Esse postal, certamente foi comprado para alguma reportagem ou constituição de acervo da Revista Life, mas não é de autoria de seus fotógrafos, mostra numa imagem do início dos anos 10 flagrante de um cruzamento que foi totalmente moldado pelas reformas urbanas de Passos.
Na foto, ou as vias foram criadas ou muito modificadas pela administração do grande prefeito. A Avenida central, via nova rasgada no meio do velho tecido colonial. A Av. Mal Floriano, via ancestral da cidade, surgida como trilha que acompanhou o recuo de um braço de mar que beirava o Morro de São Bento, e por abrigar um grande número de pescadores nessa ancestral fase do recuo do mar, permaneceu conhecida com Rua dos Pescadores. Estreita, suja, com inúmeros prédios em péssimo estado, alugados pela ordem de São Bento, abrigava comércios ligados a atividades navais e importação e exportação de produtos. Passos a triplicou de largura e corrigiu seu traçado em direção ao Largo de Santa Rita, onde se juntava a outra nova via, criada pelo grande prefeito, a Mal. Floriano.
Resquícios desse tempo ainda permaneciam em inúmeros prédios da nova via, como o que vemos na esquerda da imagem, de propriedade dos monges de São Bento, tradição essa que existe até hoje. Onde quarteirões dessa região, possuem inúmeras salas comerciais, quando não prédios comerciais inteiros de propriedade dos beneditinos.
O cruzamento foi tomado como inportante pelos plnaos de Passos, pois unia dois eixos de comunicação entre as atividades portuárias e comerciais da cidade. Para isso foi construída uma grande rotunda na confluência das vias, que abrigava o único poste central com 4 braços e 5 luminárias.
O comércio é o típico da época, temos um café no imóvel da direita, uma tabacaria e aparentemente um restaurante/leiteria no da direita. É importante salientar que esse era um pedaço notadamente negocial da avenida, longe da área comercial mais sofisticada perto das Ruas do Ouvidor e Sete de Setembro. Nesse pedaço prevaleciam bancos, escritórios de despachantes aduaneiros, casas de câmbio, representantes comerciais, sedes de grandes companhias mercantis, comércio de maquinarias ou técnico etc… Novamente aí tinhamos a tradição que se mantinha na nova cidade, devido a proximidade dos dois portos, o novo e o velho no Cais dos Mineiros, a Alfândega, a Bolsa e os grandes bancos.
Por fim, posando no meio da pista que vai para os lados da Ajuda um pequeno jornaleiro, de uniforme impecável, possivelmente empregado de algum jornal ou distribuidora e não autômono como diversos outros garotos.
No horizonte, as torres do Jornal do brasil, Jornal do Commércio e Casa Colombo.
Depois de uma ausência de mais de um mês por causa de férias, estou de volta. Esse jornaleiro estava posando para o fotógrafo.
Além da Av. Beira mar e de uma centena de ruas alargadas e ou prolongadas, o grande Prefeito criou alguns corredores de tráfego importantes como a Av. Passos ligada à rua do Acre,rua Uruguaiana, rua da Carioca ligando à Frei Caneca e a Av. Men de Sá e, claro, a rua Mal.Floriano ligando com a Central do Brasil e à zona norte.
Que elegância, a avenida e as pessoas que circulavam nela!
Até bem pouco tempo esta região ainda conservava sua vocação desses ramos de negócios, pelo menos muitas casas de câmbio e comércio atacadista.
Pelo asfalto, ou macadame, parece que tinha acabado de chover quando tiraram a foto.
A região ainda mantém parte desse tipo comércio.
O terreno do prédio alto atrás do café, atualmente é um estacionamento e será leiloado na semana que vem.
Retificação:
O prédio atrás do café é o da livraria da Travessa. O terreno que será leiloado é à esquerda do prédio à esquerda da foto.
Repararam? Tem um carinha escondido atrás da árvore.
Nessas fotos antigas não se vê sujeira nas ruas.
Até cuspir na via, o Prefeito mandava prender.
Nessa foto aparece um dos poucos prédios hoje remanescentes da antiga Avenida Central, o do Iphan meio escondido do lado direito, atrás do café.
Outro desses prédios está atrás do fotógrafo, o do Banco Central.
Além destes, tirando o complexo da Cinelândia só restam o prédio da Vitor Hugo/ex-Brastel (que espero ver um dia restaurado), o “tapa-buraco” ao lado da igreja do Rosário, um pequeno no bico da rua D.Gerardo e o Clube Naval.
Extremamente relaxante o ambiente nesta magnífica foto. Outra época, outras prioridades, mas será que vivemos melhor? Seria ótimo que os conspurcadores das vias públicas fossem disciplinados com uma sessão de chibatadas.
O comércio deste lado da cidade está morrendo….