Leblon – circa 1971


Em mais uma foto do Sr. Gyorgy Szendrodi vemos um pequeno trecho da orla do Leblon, que embora passados pouco mais de 42 anos sofreu profundas modificações.
Das construções mostradas aqui e que aparecem mesmo que parcialmente quatro não existem mais, inclusive a que na nossa foto ainda estava em obras. Em destaque vemos o simpático bar Caneco 70, ainda na sua primitiva forma, que por décadas foi um dos mais agradáveis lugares de se beber um chope na orla cidade longe dos vendedores de quinquilharias e demais besteiras, não se esquecendo da “torturinha de pagode” que infernizam os que tentam fazer o mesmo em Copacabana, talvez seu isolamento deixava o local não muito atrativos, de vendedor só o famoso Funério, vendedor de rosas que rodava todos os bares do Leblon com sua cesta de rosas, que segundo as gaiatas lendas urbanas eram colhidas no São João Batista.
Mais a frente vemos um caco da fachada do cinema Miramar, um dos vários cinemas a beira mar do Rio que foram sendo praticamente extintos nos anos 70 e 80 cobiçados pela especulação imobiliária, como o Rian, Coral e os outros na orla de Botafogo e Flamengo.
O antigo urbanismo, os poucos carros na rua e estacionados, ao contrário do verdadeiro estacionamento que se transformava Ipanema ainda davam ao Leblon um ar de cidade de interior, uma Urca Atlântica, que foi primeiro demolida pela especulação imobiliária e transformada nos anos 90, com a ajuda de um diretor de novelas num lugar fake, embora 90% de suas construções ainda indiquem ao contrário, algo que as construtoras estavam rapidamente revertendo até que o bairro foi tutelado por legislação protetiva, a qual o nosso prefeito em recente entrevista não se mostrou grande apreciador, afinal ele é um agente da especulação imobiliária.
A foto foi tirada do Mirante do Zig Zag, nas portas da Chácara do Céu e hoje entrada para outro belíssimo e esquecido parque o Penhasco Dois Irmãos.