Igreja do Bonfim- Av. Copacabana esq. de Hilário de Goveia


Nossa foto de hoje mostra a Igreja do Bonfim, a principal de Copacabana depois da destruição da Igrejinha do Posto VI logo após a conclusão do Forte de Copacabana já em seus últimos dias.
A igreja em estilo neo-gótico junto de seu hospício e cemitério dos padres foi o resultado de inúmeras contribuições da efervescente comunidade de Copacabana no início do séc. XX que transformou a acanhada capela, surgida pouco antes da chegada dos bondes nesse templo de razoável tamanho que em nada lembrava a pequena igrejinha que nem torre sineira possuía ( http://www.rioquepassou.com.br/2006/04/07/praca-malvino-reis-1900/ ).
A igreja construída graças as contribuições dos moradores do bairro estava prestes a cair para ser substituída por um grande complexo, que abriga escritórios da Igreja, sede do antigo Metrô, supermercado, estacionamentos, cemitério de religiosos, aposentos para clérigos, uma capela  e logicamente uma igreja, tudo num estilo que podemos chamar de horroroso, num brutalismo que envelheceu muito mal no que pese ter partido das pranchetas dos geniais Irmãos Roberto, mas possivelmente tolidos de sua verve criativa. Embora ao circular pelas dependências acessíveis ao público, sede do Metrô inclusive, todo o espaço é muito bem distribuído, demonstrando que há gente boa por de trás do projeto.
Na época da nossa foto a igreja já estava condenada, pois o projeto do novo prédio já estava realizado e as demolições já tinham começado pelos imóveis da Rua Hilário de Goveia, vemos out-doors já colocados por de cima de  tapumes onde antes havia este conjunto edificado ( http://www.rioquepassou.com.br/2007/05/03/rua-hilario-de-goveia-primeira-metade-dos-anos-40/ ), num claro sinal que em breve o velho templo caíria, destino que quase foi compartilhado pela Igreja de Nossa Senhora da Paz em Ipanema, na mesma época.
De resto vemos típicos exemplos de mobiliário urbano da época em destaque para os sinais “zebrinha” criados pelo DETRAN-GB como forma de dar mais visiblidade aos velhos equipamentos europeus e americanos, desfalcados da luz amarela, para poder de forma urgente montar-se mais sinais de transito em novos cruzamentos pois havia um grande déficit nos primeiros anos do EGB herança do abandono da PDF na segunda metade dos anos 50. A solução só viria com os sinais “Celso Franco” os atuais Padrão-Rio, que por causa da fusão ficaram por décadas limitados ao eixo Centro-Copacabana onde já existia controladores de tráfego mais modernos, um Allied-Signal  americano em Copa, do final dos anos 50, ainda a válvulas, e um Phillips holandês, já transistorizado,  do início dos anos 70, que controlava Centro, Glória e Flamengo, ficando Botafogo entre dois sistemas mais modernos, como o resto da cidade. Cada conjunto de sinais era controlado por seu próprio mecanismo eletromecânico, estanque um verdadeiro pesadelo logístico.
O mesmo local hoje http://g.co/maps/yrju2, a centenária amendoeira, como outras árvores datadas da primeira arborização da praça permanece até hoje, firme e forte.
Foto de Gyorgy Szendrodi

28 comentários em “Igreja do Bonfim- Av. Copacabana esq. de Hilário de Goveia”

  1. Demolir um monumento em estilo gótico para construir estes prédios foi um verdadeiro crime contra a arquitetura e ambiência de um bairro e de uma cidade. Zero de amor à cultura que infelizmente prospera em nossa cidade ao longo de décadas.

  2. A imagem é precisa para quem deseja saber como foi a igreja e o seu entorno em outros tempos.
    O pensamento expresso na trecho iniciado por “brutalismo que envelheceu muito mal” corresponde exatamente ao que penso da edificação que sucedeu a igreja da foto. Comentário preciso e profundo, não acredito, no entanto, que arquitetos (em geral, não somente os autores) gostem desse tipo de avaliação.

  3. Ainda bem que “a moda não pegou”. Tirando a igreja de N.S. do Parto, no Centro, não lembro de nenhuma outra construção religiosa, aqui no Rio, que tenha sido demolida para construção de edifício comercial com igreja moderna embaixo.
    No caso de Copa, é notável o fato do bairro na segunda metade do século 20 ter se esforçado tanto em esquecer suas origens. A demolição da principal igreja da região é o mais emblemático exemplo disso. Muito pouca coisa restou dos primeiros anos do bairro, acho que só aquelas casinhas quase todas em mau estado abrigando oficinas no alto da Siqueira Campos.

