainda aprendendo a andar e atrás esta a dita ponto na época ainda quando era feita de madeira, isto por volta dos anos 54.
Aí Jorge. Minha infância (de +- 1950 até +- 1960) foi na Marquês de Sapucaí – primeiro no nº 275 (frente à travessa Pedregais) depois numa vila de 6 casas nº 225. Saí no Bafo da Onça, joguei muita bola no meio da rua, subia em árvores, jogava bolas de gude, pião e de vez em quando, tocava a campainha de alguma casa e saía correndo. Tempos que não voltam. Qualquer coisa meu e-mail [email protected]
meu e-mail antigo [email protected] mudou para [email protected]
Que site maravilhoso, já vi que vou morar aqui. Hehe. Essas “revitalizações” acredito eu que em outras partes do mundo seriam altamente divulgadas como grandes absurdos. Não há um mínimo apreço pela história. Eu acho que se eles derrubarem o casarão em que nasci e morei até meus 8 anos (92 a 2000) na Rua Carmo Neto 167 vou passar o resto da vida me lamentando. Meu coração está com uma parte encravada para sempre naquela vila. O Estacio e Cidade Nova sempre me encantaram demais, ainda moro aqui mas no morro de São Carlos e também admiro sua história rica, mas é a Cidade Nova que desperta sensações únicas em mim. A fábrica da Brahma era ponto de referência… Adoraria uma máquina do tempo pra visitar esse bairro tão rico nos anos 50, 60, 70, 80… Que bom ter fotografias e relatos de antigos moradores, freqüentadores e jornais antigos pela internet, e este site maravilhoso. Baita viagem …