Ponte dos Marinheiros, início dos anos 70


Hoje temos a outra imagem, que certamente extraídas de uma mesma publicação, de onde também certamente foi retirada nossa imagem da segunda passada.
Não temos mais uma panorâmica, mas sim estamos agora ao rés do chão e o foco do fotógrafo novamente é o velho viaduto ferroviário, inaugurado no começo do séc. XX e que tinha sido modificado na época das fotos,  juntamente com a construção de mais um paralelo. A estrura metálica original, composta de braços curvos e tesouras metálicas foi trocada por esta, bruta e sem armonia com pesadas mão-francesas metálicas, possivelmente para suportar trens mais pesados ou mais velozes.
A região  ainda contava com alguns pedestres mas durante os próximos 05 anos todo o resto dos bairros que circundavam esse viaduto  e as antigas passagens sobre o Canal do Mangue sumiriam de vez com a passagem da Linha 2 do Metrô e a instalação do grande centro de manutenção, hoje temos aí um grande deserto urbano.
Alguns elementos do antigo Estado da Guanabara podem ser visto como o caminhão mercedes pintado nas cores do antigo serviço público estadual, o sinal “zebrinha” de duas lentes e as placas de sinalização vertical em branco e preto.
Hoje, nem mais essa vista podemos ter pois a concessionária privada do metrô do Rio, num exercicio meramente pirotécnico emparedou o velho viaduto verroviário com uma enorme estrutra em arco, que passa uma linha singela da famigerada Linha 1-A, um estorvo arquitetônico que dialoga tão mal com a cidade, como o arremedo de linha de metrô que passa por ela.

17 comentários em “Ponte dos Marinheiros, início dos anos 70”

  1. É muito interessante esta foto e eu mesmo já comentei sobre, vamos dizer assim, uma versão, desta foto em algum outro lugar desta grande rede. Pois há por aí uma versão desta foto creio que invertida e sem alguns elementos (teriam sido suprimidos?).
    O trem que vemos na foto me parece aquele que recebeu o apelido (entre outros) de “cacareco”. Na outra versão desta foto eu cheguei a pensar que o pantógrafo do último carro tinha sido suprimido. Mas parece que é um vagão sem pantógrafo mesmo. Já não me lembro dos viadutos ferroviários anteriores, pois tendia a achar que na versão mais antiga houvesse uma ‘mão francesa’ semelhante a essa.
    O caminhão com a cor do Estado da Guanabara com aquela faixa amarela você já citou. O ônibus é da Castelo Auto Ônibus que tinha umas duas linhas com ponto final no J. de Alá. E o que eu achei curioso é aquela cerquinha no lado direito, possivelmente defendendo alguma árvore recém plantada.
    A tal ponte “metroviária” é um monumento a destruição do Metrô do Rio de Janeiro que com a decisão de não cumprir o projeto e terminar a Linha 2 entre as estações Estácio e Carioca inviabilizou PARA SEMPRE uma operação realmente metroviária. Creio que a nova ponte deva ser batizada de governador Sergio Cabral, o homenageado entenderá.

  2. Eu prefiro essa ponte metálica do que a tal horrorosa ¨ponte
    Sergio Cabral¨. Continuamos com a mesma megalomanía em
    obras de grande porte, será que não bastou aquela coisa
    estranha feita pelo Cesar Maia em Ipanema, e a tal passarela
    que corta a Presidente Vargas .

