Nessa imagem da segunda metade dos anos 70 vemos a grande convulsão urbana para a construção da gigantesca e profunda Estação Estácio, planejada para ser uma das estações de baldeação do sistema, fazendo a transferência dos passageiros da Linha 2 que quisessem acessar as estações do braço norte da Linha 1, da Rua Uruguai até a Central. A transferência para o braço sul seria realizada na Estação Carioca.
A construção do Metrô nessa região se somou com as estabanadas reformas urbanas de anos antes, destruindo por total o antigo urbanismo, podemos pela foto ter uma idéia da destruição e também vermos os vários níveis da estação, como também pode ser apreciado nas obras da estação Carioca.
Porém o que falaremos no post de hoje com mais ênfase não é sobre o passado, mas sim sobre o futuro, com a ameaça da construção da famigerada LINHA 1-A do Metrô.
Vendida como solução para todos os males pela operadora do sistema, a Metrô-Rio, antiga Opportrans, uma empresa que tem como sócios um banco de investimentos, fundos de pensão e a concessionária do metrô de Buenos Aires, essa famigerada linha, de início põe por terra décadas de projetos, verbas, orçamentos, trabalho e estudo de equipes do antigo Estado da Guanabara e de especialistas estrangeiros que projetaram o sistema de Metrô de nossa cidade, desde os anos 50, além de pronto condenar duas estações, uma pronta e outra sem finalização, ao abandono total.
Essa absurda linha, é sinalizada ao governo estadual como um grande negócio, pois afinal ele só terá que dilatar o prazo da concessão da Metrô-Rio até 2038, para que a mesma faça investimentos no sistema; alguns cá entre nós já deveriam ter sido feitos por ela há tempos, e pouparia alguns milhões de reais na construção dessa nova linha e na compra de novos carros, melhorias de estações existentes, etc….
Além do mais, essa LINHA 1-A é vendida ao povão, sempre desinformado, como o fim da chata baldeação e a possibilidade de ir para a Pavuna até Botafogo sem trocar de trem, o que a uma primeira olhada é uma maravilha, mas o que se esconde é sórdido! Mas ninguém se lembra de contar a esse mesmo povão que o preço da passagem do Metrô de Buenos Aires, operado por alguns dos sócios da Metro-Rio é equivalente a 50 centavos de real.
Primeiramente vamos aos números, ao conceder o aumento de prazo de concessão para a Metrô-Rio até 2038, a mesma se compromete a investir no sistema, nessas melhorias 1,5 bilhão de reais, ao longo desses 30 anos, o que pode parecer muito, mas é pouco, muito pouco. Só a conclusão da Linha 2 até a Carioca está orçada em R$ 700 milhões, mas esse valor pode ser diminuído com readequações.
Essa nova linha seria composta de uma duplicação do ramal de acesso que parte da Estação São Cristóvão até o Centro de Manutenção, e dele até a Linha 1 por outra linha, que se conecta ao sistema pouco antes da Estação Central. No meio do caminho seria construída uma estação aérea chamada Rio Cidade Nova. É nesse entroncamento com a Linha 1 que surgem os problemas, primeiro relacionados com a segurança. Essa junção se dá por um túnel com 5º de inclinação e em curva, feita para os trens acessarem vindos da manutenção vazios e em baixa velocidade e também poucas vezes ao dia. O que acontecerá com os trens cheios e a mais de 40 km/h, caso ele precise frear, ou mesmo por algum erro entre “mais quente” nessa curva, lotado. O Outro ponto é a operação dos AMV ( Aparelho de Mudança de Via ) no local, que serão solicitado em intervalos de menos de 2 minutos hoje, com o metrô em pleno tráfego será em intervalos de 45 segundos, das 6 da manhã até a meia noite, e não poderão apresentar falhas, onde no mínimo provocarão a paralisação de todo o metrô da cidade.
