Av. Delfim Moreira, 1975, novo urbanismo

A foto de hoje, na qual não tenho certeza se já foi postada no fotolog, mas não no site, mostra o recém entregue urbanismo da orla Ipanema-Leblon em Fevereiro de 1975.
Projeto do EGB visava por fim a diversos problemas da orla dos dois bairros, notadamente o estacionamento sem controle dos frequentadores nos dias de sol, que desde os anos 50 inviabilizavam qualquer tentativa de ser ajardinar a orla, com seu urbanismo dos anos 30, com passeios centrais e meio-fios baixos.
Foi implementado um programa complexo, passando por sinalização, iluminação, paisagismo e urbanismo. O mais revolucionário foi o canteiro central, antes assolado por levas de carros parados de qualquer maneira.
Foi criado um engenhoso sistema de vagas em espinha de peixe, dispostas em 45 graus, e que se entrelaçavam, comportando com muito espaço carros nos dois sentidos da via, como podemos ver pelos carros estacionados. Além disso as áreas destinadas a jardins foram isoladas por altos meio-fios e os jardins acentados em dunas de grama, o que inviabilizava a ocupação por veículos. Nas calçadas o desenho pioneiramente usado na Praça Nicaragua em Botafogo e posteriormente na Esplanada de Santo Antônio, e premiado internacionalmente, foi aplicado no calçadão da praia, revestindo o que estava improvisado desde os anos 50, e também a calçada junto aos prédios que também ganhou jardins no estilo dos já existentes na Lagoa.
A foto tem uma nota curiosa, a convivência de dois sistemas de iluminação provisórios, já nos postes de 15 metros no canteiro central. Um composto de duas luminárias padrão Light e outro composto de 4 braços curvos padrão CEE com luminárias Peterco a vapor de mercúrio. certamente o primeiro foi instalado durante as obras quando a CEE não tinha assumido o sistema da área e o segundo colocado de forma emergencial enquanto o sistema definitivo, um Philips, não era, ou importado ou fabricado, o que ocorreria no final do mesmo ano.
Deste bom urbanismo pouca coisa sobra, pois com o projeto Rio-Orla do início dos anos 90, o canteiro central foi estreitado para poder se manter as 3 faixas de rolamento, mais a ciclovia, criando um sistela de vagas a zero graus, de um só lado da avenida que mais atrapalha o fluxo que ajuda.
Nosso fotógrafo estava em algum prédio na esquina da Rua João Lira.

18 comentários em “Av. Delfim Moreira, 1975, novo urbanismo”

  1. A ciclovia foi um avanço e tanto mas a falta de estacionamento é um problemaço. A quantidade de dinheiro que se gasta com essas modificações em espaço tão curto de tempo é impressionante.

  2. A falta de estacionamento foi proposital. A ideia era fazer com que as pessoas não usassem o carro para ir para essas praias, liberando o trânsito.
    Antes do Rio Orla, a pista da praia era interditada aos domingos?
    Não achei que o espaço de tempo foi curto. Foram praticamente 20 anos entre as intervenções. E depois disso já se passaram mais quase duas décadas.

      1. O marina all suite ( aquele prédio finiiiiiinho da esquina da bartolomeu mitre) é posterior, do final da decada de 80. Mas o marina palace é dessa época sim.
        Nos anos 80 a Marina já cantava que “o hotel marina quando acende…”

        1. O Marina “fininho” da esquina da Bartolomeu Mitre foi construído antes do Marina da esquina da João Lyra, lá pela década de 70, tendo ficado fechado por um longo tempo e depois reaberto.

  3. Também tenho a impressão que a foto foi tirada do Hotel Marina, na esquina da Delfim Moreira com João Lyra.
    Pela sombra, acho que a foto foi tirada à tarde
    Além disso, por esta mesma sombra, nota-se a presença de um edifício muito alto, discrepante do padrão de 4 andares da grande maioria dos prédios da Delfim Moreira. Só pode ser o Marina.

