Com a morte do último filho ainda vivo do vereador Rocha Leão, meu bisavô, começamos a achar ainda mais documentos e fotos de seu período político e outros após sua cassação alguns pouco antes de sua morte em 1953.
Esse é um deles, o memorial de incorporação de 1952 do apartamento de número 862 da Av. Copacabana, onde além da descrição de todos os itens de acabamento utlizados no prédio, plantas, a pastinha também dava um mapa de situação do prédio a ser construído e as principais atrações do bairro, localizadas perto.
Infelizmente quase todas desapareceram, o mapa nos mostra de baixo para cima na Av. Copacabana , o Cinema Metro, demolido nos anos 70, o cinema Art Copacabana transformado em uma sapataria a poucos anos atrás, a Casa Sloper fechada nos anos 90, o Cinema Copacabana transformado numa academia de ginástica também ha poucos anos, a Colombo transfomada numa agência do banco do Brasil no início dos anos 90, pelo grupo Arisco, na época propietário da confeitaria e da marca, que não tinha interesse no varejo de produtos, e o Cine Roxy o único sobrevivente.
Na praia ainda tínhamos o cinema Rian, demolido nos anos 80.
E impressionante como pontos importantes de um bairro conhecido como Copacabana e estabelecidos a tanto tempo em pouco menos de 20 anos literalmente sumiram do mapa.
Comments (32)
Vc sabe que eu quase comprei um conjunto de dois módulos, com duas cadeiras cada um, branquinho, couro vermelho, do Cinema Rian, num leilão do Haddad? SAiram por uma bagatela. E eu, aristocraticamente desprovido de meios, ajudei a subir um pouco a cotação, retirando-me tristonho com a divergência entre meu desejo e meu bolso…
André, esse prédio é o do Unibanco, né? É medonho!!! Bonitinho ali tem alguns, mas deteriorados pela desordem da avenida…
Aliás, não há tristeza maior do que a distância que insiste em separar meu coração desejoso do meu bolso morfético… Isso me enche de angústia, principalmente quando vejo outros corações, bem mais vagabundos em gostos, e dispondo de generosos bolsos, a lhe encherem de carros com vidros escuros, louras de farmácia e aparelhagens eletrônicas diversas. Enfim, jogo na Loto! quem sabe, quem sabe…
Muito bom o post de hoje
Não Lefla, foi do banco Provincia, depois Sul Brasileiro, depois Meridional, e agora do BBViscaia, fica entre a Constante e a Barão
É verdade, tinha Colombo em Copacabana… :O
Quanta coisa sumiu em poucos anos. 🙁
Cara, o Lefla é muito engraçado… “Isso me enche de angústia, principalmente quando vejo outros corações, bem mais vagabundos em gostos, e dispondo de generosos bolsos, a lhe encherem de carros com vidros escuros, louras de farmácia e aparelhagens eletrônicas diversas…”
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Meu pai tinha um amigo suiço. Não sei como foi isso mas meu pai tinha um amigo suiço. Depois de 40 e tantos anos de Brasil o amigo suiço do meu pai voltou à pátria amada. Na volta, a turma do papo e do poker lá estava à espera de um abraço, de impressões de viagem e de, quem sabe, um canivetinho suiço.
E ali, no velho Allis da Miguel Lemos, o amigo suiço do meu pai fez a pertubadora declaração. A sua cidade não havia mudado nada. Guerras, parlamentos, transformações sociais e científicas aconteceram, devastadoras e cruéis, mas a cidade aguentara a tudo sem trocar um poste, um banco de praça, uma janela, uma porta, uma placa de folha-de-flandres. Até um velhinho, eternamente sentado na porta do correio, que ele havia capturado como última lembrança visual da terra, ainda estava lá com o mesmo boné, o mesmo casaco, chupando o mesmo cachimbo comprido.
O grupo na mesa entrou em êxtase.
Em todos baixou uma nostalgia indecifrável; não sabiam se isso era bom ou era ruim. Mas aí, a goles tantos, começaram a lembrar da casa da 5 de Julho que veio a baixo; do edifício da Redentor que havia sumido, da banca de frutas do Lamas, da Leiteria Bols, do Hotel Leblon, do bazar 606…
Olha, foi uma choradeira que aguou um pouco mais o uísque de todos.
Com o brasileiro do Rio acontece o contrário. Depois de quarenta anos de Suiça, o copacabanense, sai do túnel Novo e diz para o taxista: ” – Me leva de volta para o aeroporto porque baixei na cidade errada.”
