Boite Vogue, o mistério


Com essa imagem da Av. Princesa Isabel, nos primeiros anos da década de 60, continuo com o tema, levantado no post de ontem: Aonde ficava a de fato Boite e Hotel Vogue.
 Praticamente todas as anotações históricas sobre o prédio da Boite e do Hotel, mencionan o endereço como Av. Atlântica, memórias de personagens como Tom Jobim indicam o conjunto como na Av. Atlântica, há até pesquisas de mestrado e doutorado dando essa informação.
No post de ontem os amigos Richard e Rouen, levantaram a pedra que o Vogue ficava na Av. Princesa Isabel, bem ao lado do posto de gasolina que aparece ontem, anexaram até mesmo um post do Arqueologia do Rio ( http://fotolog.terra.com.br/bfg1:677 ) onde é mostrado um solitário prédio na Princesa Isabel, que seria o Vogue.
Consultando o mestre Ruy Castro, vemos no mapa que é disponibilizado no livro Chega de Saudades a História e as Histórias da Bossa Nova vemos que a Vogue é apontada como sendo na Princesa Isabel, porém há a Boite Mocambo no lugar que muitos historiadores falam que ficava a Vogue, na Atlântica.
Possivelmente temos uma confusão generalizada entre as duas Boites na efervecente cena noturna do Posto II nos anos 40, 50 e 60 onde clubes, boites, inferninhos, bares e restaurantes boêmios ocupavam praticamente cada loja da região.
De fato, a famosa foto da Revista Manchete que mostra o terror do incêndio do prédio do hotel o mostra sem vizinhos, o que poderia ser um recurso de foto-montagem para destacá-lo dos seus conflitantes, ou que atesta que não havia prédios ao seu lado, confirmando a tese da Princesa Isabel.
Infelizmente a única iconografia conhecida do prédio é a do dia do sinistro, onde podemos especular que devia-se a discrição chic dada ao local. Clube famoso, hotel que abrigava inúmeros artistas de passagem pelo Rio, notadamente músicos e um dos primeiros locais da cena lésbica do Rio de Janeiro, embora sem chamar a atenção, tudo muito abafado e para círculos fechados.
Nossa foto mostra a Avenida já unificada, mas a chegada à praia ainda tem os aspecto de uma região com o urbanismo conflitado, terrenos baldios, o urbanismo do canteiro central que difere totalmente do resto do planejado para a via, e os imóveis ao lado em compasso de espera. Possivelmente pela divergência de planos para o local e até mesmo para a Av. Atlântica, pois se previa uma rotatória no local, com o alargamento da Av. Atlântica apenas no local, isso no final dos anos 50, idéia essa sepultada quando se decidiu alargar toda a praia.

30 comentários em “Boite Vogue, o mistério”

  1. Caro André,
    Essa discussão da localização da Vogue me acompanha há muito tempo. O que eu acho mais incrível é que estamos falando de um local famoso do Rio de Janeiro, há pouco mais de 50 anos e ninguém sabe direito onde ficava. A informação do Ruy Castro, na Princesa Isabel, combina com a do post do Arqueologia do Rio e com a que eu havia obtido até agora em meus contatos verbais. Mas que o mistério continua, continua sim.

  2. Pelo que sei e pelo que li, a Vogue ficava exatamente em cima desta pista da esquerda da Princesa Isabel, de frente para a praia.
    Portanto ficava em ambas ruas, Atlantica com Princesa Isabel, que só tinha esta pista da direita, em frente ao hoje já ontem Meridien.

  3. Todos os registros que tenho por aqui dão como endereço do Vogue a Av. Princesa Isabel.
    Agora, é inacreditável que antigos freqüentadores do Vogue, certamente muitos ainda vivos, não possam dar o testemunho ocular.

  4. Pelo que me consta desde criança, a Vogue ficava na Princesa Isabael em frente ao primeiro prédio a direita.
    O que eu acho interessante nesta foto é que eu me lembro no início dos anos 70 da casa que ficava ao lado do Ed. Leão Veloso (?) o que se vê um pedação no lado equerdo da foto.

      1. André,
        eu devo estar enganado quanto a data, mas a casa que eu falo é a do terreno do prédio que chamam de “drops de anis” que era escostada ao Ed. Leão Veloso, portanto este edifício ocupa os dois terrenos.

  5. O prédio da boate Vogue ficava na Princesa Isabel e não era na esquina da Atlântica. Isso eu me lembro. Fui ao local com meu pai, como várias outras pessoas, no dia seguinte ao incêndio.
    Eu já tinha uns 11 anos.

    1. Concordo com você, ficava na Av. Princesa Isabel e não fazia frente com a Av. Atlântica. Quando fui morar em Copacabana, em 12/1955, o incêndio já tinha acontecido, mas passei muito por lá, pois estudava no Curso Toneleros, na Princesa Isabel e perto do túnel. Ah! Na época eu tinha 10 anos.

  6. Amigos, a boite Vogue ficava em frente ao posto de gasolina da foto, mas não era encostada na praia.. Quem entrava na P. Isabel vindo da Av Atlântica, era o segundo imóvel do lado esquerdo. Eu me lembro, pois meu pai contava as histórias sobre o incêndio sempre que passávamos em frente ao prédio. Ao lado do posto havia a boite Drink’s, do Djalma Ferreira, famoso músico da época.