Outro ponto ainda no campo da operação é que toda a linha 2 como as pontas da Linha 1, da Central até a Saens Penna ( ou Uruguai ) e de Botafogo até Gal. Osório nunca poderão ter os intervalos de 90 segundos planejados nos anos 70, pois no meio da Linha 1 os trens da Linha 2 estarão circulando de forma compartilhada, inviabilizando o aumento de velocidade em mais de 2/3 do sistema atual, sem contar com uma futura junção da Linha 4 ou na planejada Estação Morro de São João, como numa anexa à Carioca, ou seja a Linha 4 também ficará limitada. Podemos também mencionar que a Linha 2 nunca mais poderá operar com a sua capacidade plena, pois ela prevê em suas plataformas abrigar composições com até 8 carros, enquanto nas plataformas da Linha 1 onde seus trens circularão nessa Linha 1-A só comportam por projeto composições com até 6 carros.
Outro ponto delicado, e não tolerável será o abandono da parte inferior da Estação Estácio, como dos delicados túneis que cortam o Rio Comprido e toda a complicadíssima região da Praça da Bandeira, que custaram a preços aproximados de hoje mais de US$ 50 milhões, tudo isso seria jogado para escanteio, como também toda a parte inferior da Estação Carioca que ficaria como um monumento inacabado da falta de seriedade da construção e operação dos transportes de massa sobre trilhos no Brasil.
A SEAERJ, que reúne vários engenheiros e arquitetos que planejaram por décadas o sistema já se colocou contra, bem como inúmeros especialistas sérios como Fernando McDowel, e até mesmo engeiros da Rio-Trilhos (estatal que herdou o podre do Metrô carioca) já estão contra essa absurda idéia, que espantosamente está quase sendo posta em prática, contraditoriamente não vemos nada disso na grande imprensa, que está calada !!!!!
Essa obra não pode sair do papel. O pior é que é prato cheio pra populista.
O grande problema é que o povo brasileiro, do eleitor ao eleito, se contenta com o “suficiente”. Ninguém procura “o melhor”. As casas sem revestimento das favelas são um bom exemplo, o custo de uma melhor aparência seria irrisório, mas deixam do jeito que “dá pra morar”.
O metrô pensado desde os anos 50 seria “o melhor” e está sendo transformado no “suficiente” por essa mentalidade irresponsável.
E na verdade o metrô de Buenos Aires custa 90 centavos de peso, ou 50 centavos de real. Mas tudo na Argentina é irrealmente barato para os nossos padrões.
Daqui à uns 500 anos quando formos um povo desenvolvido e fizerem escavações arqueológicas descobrindo as estações abandonadas… vai ser um nó na cabeça dos pesquisadores.
De resto, não se pode esperar nada de sério das autoridades de uns 50 anos para cá.
Quem do Metrô poderia responder a essas questões do Andre?
O Dr. Engenheiro?
Gostaria de ver as fotos da obra do metro da Carioca. se for possivel publique-as no site
No próximo dia 10, a passagem passará a custar R$2,60. Aumento esse autorizado no contrato de concessão. Parece que são dois aumentos por ano.
O Metro do Rio já começou errado. A estação de tranferência para a zona sul era para ser a Carioca, mas por economia (ou porque o dinheiro previsto não foi suficiente), as tranferências se concentraram no Estácio o que faz com que os trens da linha 1 pela manhã vindos da Tijuca quando param no Estácio fiquem abarrotados, o que não aconteceria se a transferência para a z. sul fosse na Carioca.
Conforme diz o texto Oswaldo a integração da linha 1 com a 2 se daria em dois pontos no Estácio e na Carioca, e 1986 as obras até começaram, mas com a não continuidade do projeto por parte do segundo governo Brizola ela foi abandonada
O Cesar Maia lembra muito o Brizola, aliás é cria dele. Se a idéia não é dele, não presta. Me lembro que o Brizola fez e inventou de tudo para não terminar a estação Arcoverde.
Oswaldo, o Cesar pode ser cria do Briza, mas o Metrô não é da competância dele, mas sim do governo estadual. O Brizola fez tudo para não se construir uma só estação de metrô, aliás com ele o metrô andou para trás, várias estações da linha 2 já prontas foram desativadas e abandonadas no seu segundo governo, invadidas e tiveram que ser reconstruídas no Gov. Marcello Alencar, quando o sistema chegou até a Pavuna.
Me lembro bem que em um debate eleitoral, o Itagiba Brizola disse que era mais barato o estado pagar taxi para cada pessoa que usasse o metrô, do que o estado bancar o metrô.
