Nossa aéra de hoje, um fregmento de uma das imagens do CAN mostra o início dos trbalhos de demolição do Castelo em inícios dos anos 20.
Embora os trabalhos já possam ser considerados “adiantados” na região da antiga Chácara da Floresta e Ladeira do Seminário, vistos na nossa imagem na esquerda inferior e na base, respectivamente, os trabalhos se arrastava pelas técnicas empregadas e muito do velho morro, núcleo inicial da ocupação da cidade como conhecemos hoje está relativamente intacto.
Vemos ainda, no centro da imagem o Largo do Castelo, onde as três ladeiras de acesso se encontravam, a da Misericórdia, a mais antiga, a do Seminários, antiga Poço do Porteiro ( na imagem já interrompida ) e a mais nova a do Cotovelo.
Junto à Santa Casa, que vemos na parte superior direita da imagem, podemos vislumbrar o convento dos Barbadinhos, ou Capuchinhos, virado para nós estão as janelas de seu hospício, e para o lado inverso, a frente da velha Sé, na época ocupada por eles e na sua sissudez colonial ainda guardando marcos importantes da cidade, como o túmulo de Estácio de Sá e o Marco da Cidade.
No meio do largo podemos ver várias roupas quarando ao sol, cena típica do morro no séc XIX e início do XX, até sua demolição.
Na parte superior esquerda da imagem, vemos integrado aos sobrados o velho convento dos jesuítas, . Nessa época a velha igreja e hospício transformados no Hospital São Zacharias e na igreja nova, nunca concluída pelos inacianos, pois foram expulsos por Pombal, o Observatório Nacional, num dos cenários mais fantásticos que poderia existir.
No topo da imagem pequenos pedaços do também desaparecido Bairro da Misericórdia.
Na véspera do aniversário de fundação de nossa cidade, a imagem mostra o pouco caso do carioca e seus administradores com a sua história, hoje quase nada mais existe das primeiras partes da cidade, seu outeiro fortificado de pouso definitivo e o bairro que se formou logo abaixo, anos após a fundação em função do movimento portuário na antiga Praia da Piaçaba.
Até hoje em pleno séc XXI a história da nossa cidade é violentada, poucos imóveis e sítios são exceções, trechos inteiros de ruas jazem arruinadas e abandonadas na região do Corredor Cultural, a especulácão imobiliária continua destruindo casas e pequenos prédios do início do séc. XX, que são destemunhos do crescimento da cidade rumo à Zona Sul, prédios são desfigurados por seus moradores em inconcebíveis obras de “modernização”, o mobiliário urbano original de áreas histórias é abandonado ou extremamente mal conservado por quem dele deveria zelar, etc.
Aos 200 anos da chegada da família real, D. Carlota Joaquina, D. Maria a louca, e o principe regente D. João se sentiriam em casa, numa cidade abandonada, que urbanisticamente retrocede no tempo, desde o fim dos anos 60.
Comments (7)
riobus 29/02/08 09:13 …
conheço essa área aí
heheh
andreleblon 29/02/08 09:40 …
Belo relato!
Parabéns!
É realmente triste vermos que nao temos muito o que comemorar no aniversário da nossa querida cidade destruida ao longo de anos e que já foi um sinônimo de limpeza e segurança.
Apesar de Passos ter feito ótimos melhoramentos no Rio, não consigo entender porque simplesmente destruiu o marco inicial da nossa cidade.
Isso ao meu ver foi um crime horrível como muitos outros que aconteceram depois dos anos 40.
andredecourt 29/02/08 09:56 …
Andre não foi o Passos, mas sim o Pref. Carlos Sampaio na década de 20 que começou a destruíção do Castelo, seguido nas décadas seguintes pelo quase total arrazamento do Bairro da Misericórdia, que acabou de desaparecer com a construção do Forum
derani 29/02/08 10:30 …
A imagem que faço do Rio no seu aniversário de mais de 400 e tantos anos é de uma velha sem dentes, ainda bonita, mas sem dentes (e já ficando calva).
Isso tudo fruto de seus desgostos com seus filhos…
Oaxalá ainda apareça um Dr Pitanguy pra dar um jeito…
jban 01/03/08 06:26 …
O que foi feito na região do Castelo e Misericórdia foi um crime. Imaginem uma Rio Branco francesa, com um morro do Castelo colonial portugues e um Bairro da Misericórdia intacto com o seu Marcado em ferro inglês, tudo ainda de pé ? Que tesouro teríamos.
Havia e há muito espaço para os prédios modernos na região do Estácio, Cidade Nova, Portuária, etc,etc…. Mas o negócio era criar terrenos para especulação na área “nobre” da cidade.
hlgvargas 02/03/08 15:35 …
O tal de Ferrez faz um sucesso danado, e não explica nada disso.
Sorte de quem visita esse fotolog!
mvdem 02/03/08 21:46 …
Andre,
Excelente relato. Fioc imaginando se todo esse conjunto historico pudesse ter sido preservado como um grande museu a ceu aberto. Poderiam ter sido construidos restaurantes, lojas de venda de souvenirs, etc. Enfim, fazer da preservacao da cultura um “negocio” auto-sustentatavel. Os governantes tem uma visao curta e imediatista — sem cultura.