AG, nem tanto ao mar, nem tanto à terra… Eu concordo que é absurda a mudança do Rio de Janeiro, sempre pra pior. Mas a Suiça não é exemplo que se dê. Todas as guerras passaram, todas as revoluções, todas as epidemias, e eles lá, comendo chocolates, sentados em contas bancárias secretas. Eu gostaria de morar no Vietnan, mas não gostaria de ter o destino desse velho, e ficar sentando a vida inteira na porta do correio chupando cachimbo… De uma certa forma é isso que todo mundo faz, mas pelo menos gosto de ver um “certo” movimento na rua. Sabe como é, o tédio… o tédio…
Levaram a minha infância embora! O ponto do bonde em frente da Spaghetilândia, o Mundo das Louças, a Ducal, o cinema Alvorada, a Casa Gebara, o Flórida, o time do Pracinha, o colégio da D. Eva na Travessa Santa Leocádia, o bonde 14, o ônibus 64, a casa ao lado da vila na Cinco de Julho…
http://ludaol.multiply.com/
Não falei, Leflaneur ?
O Luizão repetiu a cena na mesa do Allis. Primeiro a quase certeza de que mudar é bom. Depois vem uma lembrança, uma saudade, uma certa casa rosa e começa uma choradeira dos diabos.
Quanto à Suiça concorco com você. Mas o meu pai, o bom Arnaldo, coitado, tinha esse amigo suiço que reencontrou o velho chupando cachimbo; o que se pode fazer ?
No caso do Vietnam eu tenho certeza que você não vai encontrar o General Giap sentado numa cadeira em frente a uma tendinha em Saigon. Com 94 anos o velhinho já não sabe nem mais o que é levantar, quanto mais sentar.
Alguém sabe a quem pertence a Colombo hoje? O que foi a Arisco hoje pertence à todo-poderosa Unilever, a Colombo também?
A Casa Ravaglia (materal fotografico), está no fundo da Galeria Real, O Restaurante Rio Jerez (uma das melhores paejas de Copa) virou o Sindicato do Chope. Barbosa Freitas virou Bradesco, Caruso virou Itau, os cinema e o Teatro Alaska viraram “igrejas”, acabou a Ducal, Adonis Junior, São João Batista Modas, as duas lojas da Helio Barky, Importodara Guanabara, os meus sonhos de criança: Toca do Coelho Branco (na Galeria Menescal), Don Pixote (na Santa Clara), ja não existe mais o canguru da lanchonete Gordon, e o tradicional Nino virou o Belmont.
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A Colombo hoje é de um grupo comandado pelo empresário Maurício Assis, a Arisco vendeu a confeitaria depois de estragar bem a marca aqui no Rio, levar toda a fábrica para Goiais e fechar a de Copacabana abrindo uma anacrônica Colombo na Barra na mesma época !
Roberto, e o Boninos que virou KFC??? De paraíso do sundae a paraíso do frango frito americano… Isso é triste… Vc lembrou da Toca do Coelho Branco, o que me causou mais uma pontada aqui. E o Cinema Caruso, nossa… O Disco virou Paes Mendonça. E a Galeria Alaska, é hoje local de comportados. Outrora, ah, vamos deixar o outrora pra lá que isso não interessa a ninguém… rs
Alvaro, sou contra a mudança, sou contra… Mas algumas mudanças são necessárias. São assim tão necessárias que devem esperar anos até que provem que o são. Aqui se muda muito por açodamento e cobiça.
O Vietnam foi pura força de expressão. Gostaria de morar em Londres, Paris ou Roma. Cidades atrasadas, paradas no tempo, nada parecidas com nossas progressitas e avançadas metrópoles sul-americanas.
Quem citou o Colégio Luluzinha?
Quem foi?
E Dona Estefânia no Mallet, a rivalidade com o Mello e Souza. Um dia ela nos apanhou no Roxy tocando o sino! Estávamos matando aula para assistir Terremoto, com som em Sensurroud. Do balcão, adolescentes, jogávamos punhadelas de areia na turma lá embaixo que pensava que a vibração do som estava fazendo as paredes racharem….
leflaneur @ 2005-05-18 13:56 said:
(…)”Estávamos matando aula para assistir Terremoto, com som em Sensurroud. Do balcão, adolescentes, jogávamos punhadelas de areia na turma lá embaixo que pensava que a vibração do som estava fazendo as paredes racharem”
ÓTIMA!!!!!