Acho que foi no mesmo debate em que ele afirmou que ia colocar uma vaquinha em cada esquina da cidade, pra população ter leite…
Não foi bem assim. O projeto inicial do Metrô previa na primeira etapa a Linha 1 Botafogo-Tijuca, a Linha 2 Estácio-Maria da Graça e o Pré-Metrô (VLT) até a Pavuna. A ligação Estácio-Carioca e a extensão da Linha 1 até Ipanema viriam num segundo momento. No fim das contas entre muitos atrasos, a primeira etapa da linha 1 foi concluída, mas a linha 2 foi levada aos trancos e barrancos, incorporada ao pré-metrô e passando a usar os carros daquele de forma improvisada. Só no final dos anos 80 foi anunciada a segunda fase, incluindo a conclusão da Linha 2 até a Pavuna, mas as obras foram paralisadas, e quando retomadas, quase dez anos depois, contemplaram apenas o trecho da Pavuna e Cardeal Arcoverde. A extensão de Ipanema vai sendo levada a conta-gotas da forma mais antieconômica possível, e a Estácio-Carioca sistematicamente “esquecida”.
É bom lembrar que várias estações se encontram inacabadas, como Largo do Machado que tem o revestimento pela metade e uma saída faltando, e até hoje não existe piloto automático no trecho de Copacabana, nem despacho integrado ao restante da linha, obrigando a uma parada em Botafogo.
Exato Rafa, existem várias estações inacabadas, Uruguaiana, Pres. Vargas, Largo do Machado, Botafogo, Siqueira Campos, Carioca..só para ficarmos na Linha 1
Não tive como acompanhar a construção das estações mais antigas, já que nem nascido eu era, mas o fato de a Siqueira Campos estar inacabada sem os jornais nada terem escrito, chega a ser escárnio contra todos nós. Durante o período em que ela não entrou em funcionamento por causa daquela briga entre Rosinha e Benedita, saíram umas quatro reportagens sobre o fato de haver ainda dois acessos a serem construídos. Não sei o que aconteceu, se a desapropriação travou ou o que aconteceu, mas os imóveis abandonados da esquina da Figueiredo de Magalhães com Tonelero não mentem.
Andre, eu sei que é meio off-topic, mas você teria uma foto antiga da Praça Olavo Bilac? Passei por lá hoje e pude constatar o estado fatídico em que se encontra aquele prédio horrível do estado que enfiaram lá no meio.
Só dois esclarecimentos: desde o ano passado, a Cometrans – sócia argentina do Metrô Rio – não faz mais parte do consórcio que administra o metrô carioca. Vendeu a sua participação para os demais sócios: a Sorocaba Empreendimentos e Participações e a Valia. A fonte da notícia: http://www.anapar.com.br/novosite/noticias.php?id=2161
E quanto ao piloto automático, no trecho entre as estações Botafogo e Cantagalo, o mesmo já foi instalado há algum tempo.
O Metrô é uma grande conquista da população, sem dúvida. Uma grande cidade fica inviável sem um bom sistema de transporte coletivo. Apesar de terem começado a construí-lo sem um plano financeiro definido, com as obras se arrastando de 1971 a 1974 pela completa falta de recursos, foi graças a fusão de 1975 que as obras foram retomadas, visto o governo da Guanabara ter entrado em acordo com os “federais”, haveria a fusão caso as obras fossem prosseguidas. A partir de 1975, com o apoio do Geisel as obras foram aceleradas e o primeiro trecho foi finalmente inaugurado em março de 1979.
Mas depois disso o Metrô foi só problemas, pois mesmo antes de sua entrega a torneira de recursos secou. Parte do contrato da compra de trens foi cancelado. Uma série de erros de planejamento, politicagens onde sempre o povo é sacaneado criaram o caos que hoje se verifica, pela simples falta de trens.
Até hoje, décadas depois, o governo ainda não comprou o número de trens necessários para sua operação, beneficiando os donos de empresa de ônibus que ficam com o seu mercado resguardado. Hoje um plano de construção criminoso de um ramal, condenado por toda comunidade técnica, irá amarrar de vez com o sistema. Engraçado que a midia nem toca no assunto, se fazendo como sempre de mal informada. O povo irá receber mais uma, como já deve estar acostumado.
