Rua do Acre, anos 50

 

Estamos vendo nessa foto dos anos 50 uma das vias coloniais requalificadas por Passos em sua reforma urbana do início do séc. XX, a Rua do Acre, trecho da antiga Rua da Prainha modernizada e realinhada em parte do seu traçado com a função de articular como via auxiliar da Av. Central o novo porto da cidade com outra via troncal de ligação negocial e portuária também aberta na época a Av. Marechal Floriano.
Antiga “da Valinha” no seu trecho hoje conhecido como Rua do Acre era uma continuação natural do caminho da água que corria pela “Vala” vindo da Lagoa do Boqueirão na Carioca até desaguar na antiga Prainha, hoje Praça Mauá, seu outro trecho contornava o Morro da Conceição até os lados da do Valongo, hoje Camerino.
Com o passar dos anos ela se tornou o principal acesso de boa parte da cidade para os trapiches e ancoradouros da Gamboa, sendo a porta de entrada para a sórdida região, porta esta em estado precário, fazendo aos que buscavam as barcas para a imperial Petrópolis no séc. XIX terem uma pequena amostra do que era o velho “porto” da cidade.
Com a metade da largura de hoje, ladeada de imóveis coloniais em péssimo estado, alguns chegando à ruína,  comportava o pesado tráfego de mercadorias, bondes, carroções, burros sem rabo, etc… por seu precário calçamento, fendido e esburacado pelo peso e volume do tráfego. Além de nas horas de maior movimento ficar parada, pois manobras de veículos de carga atravancavam a via.
Passos energicamente atuou, demolindo o lado impar de hoje,  que em um trecho praticamente se uniu as demolições para a abertura da Av. Central e no lado par, junto as fraldas do Morro da Conceição intimou os seus proprietários, sob pena de demolição forçada pela PDF a reformarem seus imóveis e corrigirem seu alinhamento, retirando avanços para a caixa da via e fachadas além dos limites do terreno.
A rua entrou no séc. XX ladeada lado a lado por sobrados ecléticos, longe do fausto de outras vias, afinal era uma rua de serviços que continuou sendo a porta de entrada do porto e de seu universo, um pouco mais civilizado que décadas anteriores.
Nossa foto de hoje mostra o trecho próximo a Rua de São Bento, o fotógrafo olha rumo a Av. Mal Floriano, o prédio com a bandeira hasteada é da Cia de Docas e continua com sua função até hoje, mas curiosamente o prédio que sobe no extremo esquerdo da imagem, de 10 andares e concreto armado já foi ao chão para dar lugar a um novo edifício que ainda é construído. Do lado direito a outra construção abriga um prédio que foi vítima de um retrofit alguns anos atrás. A esquina seguinte é a com a Rua dos Beneditinos estando até hoje o conjunto de sobrados nos dois vértices do cruzamento em diferentes estados de conservação.
Nesse pedaço da rua os sobrados ecléticos do lado direito da foto sofreram algumas mudanças e modernizações nos anos 50 e 60, que eram bem comuns e estão bem modificados. A curiosidade fica com o imóvel que ostenta o letreiro “farmácia”  mais a frente, até hoje a atividade se mantém no mesmo lugar.
De resto vemos o pesado movimento de caminhões movimentando mercadorias, os trilhos dos bondes e a iluminação pública por postes em estilo NY de globo a meia altura

14 comentários em “Rua do Acre, anos 50”

    1. Mesmo aspecto, mas já não tem o movimento que tinha na época da Bolsa de mercadorias, depois que o Mercado São Sebastião absorveu as funções e as empresas atacadistas se transferiram para lá.

  1. Aí nesses armazéns foi o começo de vida no Brasil de muitos imigrantes portugueses…
    André, a vala não escoaria as águas da Lagoa de santo Antônio, no hoje Largo da Carioca?

  2. Bela foto.
    Há um letreiro com o nome Gancia sería um armazem
    português como comentou o Derani. A rua só tinha uma mão de tráfego o bonde andaría na contra maõ ou já não passava
    por aí. A esquerda da foto vemos um carro preto talvez um
    Chrysler/Desotto e na frente dele uma camionete acho eu Ford
    com carroceria de madeira.

  3. A mão da rua do Acre atual é em direção à Praça Mauá, ao contrário da foto. O tráfego muitas vezes fica obstruído pelos carros que vêm da praça porque logo ao passar pela Acre tem um sinal de pedestres que engarrafa o início da Rio Branco. A Rua do Acre sofre com toda sorte de agressões ao trãnsito tornando-a tão caótica quanto ao descrito no texto.
    A maioria dos sobrados no lado par continuam de pé mais ou menos como na foto.

    1. Aos nostálgicos quanto a perda de importância da rua do Acre podemos agora informar que em 2014 as autoridades fizeram a rua recuperar toda a sua “importância”.
      Hoje a mão de direção dos veículos mudou (em relação ao comentário de 22/8/2011) e recebe o trânsito vindo da avenida Venezuela e da rua Sacadura Cabral (via Pça. Mauá).
      A rua do Acre fica agora, na maior parte do tempo, coalhada dos ônibus do Sr. Barata que promovem engarrafamentos diários nesta via. Há engarrafamentos às sextas-feiras na parte da tarde que já estão se tornando memoráveis.
      A movimentação de pessoas e veículos que vemos hoje na rua do Acre é um reflexo das ações dos grupos de especuladores imobiliários que atuam na cidade do Rio de Janeiro, e que se encontram no comando com o respaldo do voto popular.
      Pode ser que o new carioca (nascido com o New Maracanã) endosse esta nova tendência de se viver no Rio. Eu continuo acreditando que o grande patrimônio do Rio de Janeiro é a Natureza.

  4. Muito boa a descrição sobre em como era a Rua do Acre antes do plano Pereira Passos entra em ação. Mas me tira a curiosidade, sabem porque da origem do nome Rua do Acre? Geralmente esses tipos de nome era nomes que os portugueses davam as ruas. Fiquei curiosa em saber do porque o nome Acre para a Rua.
    Aproveitando, em meu blog, coloquei um vídeo falando rapidamente da evolução urbana do Rio de Janeiro, mostrando varias cenas antigas do Rio. Creio que para o RIO QUE PASSOU, seja interessante. http://nossarquitetura.blogspot.com/

  5. Acho que o nome tem a ver com a época da reforma de Pereira Passos e a questão do acre, na qual O Barão do Rio Branco teve papel fudamental.

  6. Boa tarde!Você teria alguma foto de 1970?Nessa época tinha uma eletrônica chamada Antelândia e minha mãe trabalhava nela .

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