Há varias décadas abandonado, desde seu fechamento em 1984, e após infrutíferas tentativas de revitalização aparentemente em 2012 o grupo que ganhou a concessão de uso do velho hotel o revitalizaria, e ainda entregaria parte da construção para ser sede do Parque da Tijuca, um final feliz.
O que poderia ser fantástico se mostra um grande ovo da serpente, como na Marina, nas mãos de Mr. X, a criação de um Centro de Convenções que acresce mais 9 metros de altura aos 12 da construção original já é algo que poderia criar impacto, como também uma nova varanda que se projeta sobre o velho Alpendre do hotel com mais de 8 metros de largura.
Mas o maior absurdo é a construção de um enorme edifício garagem com quase 400 vagas, sendo 125 para vans e ainda a inclusão de um terminal rodoviário para as mesmas. Essa garagem demandará um enorme corte na rocha, na beira do penhasco do Corcovado, bem na vertente sul/norte, com 20 metros de profundidade para abrigar 5 níveis de parqueamentos. Tal dano uma vez realizado nunca mais poderá ser reparado, e inclusive poderá afetar o manancial de alguns rios, e criar desequilíbrio geológico. Calcula-se que essa escavação retirará mais de 8 mil metros cúbicos de manto terroso e rochas.
Além do dano na morfologia do local, tal garagem vai contra o plano de manejo do próprio parque pois gerará um tráfego de veículos acima do que comportam as estradas que o cortam, estreitas, sinuosas, e com considerável grau de inclinação.
Ainda a estrutura da garagem terá um terraço que abrigará a rodoviária ficando por de cima do cenário da foto de hoje, criando uma enorme cobertura e tirando toda a perspectiva que há no local( http://goo.gl/maps/Lp5ez ) onde três vales se encontram. E não falamos nem das mais de 230 árvores que serão cortadas, isso dentro de uma unidade de conservação.
O projeto que teria tudo para devolver a dignidade do que foi um dos melhores hotéis da cidade no final do séc. XIX e início do XX, entra no grave erro de muitas das novas “intervenções” feitas na cidade nos últimos anos, na esteira dos “grandes eventos”. Primeiro é ser “espetaculosa” querendo chamar a atenção para sí mais que para a paisagem natural em volta ( famosa síndrome do arquiteto do pau pequeno), em segundo lugar a necessidade de se mudar de forma radical a fruição do entorno e por fim a atenção exagerada ao veículo automotor individual, numa época que esse pensamento se esvai dos novos projetos mundo a fora. Ainda mais se pensarmos que o local é servido por uma linha ferroviária que pouco abaixo ainda é abastecida por uma linha de carris, que sai do lado de uma das maiores estações de metrô da cidade. Infelizmente os 3 sistemas férreos estão totalmente sucateados ou operam no limite justamente pela mentalidade do culto ao automóvel que vem destruindo nossa cidade nos últimos 50 anos. O que era para ser um empreendimento moderno, sustentável e integrado ao parque periga se tornar um grande aleijão.
As obras como de praxe começaram a toque de caixa ( para aproveitar os grandes eventos) sem a autorização não só do IPHAN, como do IBAMA e está desacompanhada de um AI-RIMA, o que é um absurdo ! A mesma felizmente está embargada no momento, mas sabemos o que pode ocorrer.
A foto do Sr. Gyorgy foi tirada desde ponto ( http://goo.gl/maps/6jG3Z ) podemos observar que os anos de abandono do hotel fizeram a vegetação na sua borda crescer bastante, praticamente não vemos mais a desativada Estação das Paineiras da EFC, bem como a velha casa de força. A construção que vemos sendo destelhada aparentemente fazia parte do hotel e foi demolida, em seu local hoje há um estacionamento( http://goo.gl/maps/bjz6y e http://goo.gl/maps/GQyEq ) e os acessos para as partes de serviço do velho hotel, em estado de ruína.