Nossas duas fotos de hoje mostram o transtorno que acontecia em vias muito movimentadas onde o bonde trafegava como planejado no séc. XIX. No caso estamos no trecho mais movimentado e tumultuado da Av. Copacabana, os quarteirões entre a Rua Constante Ramos até a Figueiredo de Magalhães, na época da foto o tumulto se propagava certamente até a Rua Siqueira Campos, pois a Figueiredo era precariamente urbanizada a partir da Rua Tonelero, e com apenas 12 metros de caixa de rua da Tonelero até a Av. Atlântica, padrão das ruas normais do bairro.
Estamos nas esquinas da Rua Santa Clara e também com a Figueiredo de Magalhães.
Na primeira foto estamos praticamente na esquina com a Rua Santa Clara, podemos ver a joalheria Krause de um lado e as vitrines da Barbosa Freitas do outro, ao fundo o letreiro da Casa Santa Clara, possivelmente nessa época ainda um grande armarinho e vidraçaria, também podemos ver um pequeno neon acesso na frente do Cirandinha, criminosamente fechado pelo grupo Windsor para alugar sua loja a um supermercado de terceira categoria.
Além da parada de bonde carros estacionados em um dos lados da via ajudavam ainda mais para tumultuar o tráfego, não obstante as placas de proibição, todas as cássias que vemos na foto morreram ao longo dos anos 60, 70 e 80 vitimadas pela poluição causada pelos milhares de ônibus que passam diariamente pela avenida numa demonstração de como não se fazer transporte público.
No canto esquerdo vemos o poste de sinalização GE Novalux, que chegou até os anos 70, instalado nos anos 40 podemos ter uma idéia de como essa esquina sempre foi movimentada.
Já a segunda imagem mostra a esquina com a Figueiredo de Magalhães, apesar do cruzamento não ser tão importante como hoje a barafunda é igual, ônibus, caminhões, carros de passeio, pedestres e bondes disputam cada palmo da rua. Dependurada por cabos vemos a luminária, instalada na Adm. Dodsworth quando os canteiros centrais da Av. Copacabana foram retirados, expondo os passageiros dos bondes a desembarcarem no meio da rua, o que com o movimento do tráfego mais prejudicou que ajudou sua fluidez. Essas luminárias permitiram a Av. Copacabana ser uma das primeiras vias da cidade a serem convertidas para a iluminação em mercúrio em 1963, pois bastou-se trocar as velhas GE pelas Thonsom, arranjo esse que durou até 1975, quando o sistema foi atualizado pelos postes padrão rio de 9 metros de altura, instalados em ambos os lados da rua.
Surpreende a quantidade de árvores do lado esquerdo da via, ao contrário da estéril paisagem de hoje, onde as mudas plantadas simplesmente são destruídas graças as calçadas estreitas e a pouca boa vontade dos comerciantes em tê-las na frente das suas lojas, ignorando que podem economizar em poucos anos com o ar-condicionado.
O bonde lotado, com gente pendurada nos estribos luta para ultrapassar a Av. Copacabana e chegar a Praça Gal. Osório.
“Oficialmente” os bondes na N.S de Copacabana teriam deixado de circular em Março de 1963, mas não foi bem assim. Em Setembro de 1962 os bondes que se dirigiam à zona sul deixaram de circular no Túnel Novo e passaram a fazê-lo pela Real Grandeza e túnel Velho devido à circulação dos Trolley – bus no Túnel Novo. Porém a linha 21, Avenida, cujo trajeto incluía a Ataulfo de Paiva, Visconde de Pirajá, N.S. de Copacabana, Siqueira Campos, e Túnel Velho, etc, só parou em 21 de Maio de 63. Portanto “oficialmente” os “Trolley-bus e os bondes de linha 21 teriam circulado nas vias citadas durante dois meses. O que causa espécie é que não se conhece registro fotográfico dessa “convivência”…
Talvez eu seja do único por aqui que nunca apreciou desse meio de transporte. Isso é bonito em ponto turístico, em cidade civilizada, cidade planejada e outras coisas a mais, porém, nunca fui de tolerar do Bonde.
Há aqueles que gostam e aqueles que detestam. Eu fico com os segundos.
Se o Bonde já foi, já foi tarde!
Nunca ouvi falar dessa marca de cigarro Saratoga.
Comentários da época sublinhavam a desavença entre o governo Lacerda e a Light desencadeando o final dos bondes.
Desde os anos 50 a “pressão” dos interesses do rodoviarismo era grande. As tarifas da Jardim Botânico e da Light estavam congeladas há anos para forçar a não renovação das concessões que venceriam em 1960 e em 1963 respectivamente. O resto vocês já sabem. Cidades americanas e européias possuem redes do bondes, além de vastas malhas de Metrô e de trens. Aqui não existem trens, bondes, e as linhas de Metrô parecem linhas de “trem elétrico Atma” em comparação com qualquer cidade do planeta. Os “Baratas” e os “Lavouras” não surgiram à toa…
E o Bazar 606 na esquina da Santa Clara.
A confusão era maior ainda entre a Francisco Sá e Miguel Lemos pois não havia o Tunel Sá Freire Alvim e todo o tráfego da Barata Ribeiro seguia em mão dupla pela N. S. Copacabana.
Quando foi aberto esse túnel? O Maj. Rubens Vaz foi no início de 1963, certo?
O túnel Sá Freire Alvim foi aberto em 1960.
Ainda estou pesquisando o período compreendido entre Primeiro de Março e 21 de Maio de 1963, quando os bondes e os Trolley- bus teriam compartilhado algumas vias da zona sul: parte da N.S. Copacabana (da Siqueira Campos em diante), Visconde de Pirajá, e Ataulfo de Paiva..
Na primeira foto o Lindíssimo Chrysler Windsor De Luxe 1955,rouba a cena….será que sobreviveu?Na segunda foto um Mercury e na frente dele um produto Kaiser com certeza,do início dos anos 50,mas o formato do vidro traseiro me deixou na dúvida,não é um Manhattan…