Aérea, Lapa

foto de andredecourt em 20/04/07

Nossa aérea de hoje é uma aproximação no limite da resolução de uma das fotos do CAN.

Ela mostra a Lapa clássica, com seu traçado pós Passos e que foi um dos templos da boêmia, malandragem e da boa música popular na cidade por muitas décadas.
Na parte inferior temos o traçado estreito da antiga Travessa das Belas Noites, hoje chamada de Rua das Marrecas, nome bi-centenário o qual se tentou trocar diversas vezes ao longo dos sécs. XIX e XX sem êxito, hoje o principal motivo deste nome não mais existe, que era o Chafariz das Marrecas, localizado no encontro desta com a Rua Evaristo da Veiga, infelizmente ele já estava demolido na época desta foto, para a ampliação do QG de polícia.
Vemos também na esquerda inferior um naco do Passeio Público e sua densa vegetação. Mas é na metade da altura de nossa imagem, ainda na extrema esquerda que começamos o tema principal do post de hoje.
Vemos ali o Grande Hotel, na esquina com a Travessa do Mosqueira, depois de reformas nos anos 50 o prédio abrigou o cinema Colonial e hoje é a Sala Cecília Meireles, no centro do Largo da Lapa vemos em destaque o Lampadário da Lapa, a estação de bondes só seria construída poucos anos à frente de nossa imagem, embora ali já existisse refúgios para os passageiros dos carris.
Mas é por de trás do largo que podemos ver o tecido urbano da Lapa antes do Arcos, como era até a absurda demolição dos anos 70, os dois quarteirões triangulares que vemos, primeiramente englobando o entre o Largo da Lapa, a Rua Visconde de Maranguape e a Av. Mem de Sá, e o segundo englobando Av. Mem de Sá, Rua do Passeio e rua dos Arcos foram varridos sem nexo nos anos 70, com a desculpa de se dar mais visão aos Arcos e usando-se o projeto do Plano 1000 da década de 40, que já tinha sido posto de lado pelo Governo Carlos Lacerda por ter se entendido que ele seria extremamante danoso ao comércio e urbanismo do Centro, só ficando a ser realizada a parte referente à Esplanada de Santo Antônio.
Essas demolições somadas a outras realizadas no passado, como contemporâneas e até as dos anos 80, quando foram obstadas pelos protestos da demolição da Fundição Progresso, aceleraram a decadência da região. Que provocou o desaparecimento de outros inúmeros imóveis destruídos pelo abandono, invasões e incêndios seguidos de desabamentos que provocaram os inúmeros vazios que temos na região. Região essa que apesar do renascimento a partir dos anos 90 ainda guarda muitas cicatrizes desse período.
Mas infelizmente o grande vazio feito na frente dos Arcos foi uma mutilação que até hoje não cicatrizou a árida esplanada criada, além de desconectar a Lapa do Centro urbanisticamente é extremamente desconvidativa à presença humana, que a transforma em terra de ninguém, ocupada por desocupados e marginais, o pequeno anfiteatro criado ali no início dos anos 90 é um pequeno sopro de atividades e presença sadia no local, mas sua presença é tímida numa área tão grande.
Indo um pouco mais para a direita da nossa imagem vemos os Arcos, é interessante notar que ainda só havia uma das arcadas duplas aberta, a da Rua dos Arcos, anos depois uma outra seria aberta na passagem da Rua do Riachuelo e da Av. Mem de Sá, no qual vemos seu encontro no quatrande direito superior da foto. Essas arcadas duplas seriam fechadas por Carlos Lacerda que promoveu a primeira grande restauração dos Arcos da Lapa, voltando-o para seu formato colonial.
Na parte esquerda superior vemos a subida para Santa Teresa e no extremo esquerdo também superior temos grande parte do convento que de nome ao simpático bairro carioca.

Comments (17)

derani disse em 20/04/07 10:37 …
Esse sim, foi o verdadeiro bota-abaixo.
Concordo, demolição sem nexo…
js disse em 20/04/07 11:56 …
Que foto!!! linda, desta vez tiram a HISTÓRIA para implantar um vazio… sem palavras.
marco antonio duarte disse em 20/04/07 12:44 …
Também compartilho de seu amor pelo Rio Antigo.
Na foto existente no site flickr há um comentário seu sobre o prédio do Silogeu que não corresponde à realidade.
O prédio com palmeiras à frente é o da Escola Carmelitana Santo Alberto, onde eu fiz meu curso primário.
Do prédio do Silogeu só se vê a parte superior atrás do prédio da Escola.
De qualquer forma parabéns pelo seu trabalho.
MARCO ANTONIO
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photomechanica disse em 20/04/07 13:06 …
Voce tem uns comentarista meio esquisitos por aqui…
:-)))
Domingo tem uma expo de carros antigos e velhos lá em Itaipava. De repente, se voce estiver por perto, poderá ser um programa curioso…a cultura indígena é sempre uma curiosidade para nós, simples urbanos.
:-)))))))))))))))))))))
O evento será na loja Itapneus, próximo ao Chópingui Vilarejo.
Eu estarei lá na parte da manhã.
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dexteram disse em 20/04/07 13:14 …
esse tipo de absurdo só acontece pela prática comum no Brasil da apropriação dos cargos públicos. Aqueles que deveriam representar a população, representam sim seus própios interesses, somada a extrema passividade das pessoas com relação a essas atitudes estúpidas e lamentáveis…
dexteram disse em 20/04/07 13:15 …
…e só nos resta a nostalgia desta linda foto, parabéns André
Wagner Bahia disse em 20/04/07 13:24 …
Aprende-se muito por aqui.
dani_bessa disse em 20/04/07 14:46 …
Q pena q foi um Rio q passou…
js disse em 20/04/07 15:54 …
Eu presenciei os desabamentos na Rua dos Arcos,na enchente de 1966 e foram consequencia do abandono total já naquela época.
tursp disse em 20/04/07 16:45 …
A fotografia é um exercício fundamental da criatividade. Torna-la possível através das páginas do fotoblog é uma maneira de revelar o gênio da criação. Caminhos que nos levam a apreciarmos a beleza que esta na intimidade das pessoas. Essa beleza desenhada através de formas, luz e cor. Resumindo, arte fotográfica. Da simplicidade à maioridade da estética visual. Parabéns pelo trabalho.
jban disse em 20/04/07 18:11 …
Olhando essa foto dá vontade de chorar !!! Quanta merda já se fez em nome do “progresso”…
jason_1900 disse em 21/04/07 00:31 …
Me manda esta em alta definição, cumpadi?
André Costa disse em 21/04/07 09:28 …
A ultima referência esquerda superior, acrescentaria que ali fica a atual escada que está se tornando mais conhecida como Selaron, devido ao trabalho do Chileno de revesti-la com cerâmica.
Nota-se que a área à direita da escada ainda não havia sido edificada, agora tem uma casa ao lado da outra em toda a subida.
Olhar a escada de baixo ou de cima é muito bonita a aparência plastica dos ladrilhos e cerâmicas aplicadas.
jbn disse em 22/04/07 18:43 …
Parabéns pelo teu trabalho. Eu, que nasci na Lapa, na rua Joaquim Silva, apreciei muito tua foto e teu texto. Apenas um reparo: a sala Cecília Meireles, antes Cinema Colonial e Grande Hotel, fica na esquina com a rua Teotônio Regadas.

Um comentário em “Aérea, Lapa”

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