Essa é uma imagem que remete aos pioneiros de diversos arrabaldes da cidade, transformados dezenas de anos depois em populosos bairros, vemos aqui uma praticamente deserta Av. Olegário Maciel no início dos anos 60.
Ao contrário das fotos de Copacabana, Ipanema e Leblon o veículo desbravador não é o bonde, mas sim uma Rural Willys, prenunciando a histórica e incongruente falta de transporte de massas para a Baixada de Jacarepaguá, algo que pelos planos do EGB já deveria estar nos retoques finais e na atual realidade, pós fusão, se inicia ainda cercado de incertezas.
A Olegário Maciel foi a primeira via pavimentada, sem ser a antiga litorânea, após o sistema lagunar, pois dava acesso da Barrinha para o mar, praticamente cortando os dois novos loteamentos o Tijucamar e o Jardim Oceânico, todos abertos antes dos anos 60, tendo por isso a característica de bairros cariocas e não arremedo de Miami, como o restante se transformou, principalmente com as distorções do Plano Lúcio Costa.
A precariedade das comunicações era evidente nos postes, onde abaixo das linhas de baixa e média tensão temos uma precária rede telefônica com pouco mais que uma dezena de pares, problema este que perdurou afetando os pioneiros por décadas, mesmo com a central telefônica instalada na R. Paulo Mazzucchelli. Contam os que lá moravam nessa época que mesmo no início dos anos 80 o telefone funcionava com boa vontade e a luz sumia com a mínima brisa ou leve chuvisco.
Fora a ausência de pavimentação em quase todas as vias, a iluminação pública feita com velhos equipamentos da Light retirados do resto da cidade, que ainda tinham o agravante de funcionar com lâmpadas de potência menor pela precariedade da rede e o comércio esparso, supermercados só o o pioneiro Carrefour e depois o Freeway, que com suas lojinhas era um alívio para os moradores, que tinham que se deslocar até lá para fazer comprar básicas.
Mas nesse tempo contornado os problemas de infra-estrutura o bairro oferecia uma boa qualidade de vida com os que se submetiam a morar isolados, nesse pequeno trecho ocupado, pois com o sistema do viaduto do Joá o acesso foi em muito resolvido, e mesmo com a derivação para a Marquês de São Vicente, passado o tráfego da Lagoa não havia quase carros. Era tão tranquilo que o motorista do Frescão Alvorada- Castelo, nos anos 70, conhecia seus passageiros matinais, muitas vezes aguardando os atrasados nas esquinas nas quais pegavam a condução.
Mas a partir do meio dos anos 80 o bairro começou a crescer, tendo um boon já nos anos 90 e vem entrando em colapso pela absoluta falta de infra-estrutura notadamente a de esgoto sanitário e transporte público de qualidade.
Tinha um amigo com casa lá por essa época, numa transversal da Olegário Maciel, e o problema maior eram os mosquitos – era um suplício.
Esta era uma zona de sombra para o sinal do antigo “BIP”, o que causava problema para os médicos serem chamados, por exemplo.
Quem diria, naquela época, que a Barra se transformaria tão rapidamente no que é hoje.
PS: onde está publicado o resultado oficial da “pegadinha” do “post” anterior?
Resposta da pegadinha:
http://www.rioquepassou.com.br/2007/01/18/rua-dias-da-rocha-anos-20/
Tenho a impressão que a Olegário Maciel hoje é mais larga. Até os anos 80, era uma das únicas vias pavimentadas da parte da Barra que “tem características de bairros cariocas”. Lembro que a praça José Bernardino (Pomar da Barra) era um pântano. O lugar devia ser parecido com certas áreas da Região dos Lagos na mesma época.
Apesar disso, já na metade dos anos 70 construíram o Novo Leblon e Nova Ipanema. Corajosos os primeiros moradores.
Que diferença quando a gente compara com os primórdios de Copacabana e Ipanema que a gente ve nos fotologs do FRA.
Nestes últimos vieram primeiro transporte e toda a infra-estrutura urbana antes de ser povoado.
Já aí… até hoje nada.
Reflexo da má vontade e desinteresse dos políticos atuais.
Me lembro que telefone nesta época aí era só da CETEL, uma porcaria.
Já no início da década de 80 começaram os assaltos e invasões de residencias, o que inviabilizou casas como essa aí.
o atropelo do sossêgo
Uma curiosidade que acabei de me lembrar. Olegário Maciel seria o nome da avenida que deveria ser sido aberta ao longo do Rio Rainha na Gávea. Como o Decourt já contou a PUC atropelou os planos da Prefeitura construindo seus prédios no local.
