Hoje, em mais uma foto de Ferreira Júnior, temos uma imagem do gigantesco hidro Dornier DOX, fundeado na Enseada de Botafogo em seu voo de propaganda em 1931.
O enorme DOX era o que se imaginava ser o futuro do transporte aéreo de passageiros, grandes hidros. Isso se refletiu até na construção dos terminais do que seria o aeroporto Santos Dumont, o terminal de hidros foi construído prioritariamente face ao terminal de passageiros para os aviões de trem de pouso, a época pequenos, transportando poucas pessoas em voos curtos, o oposto dos hidros da Panan e do Sindicato Condor, que faziam voos transcontinentais.
Mas o advento da II Guerra demostrou que os aviões de trem de pouso eram aerodinamicamente mais eficientes que os hidros, sendo aperfeiçoados de forma notável durante o conflito, encerrando, após a guerra a saga dos grandes hidroaviões para transporte transcontinental de passageiros, sobrevivendo os hidros em pequenos aviões como o simpático Catalina.
A foto, quando vista em grande definição (possível de se obter clicando na imagem) dá uma idéia do tamanho do monstro de metal, notadamente o tamanho das asas e dos grandes motores duplos, onde podemos compara-los em escala com as pessoas que aparecem na imagem. O grupo na asa e os mecânicos trabalhando no topo da carlinga, junto aos motores.
A foto também nos revela uma série de pequenos apêndices aerodinâmicos, no topo da aeronave e no profundor da cauda.
Agradecemos ao amigo Sidney Paredes o envio das fotos de seu padrinho, para a alegria de todos.
O Ferreira Junior, além das fotos sensacionais que fez, viveu uma época maravilhosa do Rio.
Imagino a alegria do Sidney Paredes quando recebeu o baú de fotos do padrinho.
Mesmo antes da II Guerra, os aviões baseados em terra já estavam suplantando esses monstros. Os monoplanos cantilever, com construção totalmente em metal e trens de pouso escamoteáveis já estavam começando a dar lucro só com transporte de passageiros – antes o que sustentava as aerolinhas eram basicamente os subsídios que o governo dava pelo correio aéreo. Foi a era do Boeing 217, do Ford Trimotor, e até do já um pouco obsoleto Junkers Ju 52, mas, principalmente a era da máquina que muitos consideram o principal avião de todos os tempos e sem dúvida o mais importante da aviação comercial – o maravilhoso Douglas DC-3 (http://arsgratiars.blogspot.com/2010/01/o-melhor-aviao-de-todos-os-tempos.html).
A fuselagem parece direitinho com o casco e a superestrutura de um navio. Isto fica ainda mais nítido com a ampliação da imagem.
Achei muito criativo o enquadramento da foto, com o comprimento do Dornier coincidindo com as extremidades do Pão de Açúcar e do Morro da Urca.
Quanto ao passado dos hidroaviões no Rio, possuo um livro que informa haver existido na Barra da Tijuca, então um imenso areal, uma área destinada ao pouso desses aeroplanos,
nas lagoas.
Se alguém deve agradecer, sou eu e a família, muito honrados com a divulgação do trabalho de Ferreira Júnior.
Realmente o enquadramento da imagem que faz o DOX se fundir com o Pão de Açúcar é coisa de fera.
Certa vez vi num documentário que a difusão dos hidroaviões nas décadas de 1920 e 1930 foi devido tanto à falta de infraestrutura aeroportuária, quanto à confiabilidade relativamente baixa das aeronaves da época. Em caso de pane o hidroavião poderia pousar no meio do oceano e aguardar socorro.
Isso mudou durante a Segunda Guerra, com o desenvolvimento da aviação voltada a aeronaves militares de grande porte (transportes e bombardeiros)
E havia outra vantagem dos hidroaviões: eles podiam pousar no meio do oceano para serem reabastecidos por um navio esperando por eles (é sério).