Exposição de 1922
Nossa foto de hoje mostra um ângulo pouco fotografado da Exposição do Centenário da Independência de 1922 que ocorreu em partes do antigo Bairro da Misericórdia e em áreas recém conquistadas ao mar pelo desmonte do Morro do Castelo, que ainda não havia sido concluído, pairando sobre a exposição com a cara que o país queria ter aos olhos do mundo as ruínas do conjunto jesuístico e partes inteiras do morro, habitadas, inclusive.
Nossa imagem mostra em detalhes não só prédios que não mais existem, mas também um ponto de vista que não é mais possível nos dias de hoje pela completa mudança na geografia do lugar.
À direita vemos em destaque e totalmente iluminada a torre do Pavilhão das Grandes Industrias, construído sobre duas instalações militares coloniais, a Casa do Trem e o Forte do Calabouço.
Se na Casa do Trem as transformações foram menos radicais, mantendo a forma básica do prédio, tanto que hoje em dia partes já foram voltadas para algo muito próximo a primeira metade do séc XIX, no Calabouço as transformações foram extensas, modificando completamente o velho fortim, embora certamente nos dias de hoje poderia ser restaurado, mas ele com o prédio à esquerda desapareceram.
Na esquerda, com partes iluminadas e outras não temos o enorme Pavilhão de Festas ou das Diversões, talvez em área ocupada o maior da exposição, que ocupava uma considerávem área, onde hoje há alguns prédios e vias com traçado desconexo, o posto de vistoria do DETRAN e praticamente toda a largura da Av. Gal. Justo.
O Pavilhão de Festas foi parcialmente demolido no final dos 30, início dos 40, quando o novo alinhamento da região, diverso do estipulado por Agache anos antes, era criado em virtude da ampliação do Santos Dumont, ele perdeu a cúpula e pelo menos dois de seus vértices, inclusive o frontão, que vemos bem iluminado no canto esquerdo da nossa imagem. Permanecendo os restos do pavilhão abrigando órgãos públicos até seu fim, devorado por um violento e suspeito incêndio que destruiu não só ele mas também todos os arquivos e processos da Secretaria Mnicipal de Fazenda, no início dos anos 80, que estava alojada no edifício.
O Calabouço, desapareceu de uma vez só, vitima do mesmo alinhamento que vitimou partes do Pavilhão de Festas, criando por décadas uma cicatriz na lateral do Museu Histórico Nacional em muito abrandada na recente restauração de 2 de suas fachadas.
Foto de uma Revista da Semana de 1922
Márcio Bouhid comentou,
A torre era muito interessante. Não consigo entender a necessidade de demoli-la se o prédio do museu foi preservado.
28 de maio de 2008 às 10:06
Andre Decourt comentou,
Ela ficava extamente no traçado da Av. Gal Justo mais ou menos no início da subida do Perimetral, possivelmente seus alicerces devem estar debaixo do asfalto
28 de maio de 2008 às 10:33
Sonia Zylberberg comentou,
Caro André,
Você tem fotos da atual estação das barcas da Praça XV, nos anos de 1920? Na minha pesquisa sobre ela (para o Corredor Cultural) não encontrei qualquer informação sobre sua inauguração nem sobre o arquiteto autor do projeto.
Sua ajuda seria importantíssima para esta pesquisa.
Atenciosamente
Sonia Zylberberg
18 de julho de 2008 às 12:02
Marcus Vinicius comentou,
André, você teria fotos do Pavilhão de Festas após essas descaracterizações da década de 30?
28 de maio de 2008 às 10:43
Andre Decourt comentou,
Só possuo uma foto tirada de longe na construção das pistas do SDU, ela já foi postada no fotolog em 2004 ou 2005
28 de maio de 2008 às 13:56
Derani comentou,
Um conjunto arquitetônico interessantíssimo, que sem dúvida merecia ter sido preservado.
Toda a destruição em nome do automóvel…
28 de maio de 2008 às 11:44
Luiz Henriques Neto comentou,
Eu fico chocado é que um pais que era muito mais pobre do que hoje tinha dinheiro pra demolir morros, patrocinar exposições internacionais, erguer prédios enormes pra demoli-los em dez anos…
28 de maio de 2008 às 14:09
JBAN comentou,
Incrível a dinheirama gasta nessas exposições… Quem patrocinava ? O Tesouro ?
29 de maio de 2008 às 23:44