  3. Esse trem é um remanescente da primeira leva de trens elétricos, do remoto ano de 1937. Foram feitas algumas adaptações nos originais, a título de aumento de segurança. Seria longo citá-las aqui.
    Esses trens são ingleses, fabricados pela Metropolitan Vickers. A composição era formada pelo acoplamento de dois ou três conjuntos de vagões, cada conjunto composto de 3 vagões. Assim, as composições tinham 6 ou 9 vagões.
    Esse modelo de trem era da série 100. Os posteriores, das séries 200, 300 e 400, também tinham conjuntos de 3 vagões. Os pantógrafos ficam no vagão do meio. Na foto, pode-se ver que o pantógrafo está justamente no segundo vagão. Como há sempre 2 pantógrafos no vagão, na foto um está recolhido. Obviamente, o outro estará encostando na rede.
    As séries 500, 700, 800 e 900, mais modernas, possuem conjuntos de 4 vagões e a composição é formada por 1 ou 2 conjuntos, totalizando 4 ou 8 vagões, ao invés dos 6 ou 9 das séries antigas.
    Nessas séries novas, os pantógrafos ficam no primeiro e no último vagão do conjunto.
    Posteriormente, a série 100 foi renumerada para 10000 e a 800 para 8000.
    Resumindo: atualmente, há as séries 500, 700, 900 e 8000, todas elas com conjuntos de 4 vagões, com pantógrafos nos dois vagões das extremidades de cada conjunto; as séries 400 e 10000 têm conjuntos de 3 vagões, com pantógrafos no vagão do meio de cada conjunto.
    Assim, numa composição de 6 vagões, os pantógrafos ficam no segundo e no quinto vagões. Se for de 9 vagões, há pantógrafos também no oitavo.
    Já nas composições de 4 vagões, os pantógrafos ficam no primeiro e no quarto vagões. Se for de 8 vagões, também os haverá no quinto e no oitavo vagões.

  4. Quanto aos viadutos sobre as ruas Francisco Bicalho, Figueira de Melo e Ceará, projetados pelo engenheiro Lauro Müller, dizem que ele temia o desabamento deles quando os trens passavem por cima, e por isso teria cometido suicídio.
    Não sei se é verdade.

  5. Hélio,
    Esta do Dr. Muller deve ser lenda.
    Engenheiro que se preze e tenha diploma, não tem dúvida nenhuma sobre seus cálculos estruturais.
    As contas sao redundantes e tem que fechar uma com a outra.
    Apesar da estrutura de ferro feiosa, mais feiosa ainda por causa da cor, ainda se podia ver os belos pilares originais.
    Agora com o viaduto S. Cabral é que acabou de vez com tudo, que na minha opinião devia ter sido tombado.
    Era um marco da cidade.

  6. O arremedo em questão atrapalha nada menos que a vista da Francisco Bicalho para o Corcovado! Um detalhe é que a via preexistente que liga a linha 2 ao CM não é em arco, deixando claro que não se trata de uma estrutura necessária! Além disso, na Presidente Vargas nos deixou uma passarela de elefantes (quando bastaria suportar pedestres) com arcos e mais arcos…

  7. Lembro do sinal, no subúrbio era comum esse tipo.
    Uma coisa que me chamou atenção é que não dá para ver se existe um delimitador de altura para o viaduto como tem hoje, será que no começo tinha muito acidente?
    Também a rua não tem canteiro central!

  8. Dos aspectos mostrados na foto, lembro do trem e do sinal de trânsito. As pinturas de ônibus da época seguiam este padrão da foto (saia, listra e teto com diversas cores). Consigo enxergar pelo menos 3 Fuscas.
    Na época em que mais peguei trem (década de 80), alguns ramais operavam com trens de 6 vagões e outros com de 8. Em algumas estações previstas para 6 vagões, as portas dos últimos vagões dos trens de 8 se abriam para o vazio.

  9. Fui um dos engenheiros que participaram da construção da Morada do Sol. na época eu era um recém formado pela UFF, e essa minha primeira obra foi um marco sensacional pelo desafio de construir contra o tempo, usando de todos os recursos técnicos possíveis e que tivemos que descobrir.
    Não pretendo discutir a arquitetura nem o bom gosto pessoal de cada um. Mas a curiosidade me trouxe até aqui. Saudades de um tempo que não deixa saudades a ninguém. Na verdade, as saudades são daquele engenheiro que eu fui um dia.
    Um grande abraço

  10. O ônibus da Castelo Auto Ônibus era um Vieira Mercedes Bens e só poderia estar fazendo a linha 312 – Mauá x Ramos.

  11. Pela foto vemos que o trem está com uma porta aberta, com um “camarada” com a metade do corpo pra fora.
    Não muito diferente de hoje. Passaram tantos anos, mas, os problemas sao os mesmos…

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