Nessa foto do período Passos vemos as demolições para o alargamento da Rua Uruguaiana no largo que existia na frente da Igreja do Rosário.
O objetivo era alargar a estreita rua para que a mesma servisse de via de apoio à Av. Rio Branco ajudando também na ligação com o porto via Rua do Acre, inclusive para a Zona Sul via Largo da carioca e pelas Ruas Sen. Dantas e Treze de Maio, como concentrar o transporte por carris no sentido longitudinal do Centro da cidade.
A largura ideal foi com o alinhamento da fachada da Igreja do Rosário e São Benedito, sendo necessário para isso retirar seu adro, como alías foi feito com várias igrejas da cidade, como a do Carmo e a do Sacramento.
A foto nos mostra como a velha rua era estreita, sendo um pouco mais larga que 1/4 da rua que hoje conhecemos. Depois de alargada ela ganhou linhas de bonde, arborização e teve seus dias de glória como ponto de comércio sofisticado; com relojoarias, lojas de produtos elétricos, joalherias e modistas até a obra do Metrô nos anos 70, onde a lentidão das obras aliado ao sistema usado, “cut and cover”, levaram a derrocada do comércio da rua, além de transforma-la num deserto agreste pois todas as árvores no trecho englobado pelas obras foram retiradas. Hoje depois de duas reurbanizações a rua volta a apresentar algum verde, mas o comércio foi perdido.
Segundo dados da prefeitura o prédio o qual vemos a empena cega foi objeto de uma confusão judicial, onde a prefeitura desapropriou um imóvel que já era objeto de uma tumultuada disputa sucessória, ficando de pé na rua urbanizada e alargada durante alguns anos, pois os litigantes cada um de seu lado interpunham medidas contra a desapropriação. Se hoje os juízos ofarnológicos são lentos imagine naquela época.
Comments (15)
Como o comércio foi perdido?
Freqüentemente vejo comentaristas deste “fotolog” fazendo suas compras no camelódromo ali instalado!
http://fotolog.terra.com.br/luizd
Era mesmo muitíssimo estreita…não tinha idéia!
Andre, acho que justiça antes era um pouquinho mais rápida que hoje.
Mais lenta, impossível…
Grande André,
essa do “orfanológico” foi de se lhe tirar o barrete. Eu, que adoro palavras novas, exultei.
Quanto à destruição da Rua Uruguaiana tenho um caso hilário. O sogro português de um amigo, tinha lá uma loja com artigos finíssimos de ourivesaria. Quando as marretas começaram a abrir as crateras, o pânico foi geral. Como você já explicou, não demorouo para o comércio começar a ir à roda.
Isso gerou matéria diária nos jornais televisivos. Numa dessas matérias, a jovem repórter entrevistava, ao vivo e a cores, os comerciantes locais e choravam suas pitangas. Mas choravam com a educação que a tv ao vivo exigia. Eis senão quando, a mocinha vai ao encontro do sogro português do meu amigo. Vindo de Trás-os-Monte, criado à base de sopa de aveia e carne sangrenta, o velho português subiu nas tamancas
” – Este prefeito é um filho disto, um filho daquilo. Devem ir todos para a “puras que os partiu”; Corja de paneleiros, safardanas…
– Corta ! Corta ! Corta !
Dizia a atônita entrevistadora, com os dois dedinhos batendo como tesoura.
Que foto! Como disseram noutro dia,voce vai acabar exibindo cada centímetro do Rio antigo. Tomara que sim,curto cada foto e lembro que em data anterior desta foto a Rua da Vala era zona de baixo meretrício.
Andre
Então este primeiro sobrado que vemos à esquerda, com os 2 toldos na lateral,estaria onde hoje é o Bob’s,esquina com R. do Rosário, correto?
Juízo orfanológico? Estou de volta, Mestre André, cuidado com essas palavras estranhas…
Hahahahaha
Boa noite,André.
Evelyn, a única construção que não sofreu maiores alterações foi mesmo a igreja do Rosário.
Pela distância, sem ter certeza se o sobrado dos toldos “sobrou” (trocadilho infame) até hoje,mas parece que é o Bob’s sim.
Orfanológico é mais uma palavra do Dicionário Decourt do Rio Antigo.
Caramba, fiquei matutando na foto sem ler a legenda tentando descobrir onde era, e não consegui!
O comércio da Rua Uruguaiana pode não ser tão chique hoje em dia como no passado, mas se mantém, e está longe de ser decadente.
Na Uruguaiana, como na Carioca que sofreu as mesmas reformas, é flagrante o contraste entre os dois lados da rua. Do lado antigo, existe uma série de pequenos sobrados, alguns modernizados. Do outro lado, palacetes ecléticos como os que um dia povoaram a Rio Branco.
“Ofarnológicos”? Salve Pintáfona!
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
A propósito, na esquina do Bob’s hoje em dia existe um edifício provavelmente da década de 1920. Em São Paulo existem vários com o mesmo estilo e tamanho, mas no Rio eu só conheço esse.
Waldenir
Obrigada pela atenção e resposta.
Quanto á revolta dos “Portugas” o Luiz Edmundo ( prólogo da obra “O Rio de Janeiro do Meu Tempo”) narra um episódio hilário de um português que se recusou a abandonar o sobrado em que vivia – sentou lá, munido com guarda-chuva e um sumário farnel composto por vinho, broa de milho e lascas de bacalhau – durante varios dias resistiu às picaretas perante uma multidão atônita até que … derrubaram as paredes em cima do “tinhoso”.
Abraço