    1. Estou aqui pensando se a foto não teria sido tirada de fato do Hotel Marina, mas quando ele estava em construção. Ou então havia algum outro edifício de tamanho razoável no lugar antes dele. Contando as esquinas é certo que estamos logo após a João Lyra (que correria no pé da foto, fora do quadro). Só que a sombra, apesar de ser um edifício alto, não parece ser tanto quanto o Marina, além disso no prédio atual parece não haver ângulo para obter a foto.

      1. Antes, no terreno do Marina da João Lyra, havia um prédio de somente 3 andares, daqueles típicos da urbanização inicial do Leblon.
        A sombra é a única da praia do Leblon, o que mostra que o prédio que a gerou é bem maior que o resto da orla. Por isto acho que é o Marina da João Lyra.
        Concordo, contudo, que a João Lyra está fora do quadro.

        1. Vitor.
          Acho que a foto foi tirada no inverno, próximo às 10:30h e estava batento um Leste.
          Muito bom pras ondas do Arpoador.

  4. Sempre achei que a ciclovia devia ficar entre a areia e o calçadão, o que tem gente que corre risco quando salta dos onibus na orla não é brincadeira.
    Se fosse assim, não precisariam estreitar o canteiro central.

    1. Totalmente inviável uma ciclovia entre a areia e o calçadão. Não existem, e não podem existir, barreiras entre a calçada e a praia. Com a ciclovia no lugar onde está, ela é (ou deveria ser) uma separação entre os carros e os pedestres, sendo cruzada apenas em locais determinados e sinalizados.
      Errados estão os pontos de ônibus “soltos” na via.

    1. Honório,
      Lembro muito da Chácara 92, pois morava em frente.
      A Chácara 92 ficava na quadra anterior a qual foi tirada a foto, entre a Bartolomeu Mitre e General Urquiza.
      Se não me falha a memória, a construção dos 3 espigões se deu entre 70 e 72.

  5. Concordo com o Derani. A ciclovia não poderia ser junto da via. Deveria haver uma calçada, a ciclovia e outra calçada, mais estreita que ficaria junto da areia.
    O estacionamento paralelo à rua é de uma estupidez incrível! Você pára o carro e sai direto para o canteiro que às vezes é um morrote. Como você vai até o sinal para atravessar a avenida? Ou pelo asfalto ou pela terra. Já imaginaram um cadeirante?

  6. Dá para ver o Hotel Cesar Park ainda no esqueleto, lá em baixo. Os postos de salvamento ainda são os antigos. Não há quiosques, só carrocinhas. E as dunas de Ipanema haviam desaparecido, com essa urbanização. Talvez porque ela tenha acompanhado a instalação dos tubulões do interceptor oceânico, que, de início, cortou a areia da praia, junto à calçada, até ligá-los ao emissário submarino, lá na altura da Farme de Amoedo, em Ipanema. Quanto ao desenho das calçadas em pedra portuguesa, que hoje é uma referência de Ipanema/Leblon, ele apresenta um módulo básico diferente daquele das tradicionais ondas. À época foi criticado, porque, comparado à duplicação da Atlântica, de alguns anos antes, ele não tinha a grife respeitada de Burle Marx. Aliás, gostaria de saber quem é o criador desse desenho… E quanto a tomar ou descer dos ônibus no estreitíssimo passeio entre a faixa de rolamento e a ciclovia, lembro de uma mesa redonda na TVE em que o Prefeito Marcelo Alencar, questionado sobre o RioOrla que mal começara, respondeu que não haveria mais linhas de ônibus passando pelas praias…

  7. Olá Andre, visitar seu blog é um enorme prazer!
    Ou ele tirou do prédio para o qual me mudei um ano antes, ou do Marina que ainda não estava pronto, me parece. Lembro-me que a obra ficou paralizada por um bom tempo. O hotel avançava no alinhamento, alguma coisa assim…
    abraços e parabéns pela bela coletânea!
    Joy

Deixe um comentário para Victor Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 + 3 =