  4. Decourt, em qual fonte vc retirou a informação que a igreja acima chamava-se Bonfim? Explico o motivo da pergunta: tenho acesso aos livros paroquiais desta igreja e a informação que consta é que ela foi erguida no local onde antes estava instalada a Capela do Bonfim. Com a inauguração da paróquia em 08 de setembro de 1908, todos os livros falam em Parochia de Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima. É possível que os antigos moradores continuaram a chamar pelo nome original, como também é possível que o nome tenha sido mantido e caído em desuso. Fiquei curioso.

    1. Gustavo, minhas pesquisas no jornal O Copacabana da primeira edição até o seu fim em 1913 a igreja sempre continuou sendo chamada de Nosso Senhor do Bonfim, mesmo depois da reforma de 1908 e da campanha para se construir o templo em estilo Neo-Gótico. A igreja no início dos anos 10, junto como o Cine Copacabana também na Praça Serzedello Correia, mais o Café Pernambuco e ao Au Bom Marchè eram os pontos centrais do ainda incipiente bairro, palco dos flertes, achados e perdidos, brigas etc…. portanto bem noticiado

      1. Decourt, verifiquei que os registros da antiga Capela do Bonfim eram feitos na Igreja Matriz de São João Batista da Lagoa (Voluntários da Pátria). A Igreja acima foi elevada a paróquia na ocasião da sua inauguração em 1908. Tudo leva a crer que o antigo nome não foi mantido, já que a paróquia do bairro levou o nome da santa que lhe deu o nome. Para tirar a dúvida é só consultar o Livro de Tombo da igreja. Os moradores e o jornal tiveram dificuldade de aceitar a nova denominação e provavelmente continuaram a chamar de Bonfim. Algo parecido aconteceu com a rua Montenegro.

        1. Gustavo até 1918 a Igreja de Nossa Senhora de Copacabana era a Igrejinha do Posto VI, em 1912 o O Copacabana pedia a Cúria para que a Missa do Galo e demais festividades natalinas fossem transferidas para a Igreja do Bonfim pois as detonações para a construção da fortaleza do Forte estavam assustando os fieis

          1. mas afinal, a partir de que data essa igreja da foto passou a se chamar de Nossa Senhora de Copacabana?….cresci com essa denominação já utilizada…

          2. Decourt, mandei a foto das duas primeiras páginas do livro de batismos da igreja acima. Tire suas conclusões. Abraços.

          3. Algo ainda não fecha Gustavo, carece de mais pesquisa, principalmente pelo jornal de época, e que era o maior interessado no crescimento do bairro, a não menção no aumento de importância da igreja que já era a principal do bairro é no mínimo estranho, vou me aprofundar no tema

  5. Nasci perto daí e morei a juventude inteira a duas ruas dessa igreja e nunca ouvi ela ser chamada de Igreja do Bonfim. “Ouvi ela” ficou muito ruim, mas não encontrei modo melhor de escrever.

  6. Já que se está falando em igrejas, alguém saberia me dizer em que ano terminou (e começou também, se for possível) a construção da Igreja de São Paulo Apóstolo, na esquina das ruas Leopoldo Miguez e Barão de Ipanema, em Copacabana?
    Desde já, agradeço a atenção.

  7. Foi nessa igreja que batizei o meu primeiro filho, em 1961. Era muito bonita e o que fizeram com ela foi um crime.
    O prédio que aí se encontra hoje em dia é uma coisa horrorosa. Não havia outro lugar para ser construido?

  8. A própria Mitra é que tomou a decisão de colocar abaixo a antiga Igreja para por de pé aquele prédio lá assinado pela João Fortes Engenharia tornando mais adensado o entorno da velha Igreja. É uma pena que o ultimo pulmão de Copacabana tenha acabado dessa maneira.

  9. O nome Igreja do Bonfim me remeteu direto à Salvador. E falando nesta cidade, houve bem mais conservação do bem histórico lá do que aqui no Rio.

