Hotel Miramar a fachada que se foi


Vemos na foto de hoje um prédio que perdeu sua personalidade, e que certamente virará uma anacrônica caixa de vidro na Av. Atlântica.
O Miramar inaugurado para a Copa de 1950, tendo hospedado se não me engano a seleção da Suécia, foi durante décadas um dos hotéis de personalidade na cidade, nunca foi um cinco estrelas, mas os seus salões, restaurantes, o bar do terraço tão famoso nos anos 60 ( o Roof como foi bem lembrado pelos nossos comentariastas) , bem com as varandas do térreo faziam sua fama no imaginário da cidade nos anos 50 e 60. O hotel também tinha fama de ter um ótimo atendimento e um ótimo café da manhã aberto a não hópedes.
Mas certamente com vistas para a Copa e as Olimpíadas (as novas desculpas para se jogar dinheiro fora sem benefícios concretos) o hotel está passando por um processo de retrofit, não o amigável, que modernizaria suas instalaçoes mas manteria a fachada, mas sim o mais radical reservado a prédios arruinados ou sem interesse, o tipo que só mantém as estruturas  e põe abaixo o resto.
Retrofit igual tivemos no antigo Hotel Trocadeiro na esquina com a Paula Freitas, com resultados risíveis, e agora teremos no Miramar, que certamente perderá até seu nome.
Mais uma atarracada caixa de vidro ( será azul ou verde, certamente) inserida dentro do conjunto déco e pro-modernista da orla de Copacabana.

14 comentários em “Hotel Miramar a fachada que se foi”

  1. Conheci o Hotel Miramar exatamente como vemos na foto. Na outra esquina da Rua Sá Ferreira com a Av. Atlântica existia um posto de gasolina TEXACO.
    Fazia parte dos usos e costumes desta época que cada hotel possuisse um caminhão tanque para abastecer de água quando a rede de abastecimento não fornecesse água ao hotel, coisa então comum em Copacabana. O Miramar também tinha o seu, se não me engano um Chevrolet Brasil.
    A praia em frente ao Miramar era privilegiada pois as águas pluviais eram despejadas na areia na altura da Rua Souza Lima.
    Fui algumas vezes no terraço do Miramar na década de 70.

  2. No Brasil por incrivel que pareça existe um lema , não diria
    assim dessa maneira mas uma norma acho que é mais adequa
    do quanto as leis. Tal lei naõ pegou . Ela se aplica (a norma)
    para o caso das fachadas quando se restaura edificações anti-
    gas mas que representaram alguma coisa na vida da cidade,
    como o Miramar. Morei alguns anos por força de trabalho num
    condomínio de Furnas Centrais Elétricas que ficava situado depois do Rio Mambucaba já em Parati, local que frequentava
    quase todo fim de semana. Lá a tal lei que não pegou por estas bandas obriga o prorietário de um imóvel, a reforma-lo
    mas desde que mantenha sua fachada que pode tambem ser reformada mantendo-se suas caracterisricas originais . Moderniza-se por dentro e se mantem o exterior intacto para contar a história da cidade , como foi no passado.
    Aqui na nossa cidade parece que essa lei nem existe ,pôe-se
    logo abaixo. Não sei que milagre aconteceu enão puseram o
    hotel no chão.

  3. Do Miramar, lembro-me do antigo “Roof”, que era uma espécie de réplica de navio.
    Lugar discreto e silencioso, de onde se descortinava a praia lá de cima e uma paisagem distante e aérea, só beleza, sem a sujeira e sem as mazelas.
    Bom para curtir um uísque e bom para namorar …
    O “Roof” ainda existe, mas acho que sem esse nome e sem a sensação e o charme do navio.
    Permanece agradável e continua a nos proporcionar uma ilusão de Copacabana limpa, quieta, verdadeira princesinha do mar.
    Pena que a gente só possa enxergar isso lá de longe, lá do alto, no “Roof” do Miramar…

  4. Frequentei o “Roof” nos anos 70. A vista era deslumbrante. Excelente para namorar, com uma luminosidade adequada em um clima aconchegante.

  5. Então o Miramar se foi, uma pena.
    Eu não entendo essa insistência com essas fachadas de vidro. Eu não desgosto delas, mas acho que tem lugar pra isso. Parece que os arquitetos fazem os projetos sem pensarem onde o prédio vai estar.
    Parece alguns prédios em Botafogo, junto a ruas afetadas pelo Metrô, que são separados da esquina por nesgas de terrenos remanescentes que jamais serão ocupados, mesmo assim são feitos com empenas cegas esperando um vizinho que jamais virá.

  6. Como conseguiram destruir essa fachada tão elegante?
    Não há civilidade ou consciência arquitetônica. Urbanização bem feita é preservar o patrimônio que está de pé, e não envidraçar as fachadas, apagando a história e nossos marcos auto-referentes!
    Vejam a beleza que fizeram em South Beach (EUA)? Será que as autoridades e proprietários são tão limitados assim? É só repetir o modelo que deu certo! Sei que não ligam para a história, mas essa atitude atrai dinheiro e turistas melhores.
    Esse gesto antiético diz muito sobre a filosofia deste hotel! Não merece nosso passeio por sua calçada. Entrar nele nem pensar!
    Perdi um lugar que gostava de ir e olhar! E isso é muito!

  7. Estava hospedado no Miramar no último fim de semana. Confesso que a reforma ficou maravilhosa em quase todo ponto de vista. Mas o desaparecimento dos salões que foram transformados em novos apartamentos, imperdoável.Existia uma escada ligando os salões e o térreo revestida de um mármore belo chamado arabescato… Tudo isso desapareceu e quando você elimina a arquitetura elimina também as referencias e alma de uma cidade. Adequar um edifício as exigências de um outro momento, outro tempo é perfeitamente viável mas revesti-lo com uma mascara para torna-lo padrão de alguma coisa é estupido ,idiota e perfeitamente justificável na historia das cidades brasileiras e sua fome brega do novo, coisa de gente periférica que de historia conhece apenas a palavra, e olhe lá

  8. Pode até ter ficado bem mais moderno comparado ao prédio antigo mas não ficou uma caixa de vidro como previsto. Achei que ficou até bacana o hotel. No tripadvisor, ele é o 1 colocado de 234 hotéis no Rio. Realmente o Arena Hotel virou uma caixa azul vidrada substituindo o antigo Trocadero. Abs. Sávio.

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