Semana passada mostramos em uma foto da Life o desaparecido quarteirão da Rua de S. José, engolido pelo prolongamento da Av. Nilo Peçanha na metade dos anos 70 e seus últimos dias.
Nessa foto, da mesma época, o fotógrafo está do outro lado dos edifícios que separam a Rio Branco do Largo da Carioca. Mais precisamente na junção da Rua de S. José com a Rodrigo Silva e Av. Nilo Peçanha. Esse foi um ponto tumultuado por várias décadas, desde a abertura das ruas da Esplanada, que se encontravam com ruas do velho tecido colonial da cidade, e mesmo demolições feitas nos anos 30, que vitimaram inclusive prédios da valorizada Av. Rio Branco, não resolveram o nó.
Mesmo nessa época a confusão era a tônica do lugar como a foto demonstra, agravado pelo fato de ainda todas as ruas terem transito de automóveis, embora o quarteirão da R. de S. José junto ao edifício garagem e a Rua da Qitanta já estivessem ganhando os primeiros espaços exclusivos de pedestres do Centro.
Mas é junto ao Ed. Av. Central que vemos a velha Rua de S. José ainda continuando até o Largo da Carioca, como acontecia desde os tempos iniciais da cidade. O sinal de transtito bem junto ao prédio confirma que o velho traçado ainda era utilizado, e uma construção, provavelmente a consessionária Willys, ainda bloqueava o prolongamento da Nilo Peçanha até a R. da Carioca, acompanhando o alinhamento do Ed. De Paoli.
Na confusão vemos as tradicionais vagas exclusivas tão presentes no Centro, essas da RioTur, possivelmente um flanelinha-motorista entregando o carro ao seu proprietário e a multidão nas calçadas; já praticamente sem ternos, pois nessa época paletó e gravata já era para executivo, advogado e funcionário público graduado. Mas não vemos um só camelô nas ruas.
Atravancando as calçadas só uma barraquinha de venda de cartões da Unicef aparecendo parcialmente no extremo esquerdo e a banca de jornal, ainda modesta em tamanho, com uma gaiata bandeira do Flamengo, possivelmente desafiando os paisanos das outras bancas, certamente quase todos tricolores doentes.
Vemos também a iluminção incandescente em seus últimos dias, em todas as vias, inclusive na Av. Rio Branco.
Uma foto no mesmo lugar hoje em dia não teria grandes diferenças, talvez o BNDES ao fundo. O ângulo encobre os prédios antigos da S.José e a loja da Willys.
Camelôs, com certeza havia, afinal recentemente lemos uma notícia do Globo de 1958 falando deles. Mas com certeza não eram os “donos da rua”, e provavelmente não tinham a pose de bandido dos atuais.
Mafuá mesmo é este lugar depois das 18h próximo ao fim de semana, quando fica infestado de suspeitíssimas “barraquinhas” de espetinhos e cerveja que fazem a “happy-hour dos pobres” (ou nem tanto) deixando um rastro infecto.
Uma sugestão aos fotologueiros: quando postarem as imagens da Life, colocar um link para a imagem em alta no site do Google.
André,
O nome da rua não é Rodolfo Silva, e sim Rodrigo Silva.
ops, corrigido
Rodolfo era o irmão do Rodrigo. Esse pessoal é muito intolerante.
Na época em que comecei a trabalhar na cidade, por aí pelos anos 70, asseguro que práticamente não havia camelôs na cidade.
Pelo menos não me lembro. E camelô é coisa que não se esquece.
havia camelôs, mas eram poucos e em geral vendedores de loteria ou lâminas de barbear (É inglesa, inglesa, inglesa !). Muitos cegos vendendo canetas e havia um que tocava saxofone na esquina de Rio Branco com Ouvidor.
também me lembro desses camelôs quando era criança, e o mais impressionante quase todos legalizados. As notícias que o Rafa fala vem de 1958, uma das piores épocas da cidade, quando toda a grana estava indo para Brasília e o Rio estava na mingua e desorganizado ao extremo. Se não me engano foi só nesse ano que começamos a ter autonomia orçamentária e de veto, justamente quando nossa cidade já não interessava ao governo federal, construíndo a futura ilha da fantasia, uma das culpadas pela nossa história recente.
Com o começo da Guanabara a cidade sofreu um choque de ordem enorme, aliás como ela precisa nos dias de hoje, e que peloas alianças do novo prefeito não acontecerá da forma como deveria ser feita