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parabéns a todos pelo excelente nível de discussão e informação,
ABS
/epinha ,meu outro fotolog!
VERY INTERESTING STUFF HERE! UR ON MY F/F
nice image!
Nesse balanço, o que sobrou ? : o Roxy, O Bob`s da Domingos Ferreira, aquela academia de ginástica com neon da Dijalma, o Caravelle (há quem goste) e a Galeria Menescal.
Sobreviveram em termos… Roxy e Bob`s foram desfigurados em nome da modernização.
Ainda existe também a Cirandinha, mas aquele restaurante quase em frente (Bonnie?) na esquina da Travessa Angrense também mudou de nome.
Bom,depois deste espetaculo de recordacoes,eu que nunca morei em Copacabana,nem teria o que dizer…o maximo que eu me lembro de la eram umas pipas em forma de passaro de asas abertas,com varias cores,que eram vendidas na praia.Mas os predios Art-Deco em torno do posto Dois ate hoje me emocionam.
Também não tem mais a Madame Rosas, na Figueiredo Magalhães; a Casa Mattos; O Balneário, na Domingos Ferreira.
Só tirava fotos no Ravaglia e o Bazar 606 era o preferido da minha avó.
Ao Bicho da Seda ainda resiste?
http://fotolog.terra.com.br/coisaludica
Beleza de foto documento
Milu, o Ravaglia e o Bicho da Seda ainda existem. A Genova ainda existe e o Caravelle tb. Já a casa Mattos nunca terá nada igual (virou Casa Cruz), dadas as diferentes épocas e proporções… Era um mundo encantado, vendia cadernetas escolares em branco, que a gente preenchia para entrar em filme de 18 anos. Com cara de 13!!
Lojas Balnéa, Milu. Na esquina da Domingos Ferreira com Santa Clara.
O Balneário acho que é traição de sua memória.
Outro dia vinha pela Gonçalves Dias, era um sábado de manhã, e resolvi entrar na Colombo. Estava assim de turistas. Uma senhoras e uns senhores europeus, de bermudas e pernas branquíssimas. Visivelmente se tratava de classe média baixa; operários com certeza. Estavam extasiados com a casa. Olhavam a clarabóia lá em cima e admiravam-se. E tiravam fotos digitais; uma atrás da outra. No piano um rapaz bem novinho tocava coisas do repertório global — há também uma menina que toca violino mas não estava lá nesse dia.
Fiquei ali comendo uma maravilha de camarão e depois um pastel de nata me perguntando para onde haviam ido aqueles senhores de terno e gravata e as senhoras de elegantes vestidos comprados na Casa Canadá que frequentava a Colombo, que diabo, não faz assim tanto tempo.
Fui me embora no momento que uma italiana gordinha, de chapéuzinho amarelo, levantou-se e começou a atarpalhar o pianista cantando A Time Goes By alto como se deve cantar em país subdesenvolvido e cheio de mulatos.
Saí da minha querida Colombo com a sensação que estamos mais pobres. Sei que é lugar comum mas falar é uma coisa, sentir é outra.
Muito legais os comentários!
Sinceramente acho que nos identificamos muito com o do Leflaneur, ah se eu tivesse dinheiro, quanta coisa boa de se admirar eu poderia salvar e há tantos com tanto que gastam com tantas coisas de muito mau gosto.
Sobre a Colombo tb acho a mesma coisa do AG, mesmo sabendo que a confeitaria ainda resiste realmente a sensaçao é essa de como empobrecemos.
Aliás cade aqueles baleiros de vidro com tampas redondas prateadas , que rodávamos prá escolher a melhor bala e que quase todas mercearias do Rio e a própria Colombo ainda tinha uns até bem pouco tempo atrás?
E sobre Copa tenho saudades das botas que vendiam na Polar! E a Casa Mattos acho que a de Ipanema ainda existe.
Os pasteizinhos de queijo da Suprema, na Santa Clara, também fazem parte do grupo dos remanescentes que permanecem no nível ótimo. Eu sempre comprava 100 gramas quando voltava para casa depois do IBEU. Os de presunto também eram gostosos mas mudaram de gosto.
Falando de tanta coisa boa de Copacabana que acabou, como ninguém lembrou da Sorveteria Zero, ao lado do Metro? Tinha aquele sorvetão gigante na porta e o MELHOR sorvete de chocolate jamais feito no planeta TERRA em todos os tempos.