Infelizmente ficamos, mal, acostumados a grandes imagens, postadas nos últimos meses, aproveitando a capacidade de gerir grandes imagens do site, mas infelizmente na net não conseguimos achar imagens sempre do nosso agrado, pelo menos em termos de tamanho.
Hoje temos um desenho livre de o que era imaginado pela prefeitura do DF, no governo do caudílio, para a região da Praça XI, o bairro que abrigaria 910 mil pessoas, coroado com um facistóide obelisco de 100 metros de altura, que encerraria a absurda avenida em contraponto com a Igreja da Candelária. Tudo dentro de um modelo totalitarista, bem em voga no final dos anos 30, início dos 40.
Vendo esse desenho podemos entender o grau de estrago urbanístico que veio acompanhando essa área desde 1940.
Apesar de incoerene e inconcebível, pois a avenida não decolava nem no seu trecho mais valorizado, toda a região ficou assombrada pelo fantasma de demolição total. Por isso não se construiu mais nada, exceto o prédio modernísssimo do jornal Última Hora, demolido nos anos 70, todas as construções pararam nos anos 30.
Alguns ficaram nos seus imóveis, outros impedidos de vende-los por justo preço foram dilapidando o património tentando faze-los render o máximo possível, tirando suco até o bagaço.
A segmentação da área feita pela Pres. Vargas também não ajudava a melhorar o valor da área, que já era popular desde os anos 20, mas era viva, num verdadeiro caldeirão popular de mulatos, italianos, judeus, portugueses, polacas…. que conviviam em paz, não obstante todas as diferenças culturais. Mas a avenida e a demolição do núcleo central de toda a região a Praça XI e seus cinemas, bares, boates, restaurantes, cafés, templos e centros culturais, simplesmente desarticulou toda a sociedade local.
A PDF foi executando o plano aos trancos e barrancos, demolindo alguns quarteirões, desapropriando em complexos e demorados processos outros, o que foi aumentando os vazios e decaindo mais a região.
O golpe final veio com a construção dos viadutos da incompleta Linha Lilás, que modificava um projeto direto dos anos 40, numa ligação em curva Botafogo-Santo Cristo-Gasômetro- Av. Brasil, onde vemos primeiro esboço do Viaduto 31 de Março. Já nos anos 70, que demoliu o que sobrava de íntegro no conjunto urbano de um dos lados da Pres. Vargas.
Do outro o Metrô simplesmente pulverizou quarteirões inteiros que os mais novos nem desconfiam de sua existência.
O mais irônico de tudo é que facistóide plano restam executados, além do vazio urbano, um conjunto de prédios chamados de balança mais não cai que tiveram a tradição de por décadas abrigaram as “meninas” de vida fácil.
Como fez falta a esta região (e a outras do Rio) um planejamento com visão de futuro. A cidade é uma colcha de retalhos de projetos díspares, feita ao bel-prazer da “otoridade” de plantão.
O “Balança mas não cai” seria o prédio da esquerda na parte de cima da foto?
Essa ocupação seria horrível, mas o que (não) fizeram da Avenida não é muito mais agradável. O pior é que não se acena com nenhum tipo de recuperação. Jamais vi nenhum projeto para aproveitar os terrenos de “fundos” da Saara (hoje estacionamentos) e a região em frente aos Correios/Teleporto.
Eu já acho que seria o máximo esta arquitetura de final da era Art-Déco. Teríamos uns 10 Edifícios do tipo Ministério da Fazenda mais 15 Ministério do Trabalho; o obelisco foi construído em Buenos Aires.
De fato o obelisco portenho foi erguido em 1936, acredito que esse projeto tenha sido contemporâneo ou mesmo posterior. De qualquer forma a Av. 9 de Julio é tudo que a Presidente Vargas quis ser e nunca foi, nem no papel.
A 9 de julho foi a Pres Varga que deu certo.
Acho que o projeto não foi adiante por causa da queda do Getúlio depois da guerra. Passo quase diariamente na Av. Pres. Vargas e reparei que há duas obras no começo em locais antes usados como estacionamento, na área entre a Pça da República e a Av. Passos.