Ao publicarmos ontem a foto da Rua do Ouvidor bem na esquina com a do Mercado, esperava algumas manifestações saudosas, principalmente dos que trabalharam no mercado de valores ou financeiro nos anos 70 ou 80. Mas a identificação com o trecho foi maior que eu esperava.
Por esse motivo, publico em seqüência outra foto da revista Life, feita praticamente no mesmo momento da foto de ontem, mas dessa vez um pouquinho mais a frente, na esquina com a Travessa do Comércio.
A velha travessa foi uma das vias de surgimento espontâneo na velha cidade colonial e era chamada de Travessa dos Teles, certamente por cruzar as propriedades da família Teles de Menezes, dona de toda a lateral da praça XV oposta ao Paço, da Rua Direita até a Praia do Peixe, hoje Rua do Mercado, onde possuia um imponente conjunto edificado sobre os traços de Mestre Alpoin, mesmo autor do Paço, que só chegou aos nossos dias pelo pequeno pedaço que abriga o Arco do Teles.
Misturada as pequenas lojas, como o velho armazen na extrema esquerda, e a perfumaria, logo a frente, temos a velha Igreja da Lapa dos Mercadores, um dos velhos templos da cidade. Construída graças aos esforços dos mercadores e corporações de ofício que ocupavam essa região desde a descida da cidade do Castelo para a várzea.
Evoluída de um oratório do outro lado da rua, na esquina da Ouvidor com a atual Travessa dos Mercadores, a pequena ordem foi crescendo, graças a devoção e aos esforços de seus membros, quase todos comerciantes, até que conseguiram, após terem a autorização para erguer um templo, juntar dinheiro suficiente para comprar 2 estreitos lotes do outro lado do oratório e erguer a pequena igreja, incialmente um modesto templo que foi substituído pelo atual, construído em 1870, com talhas em estilo barroco, sendo uma dos mais simpáticas igrejas da cidade.
A Igreja da Lapa dos Mercadores, já chamada de ” dos Mascates”, possui uma pequena jóia mecânica em sua única torre, que é um carrilhão, o primeiro da cidade, que se não me engano funciona até hoje.
Nesta igreja está também uma bala de canhão da época da Revolta da Armada, que atingiu em cheio uma das torres da igreja.
Em 1973 a maioria das lojas aí eram peixarias e de artigos de pesca.
Não podemos nos esquecer a Rio Minho, com aqueles pratos de peixe e uma Leão Veloso de tirar o chapéu.
1973 e ninguém ainda de bermuda ou camisa regata. É bem verdade que os ternos já desapareceram.
O antigo burro-sem-rabo, com rodas de metal e o bombeiro indo receber o soldo no banco.
Parece que essas ruas tinham sido asfaltadas por cima dos paralelepípedos, como aliás é comum na cidade.
Com as melhorias na região os paralelepípedos foram asfaltados e hoje em dia alguns trechos foram pavimentados com placas de granito, talvez o pavimento mais nada-a-ver da cidade.
Neste aspecto, o melhor é o que foi feito na Ouvidor entre a Rio Branco e a Gonçalves Dias, os paralelepípedos estão lá, mas rejuntados com um tipo de betume que não deixa frestas.
Com as melhorias na região os paralelepípedos foram restaurados e hoje em dia alguns trechos foram pavimentados com placas de granito, talvez o pavimento mais nada-a-ver da cidade.
Pois é… Eu tenho minha memória recente dos paralelepípedos. Pra ter idéia, fui até lá ver se eu estava com uma cognição certa (eu estava por perto…) Os paralelepípedos começam justamente na esquina. As placas de granito que pavimentam o trecho entre a esquina e a Primeiro de Março servem como calçadas para os bares na rua. E as calçadas é que são áreas de circulação. Esta última terça-feira teve cara de sexta.