Fui morar na barra em 81, bem moleque, mas minha família já possuia casa de veraneio no bairro há mais tempo. Nesta época o telefone realmente era um horror, não só ele mas a luz caia muito, inclusive no verão os transformadores não aguentavam o tranco e noites e noites foram passadas com todos os moradores do condôminio na rua, fugindo do calor e dos mosquitos, nós muleques aproveitavamos para brincar de policia e ladrão, ou ir para a praia pegar um jacaré noturno, muitos bons tempos sem o trânsito caótico de hoje. Antes de carrefour ou freeway tinhamos o supermercado Barra, hoje mundial pertinho do Oswaldo (aquele da batida). Lembro que onde hoje é o downtown existia uma pista de windsurf motorizado, era muito legal passar e ver o pessoal praticando. A praça aonde hoje é o pomar da barra só tinha mato alto e a rua não circundava como hoje , ela cortava a praça ao meio.
Oi, Rafael, eu passeei algumas vezes pela Barra e me recordo desse pessoal praticando windsurf no meio do areal sempre quis saber onde era! lembrava que era do Lado direito de quem vai pela Av das Américas para o Recreio, lembro também de ver muitas dunas perto (tinham dunas ali não tinham?) achava lindo! mas nunca vi ninguém comentando, será que existe algum registro? Até quando será que durou? Obrigada por compartilhar! Mais alguém lembra disso? Sabe algo a respeito,André Decourt?
Pois é, Rafael Rodrigues, quem escreve agora é o seu pai…
Vivemos uma Barra da Tijuca que já não há…
Quando você e seu irmão Gustavo eram pequenos, eu tive que me deslocar, algumas noites, para a Farmácia Piaui, no Leblon, em busca de remédios para vocês, pois na Barra não existia plantão da velha farmácia da Olegário, única do bairro.
Na Av.Sernambetiba não havia água da Cedae e o poço a fornecia com cor de chá. Só servia para a limpeza e tínhamos de recorrer aos carros-pipa.
Não havia shoppings e, portanto, nem um cinema sequer…
Hipermercado, somente um: O Carrefour!
Onde hoje está o BarraShopping existia um enorme terreno vazio onde foi gravada a 1ª versão da novela Irmãos Coragem, ainda em preto e branco…
Antes do embonecamento da Sernambetiba, no governo Marcelo Alencar, tínhamos uma praia quase selvagem, onde pisávamos a terra do lado do mar para pegar o único ônibus que conduzia ao centro da cidade: o 179 (Alvorada/Central), que eram os mais velhos da Viação Real.
Frescão na Sernambetiba, apenas um: o Taquara/Castelo da Viação Redentor, que vinha de Jacarepaguá.
O Barramares, ao lado do nosso Condomínio, era apenas um grande areal…
O Canal de Marapendi, nos fundos de nossa casa, já teve peixe pulando e camarão. Bem, hoje não pula nada, só bóia… E fede…
Tinha o Sorvete Hebom, na esquina da Olegário com a Sernambetiba, que depois do processo da Kibon, virou Sorvete Sem Nome.
Tinha o Restaurante Tarantella, um pioneiro diante do mar… Tinha o DinaBar, o rei dos camarões e o Flamingo com sua fama de motel disfarçado…
Tinha os reveillons das famílias que se confraternizavam, todos conhecidos, com queima de fogos do Barramares.
Tinha a Via 11, com suas pontes de madeira, que depois chamou-se Alvorada e hoje é Ayrton Sena.
E, acima de tudo, tinha duas cabecinhas de crianças, lá longe no mar – você e seu irmão – surfando em uma Barra que deu a vocês uma infância feliz e livre.
PS – André, a Olegário Maciel é avenida ou rua?
Nos mapas consta como Avenida, Sidney !
Boa tarde André! O senhor se lembra do jerônimo que tinha um trailler na Sernambetiba na altura do km 11? Eu morei nela quando tinha 12 anos…faz 32 anos…ao lado da minha casa tinha uma família que o pai do meu amigo era sargento do exército, não lembro o nome dele, a casa dele ficava na reserva…nossa dá uma saudades…esperava ansiosamente o carro pipa chegar! o nome do pai era Djalma amigo do Pasquale…voltei ao tempo agora…
faltou uma pequena lembrança… o via 11 com o cachorro quente da madrugada…última esperança de quem voltava faminto da noite na “danceteria”