A pequena Rua Fernando Osório no Flamengo, de apenas um quarteirão sempre me chamou a atenção por uma “esquisitice” no seu sistema de iluminação original (a rua foi uma das últimas na Z. Sul a ter seu sistema modificado para vapor de mercúrio já nos anos 90 do séc. XX) três postes em estilo francês do tamanho médio saiam da esquina com a Marques de Abrantes em intervalos regulares, mas o intervalo se tornava irregular quase chegando na Rua Senador Vergueiro e praticamente dependurado na esquina havia um poste em estilo canadense pequeno.
Achava que tal deformidade seria por causa da construção dos prédios, um dos anos 40 e outro dos 50 nos dois lados da esquina da S. Vergueiro, mas no oposto da rua, na esquina com a Marques de Abrantes um dos postes ficava colado nas janelas de um dos apartamentos de um velho prédio art-déco, possivelmente dos anos 30.
Mas ao bisbilhotar os arquivos do Correio da Manhã me deparei com o um muro fechando o prosseguimento da rua.
O terreno deu um dos prédios avançava da calçada direita até a linha de meio- fio do lado esquerdo (nos orientamos olhando da Rua Marques de Abrantes), onde havia uma estreita passagem e do seu lado um velho imóvel, fora do alinhamento da rua, já em ruínas aparentando ser mais uma garagem com edícula do que uma casa.
Ao ir aos arquivos da SMU atestei que a Fernando Osório foi aberta no terreno de um imóvel só, o antigo número 81 da rua Marques de Abrantes sendo a rua alinhada pelo PA 1812/26, e em 1934 seu último lote a esquerda sofreu um recuo de testada de aproximadamente meio metro. Na planta era omitido se o lote estava vendido ou edificado, ao contrário dos outros, sendo possivelmente a ruína que vemos na foto acima.
Em 1942, depois de malograr no prolongamento da Rua Tucumã até a Rua Marques de Abrantes a PDF através de seu PA 3721/42 decidiu modificar a Rua Fernando Osório, tirando dela o status de rua sem saída, eliminando o cul de sac , mas para isso eram necessárias desapropriações, notadamente do número 128 da Rua Senador Vergueiro, mas entre a determinação do PA e a efetivação deste um edifício de apartamentos foi construído no local, respeitando a linha de fachada futura, ou então apenas o Plano Agache, sendo o prédio recuado da via e descolado da divisa.
Mas uma bela parte do terreno ficou literalmente no meio da rua. Para isso haveria de se realizar uma desapropriação parcial, e esta foi se arrastando de 1942 até sua efetivação por um decreto municipal em 1957.
Tal desapropriação foi em muito facilitada pela construção do edifício de número 126 da Senador Vergueiro, que respeitou o PA da Fernando Osório, embora que como seu vizinho tendo sua portaria virada para a pequena rua tem endereço da via principal, pois simplesmente ela não existia nesse pedaço ainda, embora a construção do novo prédio tenha criado uma estreita passagem, que permitia a passagem de pedestres mas impedia a fruição do total do novo prédio, pois sua entrada de garagem posterior ficava bloqueada não só pelo muro mas também pelo antigo cul de sac da rua.
Depois de muitas indas e vindas a prefeitura da PDF realizou a demolição do muro e de parte do jardim do prédio 128 da Senador Vergueiro, efetivando o PA mais de 15 anos depois da sua criação.
É digno de nota em quase todas fotos a presença do enorme casarão que ficava na esquina da Senador Vergueiro com a rua Cruz Lima.
Boa tarde.
O Brasil sempre foi um país bagunçado mesmo, especialmente aqui no RJ.
Está aí algo que sempre achei repugnante nessa cidade depois das favelas. É justamente o alinhamento dos imóveis ao longo das ruas.
Não existe um só lugar, talvez com exceção da Barra, que não deixa de ter essa zorra que tanto fizeram aqui desde a Colônia.
É um tal de você andar por uma calçada em que há imóvel quase no meio da rua e outra onde há de um total recuo.
Infelizmente as coisas por aqui são assim.
Não consegui entender do que estava escrito no muro, exceto da palavra Estádio.
Era uma forma de pichação da época?
Lembro-me de antes da chegada da assim propalada de “novo regime democrático”, antes de explodir o assim chamado pichação, coisa horrenda que surgiu por aqui a partir de 1987, lembro-me de que nos muros havia sempre pequenas coisas escritas como nesse caso aí em cima, isso quando até mesmo não era de propaganda política.
Aliás, esse hábito vem de longas eras.
Na Roma antiga já existia dessa prática de se escrever nos muros das cidades.
O PAs são frutos da época que foram feitos, o tempo muda e as cidades tb. Na própria Av das Américas no bairro que vc menciona já há problemas no primeiro km, onde várias construções foram feitas antes da construção das pistas laterais e ficaram rente a faixa de domínio rodoviária, pois não havia ainda PA da via nos anos 70, pois ela era uma rodovia.
Na Estrada dos Bandeirantes, em alguns trechos, podemos ver três alinhamentos diferentes coexistindo.
É uma confusão de casas e prédios. Infelizmente está fora da minha área de jurisdição que são a Praça XV e a região do BRT e Bento Ribeiro.