Av. Pres. Vargas, 1950

Hoje estou trazendo duas imagens do Blog dos Carros Antigos ( http://carrosantigos.wordpress.com/ ) do amigo Nikollas Ramos, que é uma fantástica viagem para todos que gostam do universo dos carros de ontem.
As fotos são do acervo de Nelson Santos e foram feitas por seu pai, em 1950 e mostram um Av. Pres. Vargas em sua essência, ou seja, uma grande cicatriz urbana no Centro, pois o tecido urbano que deveria ter surgido logo após sua inaguração, até hoje está incompleto e na época da foto, 6 anos após a inauguração da via, apenas engatinhava em um pequeno trecho, junto a avenida mais valorizada, a Rio Branco, que contraditoriamente não teve suas regras constrtutivas modificadas. Justamente para direcionar a demanda pelos novos arranha céus para a novíssima avenida.
As duas imagens parecem ter sido tiradas por de dentro de uma janela, que amplifica mais ainda os reflexos do sol nos veículos e postes. Acredito estarmos depois da Rua Uruguaiana e certamente antes da Av. Passos, possivelmente na Rua da Conceição ou dos Andradas, sendo minha favorita esta última.
Na primeira foto vemos que  urbanismo é um pesadelo, calçadas estreitas, pedestres andando pelo que parece ser o resto do pavimento da Rua do Gal. Câmara, inclusive com um pequeno trecho de trilhos aflorando e uma linha de 2 meio fios. Ao fundo, junto com a Candelária, todos os prédios estão em construção, ou em fase de acabamento, numa débil tentativa de dar um sentido na nova via, criada de maneira atabalhoada.  Vestígios da ocupação urbana, usurpada pelo poder público, ainda sobrevivem como os caminhôes de carga que serviam o comércio, outrora forte nas duas desaparecidas ruas. Com os carros se espalhando em um grande estacionamento a 90 graus. Na foto super-exposta e granulada podemos ler precariamento o escrito no letreiro do sobrado “Pinta Tudo” e parcialmente no charmoso caminhão logo abaixo ” …ista Irmãos Trindade”.
Na segunda imagem vemos o tecido urbano da Rua de São Pedro, indo à decadência de modo forçado, vários terrenos baldios são criados por entre os sobrados e pequenos prédios, para somente darem lugar a novas construções, 10, 15 anos depois. Mais a frente vemos a esquina com a Av. Passos, bem indicada pelos 4 postes centrais de maior altura, como existiam em outras 2 esquinas “especiais” da Pres. Vargas; a Rio Branco e a Praça da Rebública. Não vemos uma só árvore e nem conforto para o pedestre, numa época que o carro ainda era artigo de luxo. Nesse trecho também não vemos mais linhas de bonde, o que levar a crer que elas só iam até a Av. Passos. Os postes, antes pintados de preto ou cinza/marrom escuro, numa época que os postes da Av. Atlântica e Jd. de Alah já eram no novo padrão da Light há uns bons anos, finalmente já estavam de acordo com as novas cores da companhia. A frota de carros é um colírio para os amantes dos veículos dos anos 30 e 40.
Nas duas imagens o que chama a atenção é a fila de ônibus, que vai de um ponto a outro da avenida, o que poderia indicar a entrega dos novos carros aos sistema público de transporte da cidade, embora não haja uma unificação de modelos e mesmo de origens, pois vemos ônibus ingleses e americanos.
Divirtam-se com as imagems que poderão ser vistas na resolução máxima ao se clicar nelas

16 comentários em “Av. Pres. Vargas, 1950”

  1. O que me chamou atenção foi a fila ordenada dos ônibus.Impensável hoje em dia com a total deseducação dos motoristas e a impunidade generalisada.
    Ótimas fotos.

  2. Com o link direto pra foto “em alta” não precisamos mais ficar imaginando o que o Decourt está descrevendo. Excelente!

  3. André,
    Tenho quase certeza que a foto foi tirada da rua da Conceição, e não Andradas. Com chance até de ser a Av. Passos. Passei pelo local hoje, e tirei uma foto – está em http://www.barracineontem.etc.br/fotos/centro_20091001.jpg para quem quiser ver. O edifício em construção em 1º plano é o da esquina da Rua Uruguaiana com Presidente Vargas, onde fica o “lanches Cerejinha”. Reparem nos pilotis, ele não tem pilotis no vértice das 2 ruas, o que confere com o edifício da esquina. O vão que havia entre 2 edifícios um pouco adiante é a Rua Miguel Couto, e hoje está preenchido pelo prédio estreito da foto.
    Não é a rua dos Andradas porque ela fica muito próxima da Uruguaiana (veja na foto atual, a Andradas fica entre o Banco Central (prédio preto à esquerda) e o Iperj (prédio em obras).

    1. Mario, acredito que o prédio com empena cega seja o da Rua Miguel Couto, portanto o em construção é o penúltimo antes do curvo da a Uruguaiana. A rua da Conceição é outra escolhida, embora confrontado-se com mapa e pela posição do fotógrafo ainda fico como favorita a dos Andradas.
      Já os postes especiais que ficavam na esquina da Passos, descartam a foto como tirada da sua esquina com o antigo Largo de S. Domingos, inclusive andei vendo fotos da abertura da avenida e o sobrado que existia na esquina da Passos com a Gal Câmara e L. de S. Domingos.
      A destruição foi tão grande que precisaríamos de mais fotos antigas para sepultarmos de vez se era Andradas ou Conceição.
      Valeu pela foto da região como está hoje, é uma ótima comparação

  4. André,
    Fico com a Rua da Conceição. A razão é simples: entre Conceição e Andradas havia a Travessa Armando Sales Oliveira, onde nasci. Acho que é ela que aparece na foto. Logo… se for ela, a foto foi tirada da Rua da Conceição.

  5. Indo mais além na imaginação, a esquina pode ser nem da Conceição, nem de Andradas, mas da própria Armando Sales Oliveira, que é uma travessa que ainda existe nos dias de hoje, entre as duas ruas. Por que não? Pode ser também a Av. Passos. A distância da Candelária é compatível.
    Há como saber, mas exige uma visita ao local, com a foto impressa. Pelos ângulos em que aparecem os prédios do outro lado da avenida é fácil saber de onde foi feita a foto.

  6. Observe na segunda foto, apontando para a Central do Brasil, que não aparece qualquer esquina na Presidente Vargas. Logo, a foto deve ter sido tirada da Av. Passos. Se fosse da Conceição, Andradas ou Armando sales Oliveira, apareceriam as esquinas das transversais.

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