Mapas da Cidade, anos 30 e 50

O post de hoje mostra dois mapas da região central e adjacências do Rio, ambos com um hiato entre sí de no máximo 20 anos, onde podemos não só ver as mudanças no urbanismo da cidade, alteração do litoral como também o abandono de planos urbanísticos e tecidos urbanos hoje desaparecidos por outros planos

Nosso primeiro mapa tem em seu cabeçário a identificação de ter sido impresso em 1932, mas possivelmente se baseia em plantas um pouco mais antigas.
Ao darmos o zoon na imagem ( obrigatoriamente recomendável) podemos ver não só a região onde hoje passa da Av. Pres. Vargas intacta como também uma fantástica panorâmica de todo o arruamento planejado no Plano Agache para a área do Castelo.  Há algumas curiosidades como a sobreposição de parte do velho Bairro da Misericórdia que ainda teimava em se sobressair sobre as largas avenidas da Porta de Entrada do Brasil e sede da máquina administrativa como assim propunha o plano. Vemos alguns detalhes interessantes como o trecho em frente da Santa Casa renomeado para a Av. Pres. Wilson, nome este dado a posteriore para a via vizinha ainda chamada de Av. das Nações ( http://www.rioquepassou.com.br/2008/07/17/mapa-da-exposicao-de-1922-2/ ), a grande Praça Monumental e várias vias que desapareceram quando da não execução da Esplanada como ela fora projetada.
Mais a frente vemos que o Morro de Santo Antônio ainda tinha uma sobrevida com a manutenção dos planos de melhoramentos e arruamento da Cia Industrial Santa Fé, que em breve seria desconsiderado.
Podemos observar bairros inteiros, hoje mutilados como a Cidade Nova e o Catumbi, como também o traçado original das vias junto a Praça da Bandeira.
E na parte da Z. Sul que faz parte do mapa bairros como o Flamengo e parte de Laranjeiras possuíam um tecido viário bem diferente dos dias de hoje com grandes quarteirões e vias ainda sem saída.

Já o segundo mapa transparece ser do início da década de 50, quando a cidade se internacionalizava, é um mapa destinado aos turistas, como a marcação de igrejas, pontos turísticos, embaixadas e repartições governamentais, além de ser em inglês.
O tecido urbano abrangido infelizmente é menor, mas nos brinda com o arruamento íntegro do Bairro da Misericórdia, vemos que a Esplanada Monumental era página virada e estávamos sobre a édige do Plano 100. O plano de ocupação do Morro de Santo Antônio também já havia sido descartado e pelo adiantado estado do litoral no Calabouço, já totalmente diferente da ponta imaginada por Agache certamente podemos concluir que ele começava a ser desmontado, ainda que lentamente.
No Largo da Carioca é interessante notar os espaços conquistados pelas demolições do Teatro Lírico e da Imprensa Nacional, na época ainda um mar de asfalto, como também percebermos não só o Tabuleiro da Bahiana como os acessos da desaparecida passagem subterrânea já mostrada pelos FRAs há alguns anos.
De nota curiosa vemos que há duas Ruas Vieira Fazenda, a original nos restos da Misericórdia a antiga do Cotovelo e a que até hoje sobrevive, um pequeno beco junto ao Club Naval, deveria ser um pesadelo para os que procuravam um número.
Vemos o Pier Mauá, que teve suas obras iniciadas em 1949 e nunca concluídas ( http://www.rioquepassou.com.br/2004/02/29/1527/ ), os diversos atracadouros para Niterói e interior do ERJ bem como as rampas de hidros no SDU.
Por fim aos curiosos há algumas ruas com os bizarros nomes que as administrações públicas tentaram impor face aos tradicionais e históricos, prática tão criticada por Vivaldo Coaracy.

20 comentários em “Mapas da Cidade, anos 30 e 50”

  1. Muito legal!
    Algumas coisas que reparei:
    Pensava que a Praça XI era na altura de onde hoje é a cidade nova, mas vejo que, na verdade, era na altura da Rua de Santanna.
    O morro de São Carlos chamava Santos Rodrigues.
    A Estacão D. Pedro II era ligada aos armazéns por trilhos. Esse túnel da marítima foi desativado?

    1. O túnel da Marítima foi abandonado junto com o terminal ferroviário do Porto, virou abrigo de drogados, mas agora parece que a Prefeitura tomou conta e cercou. Está previsto que será reformado para o VLT, mas isso é ver pra crer.

  2. Muito bom!
    Tenho procurado pela net mapas antigos do Rio que peguem o suburbio…..mas a maioria que acho so pega o centro….
    Encontrei pedaços do mapa geografico militar de 1922 que pega o suburbio, mas nao o mapa inteiro.
    Vc tem algum mapa antigo que tb pegue o suburbio da cidade?

  3. André,
    Não sabia que o Morro do São Carlos tinha outro nome.
    Onde moro existia a Rua Fonseca Lima.
    Também notei que não existia ainda o túnel que liga a Frei Caneca a Riachuelo, pensei que fosse um dois mais antigos da cidade.
    Tem como me mandar os mapas?

