Nosso post de hoje mostra o sistema recém duplicado do túnel velho operando de forma inversa ao de hoje e ao que foi planejado de inicial, operação precária esta que durou pelo menos 3 anos e que explica diversas imagens como essas http://www.rioquepassou.com.br/2009/01/12/av-copacabana-com-rua-figueiredo-de-magalhaes-1973/ e http://www.rioquepassou.com.br/2012/01/16/av-copacabana-esq-com-rua-santa-clara/ com as ruas Figueiredo de Magalhães e Santa Clara, além da Siqueira Campos operando com as mãos invertidas do que seria natural.
Tudo começou ainda durante o período de obras, quando a galeria original do túnel foi elevada, com lages mistas premoldadas em menos de um mês e as obras de escavação do piso inferior e de alargamento da Rua Real Grandeza começaram.
De início os técnicos do DETRAN-GB achavam que não seria necessária nenhuma alteração no sistema viário e o túnel seria feito com a galeria superior dando mão Botafogo para Copacabana e a inferior em sentido inverso, mas nos testes ainda com apenas uma galeria operando em mão única começaram a descobrir um verdadeiro gargalo viário no tráfego Humaitá-Copacabana, que só tinha a já saturadíssima Rua Voluntários da Pátria para escoar todo o tráfego que vinha do Rebouças rumo a Copacabana e para Botafogo, Urca e Praia Vermelha.
Isto era resultado de uma das vias, que deveriam estar sendo executadas junto com a duplicação do túnel, e que fazia parte do PA 5784 dos anos 40, que nos anos 70 já se mostrava praticamente irrealizável, exceto o pequeno e esquecido trecho de rua.
O resultado foi, com o projeto já andamento a total inversão do planejado, inclusive o sistema de iluminação do túnel ficou totalmente invertido, com o reforço de luz nas saídas das galerias e não nas entradas. Além dos problemas pontuais de operação do túnel a mudança do planejado ainda afetava uma dezena de ruas, o que causou o caos no final de 1971, nos bairros de Copacabana e Botafogo, vemos nos dois croquis abaixo a verdadeira barafunda criada pela ausência de pouco mais de 500 metros de via aberta.
Em Botafogo criava-se um festival de incongruências viárias, com a inversão de mão de ruas importantes como o eixo Visconde Silva-Mena Barreto e das Ruas Gal. Polidoro e Real Grandeza. O maior erro era forçar todo o tráfego rumo a Copacabana vindo não só do Humaitá como da Praia de Botafogo e joga-lo para a estreita Rua Sorocaba. No dia seguinte a inauguração do túnel o transito em Botafogo parou e ruas antes pacatas e sem nenhum movimento, com revestimentos ainda em paralelepípedos receberam um pesado tráfego de passagem irritando seus moradores.
Já em Copacabana além das mudanças mais visíveis terem sido realizadas nas ruas Santa Clara, que perdeu a mão dupla no seu trecho superior, e a inversão de mão das ruas Siqueira Campos e Figueiredo de Magalhães as mudanças atingiram ruas como a Cinco de Julho e Hilário de Goveia. Com rampas acentuadas a grita dos moradores das Ruas Santa Clara e Siqueira Campos também foi intensa face o barulho dos carros e ônibus acelerando em marchas baixas para galgar as ladeiras.
O resultado é que uma semana depois novas mudanças foram feitas, e mais alguns absurdos cometidos como a tentativa de transformar o eixo Ruas Tenente Marones de Gusmão/ Maestro Francisco Braga/Anita Garibaldi contornando a até então isolada Praça do Bairro Peixoto em opção prioritária para o acesso à Ipanema o que causou nova grita de moradores, bem como a transformação da Rua Visconde de Caravelas em Retorno obrigatório para o Humaitá.
Tais confusões no Túnel Velho bem como o projeto da larga Av. Atlântica, sendo executado na mesma época levaram o urbanista Graça Couto falar que as prioridades do governo da Guanabara estavam erradas e que invés de executar as duas caras obras deveria é estar se executando o túnel Botafogo-Lagoa ( http://www.rioquepassou.com.br/2004/04/12/auto-estrada-botafogolagoa-i/ até http://www.rioquepassou.com.br/2004/04/14/auto-estrada-botafogolagoa-iii/ ) com sua variante até o Humaitá, para tirar totalmente o tráfego de passagem de Botafogo e Copacabana, bairros totalmente inadequados para serem corredores de passagem, o primeiro por ter vias estreitas e desconexas e o segundo pela sua grande densidade populacional.
As tentativas seguiram por 1971, com a tentativa de transformar a ainda sem saída Rua Pinheiro Guimarães numa rota de fuga da Real Grandeza dos que vinha de Copacabana, mas os conjunto de velhos imóveis localizados na esquina das Ruas Real Grandeza com Pinheiro Guimarães, que abrigavam estabelecimentos de antes da abertura do Túnel Velho, criavam no local uma pororoca no tráfego, que dava quase nenhuma serventia a esta “nova rota”.
Somente em Julho de 1973 é que o trecho de uns 600 metros que tanta confusão causou, embora estivesse planejado há pelo menos 30 anos foi aberto http://www.rioquepassou.com.br/2004/09/22/rua-pinheiro-guimaraes-inicio-dos-anos-70/ deixando o tráfego como está até hoje, 40 anos depois.