Andei fazendo umas contagens para verificar a oferta no Metrô, nas linhas 1 e 2:
http://zrak7.ifrance.com/rio-metro-fluxo-2008.pdf
Fantástico seu trabalho de observação, trens de 4 carros nos horários de pico na Linha 2 chega a ser vergonhoso !!!
O engraçado que todos nós vemos isso, menos a imprensa, será que há jabá para comprar o seu silêncio ????
É um primeiro de Abril após o outro !!!
E a linha até a Barra, via Gávea ou Cascadura-Jacarepaguá ? Nem em sonho !
JBAN:Revendo a presente postagem em que todos são unânimes em condenar a “maracutaia” dessa linha 1-A,acho que todos nós deveríamos provocar o Ministério Público, enviando e-mail´s,dando conta da situação, para promoção de um inquérito e posteriormente uma Ação Civil Pública para chamar os responsáveis por tais descalabros à responsabilidade.
VAMOS NOS MOBILIZAR E LEVANTAR ASSINATURAS DOS USUÁRIOS CONTRA ESSAS MEDIDAS DESCABÍVEIS !!!!
A implantação da variante 1A significa trocar o planejamento a longo prazo por uma solução provisóra. A construção da variante 1A compromete o desenvolvimento da região metropolitana, prejudica a população e desperdiça dinheiro público gasto em planejamento e obras já feitas e que serão abandonadas.
A VERDADE É A SEGUINTE. O GOVERNO SERGIO CABRAL ISENTOU A METRO-RIO DE PAGAMENTO DOS 10 ANOS QUE FALTAVAM PARA O FIM DO CONTRATO E ALÉM DESTES, DEU MAIS 20 ANOS, OU SEJA 30 ANOS. EM TROCA A OPERADORA FARÁ INVESTIMENTO DE R$ 1,15 BILHOES NUM PROJETO QUE TODOS SABEMOS QUE É PROVISÓRIO, RUIM, DE ALTO RISCO E DE MENOR CAPACIDADE. QUANDO NO PROJETO ORIGINAL A LINHA 2 PASSARIA PELA CRUZ VERMELHA, CARIOCA E CHEGARIA A PRAÇA XV INTEGRANDO COM AS BARCAS COM ISSO PASSANDO DOS 500 MIL PARA 1,2 MILHÕES USUÁRIOS POR DIA..
O PROJETO ORIGINAL QUE É DEFINITIVO, ESTÁ ORÇADO EM R$ 80O MILHÕES E É DEFINITIVO. TAMBÉM É IMPORTANTE SABER QUE SÓ NO ORIGINAL OS TRENS DA LINHA 2 PODERÃO CIRCULAR COM 8 VAGÕES.
CONCLUINDO. UMA VERGONHA.
Revendo a presente postagem em que todos são unânimes em condenar a “maracutaia” dessa linha 1-A,acho que todos nós deveríamos provocar o Ministério Público, enviando e-mail´s,dando conta da situação, para promoção de um inquérito e posteriormente uma Ação Civil Pública para chamar os responsáveis por tais descalabros à responsabilidade.
Já está anunciada a construção dessa sandice.
O candidato a prefeito do “governador” (eleito, por sinal) tinha colocado essa sandice no programa de governo como “apoiar o estado na extensão da linha 2”, mas a obra é toda por conta da concessionária. Enfim, picaretagem a parte, pelo visto, a tendência é que isso sepulte o plano da linha 2 até a Carioca. Conhecendo política no Brasil, eu não quero que isso seja implantado nem como provisório.
A única boa notícia é que a estação Uruguai deve sair do papel. Se vai ficar pronta antes da Copa é outra história.
Nota: metade da linha 1 continuará precisando de integração, e ainda haverá o controle de distanciamento dos trens, que certamente reduzirá a velocidade dos trens na linha 1. O único “benefício” é acabar com o esforço de troca de trens no Estácio, mas no geral, a agilidade do meio de transporte diminui.
Por que não criamos uma daquelas petições para colher assinaturas a apresentar à imprensa?