Ponta do Cajú, a série I

foto de andredecourt em 24/08/06

Hoje teremos o início a uma mini-série sobre um dos lugares mais multilados de nossa cidade, a Ponta do Cajú.

Infelizmente fotos aéreas de antes do início do sec. XX não são possíveis, então nos limitaremos a década de 10 e ao início da década de 70 em apenas duas fotos, mas que irão mostrar toda a destruição ambiental que a região sofreu.
A Ponta do Caju, segundo consta nos livros de história de nossa cidade era, um daqueles locais paradisíacos que existiam dentro da baía e que o progresso destruiu.
Nesse lugar foi erquida a casa de banhos real, para que D. João VI se banhasse em águas límpidas, calmas e de preferência abrigadas da curiosidade popular, que certamente aconteceria caso o monarca escolhece alguma das praias mais próximas ao centro urbano.
Mas com a aurora do sec. XX e a necessidade de a cidade tirar de sua área urbana próxima, serviços que não eram salubres ou desejáveis, a região da Ponta do Cajú por sua proximidade e posição dentro da baía foi escolhida. Cemitério, arsenal de guerra, depósitos, atividades portuárias inclusive envolvendo a lama decantada da City, aterro sanitário eram atividades que foram sendo deslocadas para o local.
Posteriormente as ampliações do porto, a indústria da construção naval e finalmente a construção da Ponte mudaram completamente a geografia do local, destruíndo as belezas locais e transformando o Cajú em algo que lembre sujeira e morte.
Para efeito de comparação das mudanças físicas do litoral peço para que guardem na memória o maior prédio da foto, mostrado à esquerda em estilo industrial.

Comments (17)

derani disse em 24/08/06 10:48 …
D.João VI já começou poluindo o local com suas “perebas” … o banho de mar era uma recomendação médica para tentar curar uma ferida renitente que havia em sua perna e da qual ele nunca se curou.
🙂
luiz_d disse em 24/08/06 10:52 …
Quem a vê hoje não imagina que possa ter sido paradisíaca…
Waldenir disse em 24/08/06 12:17 …
André, boa tarde.
A foto de hoje suscita algumas dúvidas,provavelmente porque a região toda sofreu muitas modificações.
O aterro retangular era do cais do porto? Se for, é estranho,pois não possui guindastes, e o chão parece estar coberto de vegetação.
A chamada casa de banhos de D.João VI,atualmente um museu da COMLURB,era mesmo utilizada para este fim? Já ouvi várias versões a respeito,alguns dizem que ele tomava banho na praia mesmo,e dentro de um barril,e a casa seria apenas para trocar de roupa.Outros dizem que nem isso,a casa apenas existia por volta de 1808,e,sendo contemporânea,teria ficado com a fama. O próprio motivo da recomendação de tomar banho (feridas, sarna adquirida na viagem de Portugal,doenças venéreas…)varia de acordo com a versão.
Há algum indício documental,ou é apenas história popular?
Rafael Netto disse em 24/08/06 12:17 …
Não me situei ainda… cadê o cemitério?
Essa foto é da década de 1910? Já parece bastante degradado e industrializado.
O que seria esse conjunto de construções que domina a foto do lado direito, ocupando um aterro de forma regular?
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
andredecourt disse em 24/08/06 12:29 …
Waldenir, a região ainda estava em mutação, o porto ainda nõa tinha chegado aí, só chegaria décadas mais tarde e destruíria a enseada que vemos a esquerda.
D. João VI, dizem as más linguas tomava banho de mar em um grande ofurô, mas essa versão não é 100%, a casa já existia sim, mas foi praticamente reconstruída, ela era usada não só para a troca de roupas, mas como para servir refeições, afinal o velho monarca era bom de garfo. A doença segundo li em mais versões era um ferida, causada por uma picada de inseto numa das andanças pela floresta da Tijuca, que não cicatrizava, aparentemente virou erizipela
andredecourt disse em 24/08/06 12:33 …
Rafael, o cemitério não fica muito nítido nessa resolução, mas está lá, mas não do tamanho de hoje.
Essas contruções e esse aterro persistem na foto dos anos 70, mas curiosamente em outro lugar, pois os outros aterros mudaram completamente a noção de perspectiva da região, é impressionante
Rafael Netto disse em 24/08/06 13:33 …
As últimas mensagens me fazem crer que a enseada à esquerda foi ocupada pelo porto e por toda aquela região do Km1 da Av. Brasil, a rua que beira o mar fazendo a curva seria a Monsenhor Manuel Gomes, e o cemitério está quase no meio da foto, em frente de uma grande estrutura que parece ser um grande trapiche ou um começo de aterro.
Tem uma rua bem nítida e reta no canto superior direito, que desconfio que seja a Pref. Olímpio de Melo, que atualmente se “emenda” na Av. Brasil junto à UFE.
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
andredecourt disse em 24/08/06 15:23 …
É isso mesmo Rafael !!
tiacarmo disse em 24/08/06 18:17 …
Gosto muito do seu flog. As fotos do Rio Antigo me encantam assim com sua história.
triunfodapintura disse em 24/08/06 18:51 …
Absurdo o desrrespeito à geografica, ecossistemas, etc a favor de uma geometria de projeto da prancheta de algum insensível.
maira2d disse em 24/08/06 19:21 …
Até alguém imaginar que o “progresso” prejudicava esse tal de ecossistema… só na próxima foto!
Cara… tem uns barraquinhos na ponta direita do aterrro…
E ajudem-me, pois apesar de ser aspirante a Geógrafa, nao sei me localizar muito bem…
Que corpo hídrico é aquele no canto superior direito? Não tenho idéia de onde poderia ser atualmente.
andredecourt disse em 24/08/06 19:36 …
Maira, são águas da baía, o local que vc menciona desapareceu com aterros
zecarioca disse em 24/08/06 20:30 …
Não sabia de nada disso!!!
Marcelo Almirante disse em 24/08/06 20:53 …
Sem contar na grande usina de reciclagem de lixo, implantada na região há alguns anos.
rock_rj disse em 25/08/06 09:08 …
Nunca tinha visto uma foto aérea desta região, parece um lugar muito poluído…

Um comentário em “Ponta do Cajú, a série I”

  1. Infelizmente, o único meio de transporte no passado era pelo mar ou charretes, e isso tornavam as coisas muito lentas. Os suprimentos demoravam a chegar nas residências, sendo melhor para o homem, na época, a residir mais próximos do mar. Isso facilitava a vida que ja era tão difícil, sem energia elétrica, sem produtos industrializados, tudo era perecível, não podiam perder tempo. Mas muito tempo, antes mesmo de tanta destruição da orla, se houvesse governantes de visão, quando obtiveram energia, trens, carros a dísel, não haveria necessidade de ocupar áreas tão próximas a orla. Acho que essa invasão ao mar, não só destruiu o que era lindo, como nos destruirá no futuro. Deveria ter uma distância mais ou menos de 1.500m de uma construção para o mar, isso daria mais espaço para tratamento do esgoto que é lançado, com setores de trituração e filtragem. Creio que o que foi destruido, pode ser construido, não vejo porque a marinha, que ocupa a maior parte da orla naquela área, não toma uma providência.
    Ví a praia de ramos nos anos 70 com águas límpidas, e sem construções pela orla, tinha que andar um caminho enorme até chegar na água. É uma pena ver o horror que está hoje!

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