Av. Atlântica, últimos dias da velha avenida

O colega Jason Vogel mandou já há alguns meses algumas fotos de sua infância possivelmente datadas de 1971 e que mostram detalhes de Copacabana, já verticalizada mas longe da decadência dos anos 80 da qual até hoje o bairro luta para se recuperar.
Esta primeira foto mostra a calçada junto aos prédios da Av. Atlântica no quarteirão entre as ruas República do Peru e Paula Freitas, mostrando os últimos dias da velha Atlântica, pois as obras de aterro da praia já estavam bem adiantadas, com o mar afastado e as obras do interceptor em andamento, mas longe da conclusão da nova avenida, pelo menos nesse trecho, que só seria realizada quando as obras do subsolo terminassem.
O calçadão da praia se mostra já bastante danificado, e a areia já foi transformada em uma pré base para as novas pistas sepultando de vez a clara e fina areia que deu fama ao bairro. Vemos inclusive uma Kombi e algumas carrocinhas junto a esta nova área, embora mais a frente ainda temos monturos de areia e alguns equipamentos, canos do aterro hidráulico e barracões.
Mas o que me chamou a atenção foi o comércio, uma loja de câmbio e uma joalheria, hoje no local temos uma joalheria e uma corretora de imóveis. Pouco mais a frente vemos mesinhas na calçada do antigo hotel Trocadero Othon, vendido a uma nova rede que promoveu um descaracterizante retrofit no prédio, que perdeu suas linhas modernistas virando apenas um cubo de vidro azulado.
As poucas mesas alinhadas era o máximo permitido na antiga calçada da avenida, restaurantes como o Lucas e o Alcazar as mantinham debaixo das marquises dos prédios, e bem poucos estabelecimentos tinham varandões, como possuiam alguns hotéis notadamente os mais antigos como o Luxor que não precisavam abrir todo o recuo da calçada. Mais ao fundo inclusive o vemos ainda com sua fachada déco original, que em breve seria modificada.
Outro prédio que em breve teria sua fachada modificada é o fronteiro ao Ed. Albatroz, quase na esquina com a Rua Siqueira Campos, a fachada falsa de vidro fumê e esquadrias de alumínio, já estava instalada nos dois pavimentos superiores, acrescidos em obras de mais valia, em menos de 2 anos toda a fachada déco, com persianas copacabana alinhadas desapareceria, sbstituída por essa nova fachada.
A foto também nos mostra o tráfego na velha pista, em mão dupla com quatro estreitas fachas de rolamento, os postes do “colar de pérolas” ainda funcionais longo do abandono dos dias de hoje e as calçadas extremamente lisas.
Virão mais fotos dessa série, recomendo vê-la em alta para apreciação dos detalhes

18 comentários em “Av. Atlântica, últimos dias da velha avenida”

  1. Depois chamam a gente de saudosista.. mas o aspecto era muito mais humano do que hoje em dia… era só não deixar a cidade crescer demais e num lugar só.
    O controle urbano é uma coisa importantíssima.

  2. É de chorar!
    A “minha” Copacabana em seus últimos dias.
    Tinham que ter feito o metrô décadas antes, tinham que ter um plano viável de transporte coletivo, tinham que ter evitado a verticalização criminosa, tinham que ter proibido as quitinetes, tinham que ter expandido a cidade de forma mais organizada e racional, fora do eixo da Zona Sul, etc, etc.

  3. Foi com muita tristeza que, morando em Copa na época das obras, vi a transformação da praia numa grande praça de shows.
    Uma coisa que quase ninguém repara é que, como a pista era estreita e o trânsito pequeno, quase não havia sinais de trânsito. E as pessoas atravessavam tranqüilamente a rua para ir à praia.
    Uma observação: o termo “calçadão” só começou a ser usado muito tempo depois de concluída a obra. Mais uma influência paulista, como “mergulhão” e outros “ão” que se usa atualmente.

    1. Notaram como no inverno é tudo mais tranqüilo, sem a excitação dos shows na praia ? Assim que o tempo esquentar, começa o inferno.

  4. Esta é do meu tempo, he, he. E por falar em Alcazar, quem lembra das cadeiras de palha, e a varanda ainda aberta? Outra coisa que não me esqueço, é a concessionária Chrysler que ficava onde hoje é uma lanchonete Bob’s, na esquina da Atlântica com Djalma Ulrich.

  5. .
    Como disse o Luiz, é de chorar.
    Tenho uma saudade enorme desta avenida nas décadas de 1950 e 1960. Era ainda mais bonita.

  6. Se o alargamento era inevitável, tinham que ter mantido esta pista e calçada junto aos prédios, e feito apenas outra pista por fora. Ia ficar parecido com Ipanema e Leblon.
    Quanto à areia, será que não daria pra fazer uma dragagem para trazer a original de baixo pra cima?

  7. Na foto ampliada, se percebe a placa de “proibido estacionar” ainda com a letra “P” riscada. Em que ano foi adotada a placa com o “E” riscado?

  8. Sei que estou indo contra a corrente mas gosto da avenida atual. O grande problema foi a verticalização que gerou o bairro “amuralhado de hoje”, insuportavelmente cheio de gente. A falta de corredores verdes ou mesmo avenidas largas das montanhas até a praia também ajuda a sufocar o bairro.

  9. Estou me sentindo um Gran Dinossauro.
    Em 1971, eu tinha 19 para 20 anos.
    Copa!; era isso aí….
    Sonho?…..Não sei; mas era linda!!!!!
    Saudações de um Lebloniano!

    1. Honório,
      Se você sente isto por Copacabana, imagino o que não sente se lembrando do arrastão lá perto do canal, no fim do Leblon, nas manhãs ensolaradas dos anos 50 e 60.

  10. E aposto que o bebe no carrinho que vem no calçadão é o meu amigo Jason Vogel. Ele sempre num carrinho antigo.

  11. Fantásticas fotos. Curiosamente, a mãe e o bebê dessa foto são os mesmos fotografados na esquina da Rua República do Peru, em outra foto de Jason Vogel.

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