  10. Essa Igreja éra muito linda. Pena que ela tenha sido substituida, como você mesmo definiu, por esse monstrinho. Apesar disso, eu considero esse monstrinho bastante aconchegante, tanto é que eu e a minha esposa somos frequentadores assíduos desse Templo.
    Nossos agradecimentos pela bela recordação.
    Abs.
    ACampos

  11. A Irmandade do Senhor do Bonfim de Copacabana, fundada em 08.12.1892, ergueu em 1894 uma Capela de madeira na Praça Serzedelo Corrêa, que foi transformada por decreto, em Matriz, em 1908, com o Altar-Mor reervado exclusivamente ao Senhor do Bonfim.
    Isso aconteceu quando o gerente das Docas Nacionais do Rio de Janeiro, José Carlos de Carvalho, foi procurado por um grupo de trabalhadores do serviço de embarque de café, chefiado pelo Capataz de nome Alexandre de Góis, bem como, por outros trabalhadores das docas e trapiches. Todos estes trabalhadores em sua maioria naturais da Bahia, devotos do Senhor do Bonfim, que alegavam não poder mais continuar a devoção na Igreja da praia de São Cristovão, por incompatibilidade com a Irmandade do Santíssimo Sacramento e com o Vigário da freguesia.
    Queixaram-se eles dos brancos de São Cristovão, os quais, depois de se terem servido do trabalho e as esmolas angariadas pelos negros do café e das docas, para a reconstrução da Igreja de São Cristovão, em troca de uma altar para o Senhor do Bonfim, haviam faltado a este compromisso. Procuravam, então, construir uma Capelinha devotada ao Senhor do Bonfim, e fundaram por este motivo, em 8 de dezembro de 1892 a Irmandade do Senhor do Bonfim de Copacabana.
    O local escolhido para a Igreja ficava no centro da quadra da Praça Serzedelo Correia, sendo concluída a sua construção em 1894. Era apenas uma modesta capela, um simpes barracão de madeira de modo que em sessão de 9 de janeiro de 1910, numerosos membros da referida associação religiosa deliberaram pedir à autoridade competente a extinção da Irmandade do Senhor do Bonfim para ser reformada, aumentada e definitivamente erigida em Matriz da Paróquia de Copacabana.
    Anteriormente em 30 de agosto de 1908, fora criado por decreto do Cardeal Joaquim Arcoverde, a Paróquia de Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima, determinando o referido decreto que enquanto não fosse edificada a Igreja, serviria de Matriz provisória de N. Sra. de Copacabana a Capela do Senhor do Bonfim de Copacabana. Ficava a nova Paróquia limitada pelas antigas Paróquias de São João Batista da Lagoa e N.Sra. da Conceção da Gávea. A construção foi do arquiteto Gastão Bahyana, e inaugurada em abri de 1919, tendo sido iniciadas as obras em outubro de 1909.

  12. UM ABSURDO. O DESENVOLVIMENTO DE UM LUGAR SE VERIFICA PELA CULTURA, RESPEITO A HISTÓRIA E EDUCAÇÃO. POR ESSAS E OUTRAS BRASILEIRO VAI A BUENOS AIRES (PRA NÃO DIZER EUROPA!) E VOLTA COM A SENSAÇÃO DE QUE MORA NUM FAVELÃO! SOU DE BELO HORIZONTE E VOCES NÃO TEM IDEIA DO QUE SE TORNOU AQUI, MERA CIDADE DORMITÓRIO. NADA PRA SE CONHECER, SEM CENTRO HISTÓRICO, NADA.
    MARCEL FREITAS

  13. Minha Primeira Comunhão foi nesta Igrejinha. Nos fns de tarde ficava com mnha avó na janela de seu apartamento, esperando bater o sino para a hora do Ângelus… Linda e representativa de Copacabana, conhecida e respeitada em todo o bairro…Mas, como SABE o próprio Papa, PARA OS CANALHAS, O DINHEIRO E O LUCRO EM PRIMEIRO LUGAR…
    Cultura? Tradição? O que isso é para essa gente?
    Destruíram um monumento à Fé , PARA CONSTRUIR um monumento ao …dinheiro!

  14. A nova igreja foi inaugurada em 12/10/1977. A notícia no Jornal do Brasil 06 de outubro daquele ano informa que a sagração seria feita por Dom Eugenio Salles. “A nova igreja tem capacidade para 600 pessoas na nave principal, ar refrigerado central e duas capelas independentes (uma para batismos e outra para casamentos)”.

    O jornal informa também que a igreja está situada no térreo do prédio de 11 andares, que o projeto é dos arquitetos Maurício Roberto e Manoel Pedroso Lopes, e que a execução da obra foi confiada à empresa João Fortes Engenharia. A construção da nova igreja começou em 1973, terminando em 1976. O acabamento e decoração foram feitos de novembro 1973 a outubro de 1977. A notícia diz ainda que três dos 11 andares foram alugados ao Metrô, e que nos demais funcionariam uma creche, um ossário, salas para catecismo, filosofia, teologia e uma biblioteca. Uma parte destinada para residência de freiras, outra para hóspedes e para a administração.

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