  4. Algumas coisas que me chamaram a atenção:
    a) a rua Marquês do Pombal ainda não chegava até a rua do Riachuelo. Tenho um filme de 1940/41 que mostra também que naquela época ainda não havia essa conexão.
    b) a rua Pereira Franco está com o nome Pereira Francisco.
    c) uma rua desaparecida na área da Praça da Bandeira foi uma sofredora. Já vi três nomes diferentes para ela: Boulevard do Imperador, Boulevard São Cristóvão e no mapa está Avenida Lauro Müller.
    d) a rua Elpídio Boa Morte ainda constava como sendo Mariz e Barros.
    e) havia uma rua projetada para sair entre a antiga Casa da Moeda e o prédio da CACO.
    f) deixou de existir a continuação de várias ruas que cruzavam a atual Presidente Vargas, no trecho entre esta e a linha férrea.
    Tentando responder a algumas indagações feitas por outros comentaristas:
    1) Vinícius ==> o túnel da Marítima talvez ainda exista, porém já não é usado há muitos anos. A estação da Marítima foi desativada na década de 1990. O ponto onde os trilhos da Central desviavam em direção a ela agora está fechado com um muro. No local da Marítima foi construída a Cidade do Samba.
    2) Ricardo Galeno ==> o túnel Martim Vaz, também conhecido como Henrique Valadares ou Frei Caneca, que liga a Frei Caneca à Henrique Valadares, cruzando a rua do Riachuelo, foi inaugurado em 16/03/1977, tendo sofrido extensa reforma em 1998 em virtude de grandes infiltrações de água pela abóbada.

    1. Hélio,
      Vi o post que o André colocou, sinceramente não tinha noção que esse túnel era bem novo. Sempre passo por ele para ir a cada da minha namorada. Ele estava bem maltratado, pelo menos agora colocaram um asfalto, estava lamentável, porém falta muita coisa ainda para ser feita.
      Você comentou ” c) uma rua desaparecida na área da Praça da Bandeira foi uma sofredora. Já vi três nomes diferentes para ela: Boulevard do Imperador, Boulevard São Cristóvão e no mapa está Avenida Lauro Müller. ”
      Essa rua não seria hoje a Joaquim Palhares?
      A região do Piranhão também mudou muito!
      Notei também que na região da Francisco Bicalho não fizeram menção ao quartel dos bombeiros.
      Esses mapas são demais!!

    2. Eu trabalhei no cais do porto (1973 a 1996) na época em que os trens passavam pelo túnel que fica por baixo da antiga Vila Portuária assim chamada por ter sido feita para os funcionários do Porto do Rio. Os trens que ali passavam saiam na Av Rodrigues Alves, na altura do armazém 10 e do frigorífico, passando por onde hoje é a Cidade do Samba e que antes foi um depósito de cimento a granel.

  5. Os mapas mostram tanta coisa que é até difícil comentar!
    Lembrando alguns detalhes:
    – no mapa mais antigo a Av. Gomes Freire aparece chegando à Buenos Aires e formando um eixo com a Tomé de Souza. Isso nunca aconteceu, existem hoje ruínas de prédios antigos em ambas os lados do quarteirão. Eu sempre estranhei a Gomes Freire começando “do nada” na Constituição.
    – já existia o Mercado das Flores na década de 1930. A construção atual obviamente é bem mais recente, e acho que sua história jamais foi contada nos fotologs.
    – a rua Santa Luzia acabava na igreja de mesmo nome, isso deve explicar porque ela tem uma numeração modificada
    – pode-se ver os contornos da garagem dos bondes do Largo do Machado
    – o arruamento original do Catumby, da Lapa, da Cidade Nova
    – o traçado da Rua de Santo Antônio levando os bondes de Santa Teresa aos Arcos. Também existia uma ladeira ligando essa rua à Senador Dantas.

  6. Interessante para comparação os dois mapas e a incrivel velocidade das mudanças nos projetos do centro.
    Notei que a rua Juan Pablo Duarte , chamava-se rua das Marre
    cas. Parece-me que voltou ao nome antigo ou não.

    1. Voltou, Marco. Essa rua já teve muitos nomes, começando pelo mais bonito, que foi Rua das Belas Noites. O nome de rua das Marrecas é porque na esquina dela com a Evaristo da Veiga (então chamada de rua dos Barbonos) havia um chafariz com 5 aves, confundidas com marrecas mas que na verdade eram de outra espécie.

  7. Valeu Helio: Muitas histórias para se contar em relação ao centro da cidade. Bons debates´e lembranças dos que trabalharam no centro como eu , graças a essas raridades.

  8. Como sou meio novo nessas observações historias, no primeiro mapa vejo que a rua da Assembleia era rua da Republica,bem curioso as trocas de nomes com o passar do tempo.

  9. Rua Sao Pedro , entre teofilo Otoni e Alfandega , que foi tirada do mapa pela Av. Presidente Vargas, no mapa nos anos 30 , gostaria de saber se ainda existe algum trecho desta Rua. Eu me lembro das casas da cidade nova, foi uma pena que nao conservaram as casas e expulsaram as prostitutas decadentes de la. Era a nossa Rerperbahn ( de Hamburgo, Alemanha) cujos estabelicimentos sao mais do que centenarios ! O Governo poderia ter lucrado com a piranhice e no lugar, deu a luz a um predio HORRENDO , chamado de Piranhao , sede de nosso governo municipal. Outra curiosidade: ANtes do Piranhao, onde era sede da Prefeitura do Rio?

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