    1. Olha, a boate do Waldir se chamava Arpège e era na Gustavo Sampaio. é fácil achar nas imagens, uns discos do Waldir Camon com este nome

  7. Neste primeiro prédio da direita havia um açougue creio que se chamava Normandie e era de um patrício. Eu acompanhava meu pai, ele comprava as carnes em 5 minutos e ficava uma hora batendo papo com o patrício.

    1. é verdade. O Normandie era um açougue chique, com carnes pré embaladas, uma novidade nos anos 60. e a esquina, muito ventosa, me obrigava a segurar a saia toda vez que passava por lá.

  8. Eu tinha 4 anos quando meu pai soube que a Vouge tinha queimado e fomos lá ver. Não me lembro de quase nada, mas minha impressão era de a casa ficava onde é hoje o Meridiem, mas vendo essa foto no blog acho mais provável que ficasse justamente em frente, no que hoje é um canteiro central da avenida. Na época também se falou de incêndio intencional. Me parece que algum grupo tinha interesse em retirar os prédios dali.

  9. O RUY MATOU A CHARADA.MEU VELHO TRABALHOU NO HOTEL VOGUE ATÉ O DIA DO SINISTRO, ESTAVA EM CASA E FOI CHAMADO AS PRESSAS.MORAVAMOS EM BOTAFOGO.QUANDO CHEGOU LÁ JÁ NÃO DAVA PARA FAZER NADA.O HOTEL FICAVA NO CANTEIRO DA AV. PRINCESA ISABEL.NO MEIO DA AV.

  10. O HOTEL ONDE FICAVA A BOITE VOGUE FICAVA NO MEIO DA AV PRINCESA ISABEL, TIPO A CANDELARIA NA AV PRES VARGAS. ME LEMBRO DO INCENDIO. EU MORAVA NA BELFORT ROXO. TINHA 4 ANOS.

  11. Nascido e criado no Leme, assisti, aos 13 anos, ao incendio do Vogue. Por isso , possoa afirmar que, definitivamente, o estabelecimento se encontrava na Av. Princesa Isabel, no lado esquerdo do trecho entre Av Atlantica e Av N. Sra de Copacabana que hoje abriga a mão em direção aa cidade ( mais ao menos onde na foto está o que parece ser um barracão ). Mais especificamente, o que entendemos hoje como Av Princesa Isabel – duas mãos – na época só existia entre o túnel e a N. Sra de Copacabana; o trecho entre a praia e a N. Sra, que hoje constitui o lado esquerdo da Princesa Isabel , vista da praia ( a mão vindo de centro ) era então fechado, com diversas construções baixas e uma única alta, exatamente o Hotel/boite Vogue. Alguns poucos anos após , creio que Governo Lacerda, esse casario foi demolido, abrindo-se entao a avenida.No segundo andar do posto de gasolina quase em frente funcionou depois a boite Fred”s.

  12. Agora falta dizer qual o número do edifício onde se localizava o extinto hotel. Anos depois, o mesmo dono, o barão Von Stuckhart, criou o Au Bom Gourmet.

  13. Se meu avô tivesse vivo ele poderia falar o exato local, porque ele quem montou todo o sistema de som da boate e do Hotel Vogue. Meu avô veio de São Paulo especialmente para montar o som do Copacabana Palace e depois foi contratado para montar do Vogue.

  14. Eu tinha nove anos quando voltava para casa de ônibus com a minha mãe e o Vogue pegava fogo.
    O edifício ficava na esquina da Nossa Senhora com a Princesa Isabel. O prédio queimado e até com uma pele branca, provavelmente um pelego, na janela do último andar, ficou em pé por anos, até realizarem a abertura da princesa Isabel, quando foi demolido.
    Se você foi morador do Leme e criança nessa época, deve se lembrar de uma lojinha da Kopenhagen na Nossa Sra de Copacabana. Pois bem, era quase vizinha ao Hotel, em frente ao ponto de ônibus onde saltamos naquele dia. Meu irmão afirma cheguei a ver um homem saltando, mas como não me lembro, é provável que minha mãe tenha coberto meus olhos, apavorada. Fui levada para a casa de uma amiga na Ribeiro da Costa longe do rebuliço.

  15. Confesso que achava que fosse a VOGUE que se localizava (ainda se localiza?) no LEBLON… Fui numa festa há tempos de um parente. Éramos todos crianças.
    Deve estar bem mudado o ambiente.

  16. FICAVA NO MEIO, ONDE HOJE É O CANTEIRO CENTRAL. COM FRENTE PARA A ATLÂNTICA E TAMBÉM PARA PRINCESA ISABEL. TINHA CINCO ANOS, MAS LEMBRO PERFEITAMENTE.

  17. Bom dia! Maravilhoso passear pela história do Rio de Janeiro!…
    Movida pela curiosidade, cheguei aqui fazendo uma pesquisa sobre o “Rond Point”na esquina da Av. Copacabana com a Fernando Mendes.
    Adorei conhecê-los

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