Nossa foto de hoje, de autoria de Malta faz parte de um grande lote de fotos produzidas a serviço da Adm. Carlos Sampaio no intuito de documentar o avanço das obras de saneamento e regularização das margens da Lagoa, a risca dos planos de Saturnino de Brito. Os planos visavam o sanemanto de toda a região que com sua pestilência constituiam grave impeditivo para a ocupação de grande parte da região, inclusive parte do loteamento de Vila Ipanema.
O engenheiro sanitarista, através de um projeto abrangente visava com a interrupção da entrada da água doce proveniente das bacias que desciam das encostas da Tijuca e uma rede de canais com comportas, que permitiriam a manutenção dos índices de salinidade julgados ideais, visava resolver os problemas de saúde pública, graves, que envolviam a área. Como a desastrosa epidemia de malária de 1919 fomentada por uma obra equivocada da Adm. Paulo de Frontim na construção da Av. Delfim Moreira, além dos surtos de febre amarela que se repetiam quase todos os verões, acompanhados no fim de monumentais mortandades de peixes.
A foto, possivelmente tirada na região da Praia Funda que tinha seu litoral modificado, mostra os trabalhos de regularização da topografia, com o aterro das áreas baixas com os entulhos e lixo vindos de boa parte da Z. Sul, recobertos por uma camada de terra compactada por rolos pressores a vapor bem como o estaqueamento das margens com arrocamento e também cortinas de arrimo, com muros de granito, que eram transportadas por uma rede de trilhos e pequenas locomotivas a vapor, tal como nas obras de desmonte do Morro do Castelo, que aliás contribuiu com sua terra notadamente na área do futuro Jóquei.
As obras a mando de Saturnino de Brito inclusive contaram como uma draga que foi colocada dentro da Lagoa por cima do ístimo do antigo “bolsão” da Lagoa, literalmente nos ombros dos operários, como já mostramos ainda nos tempos do fotolog em 2004 ( http://www.rioquepassou.com.br/2004/06/03/transposicao-de-draga-para-o-canal-da-lagoa-1921/ ) a esta draga foi dada a incumbência de movimentar os sedimentos no fundo da Lagoa, retirando pontos assoreados, criando canais para a circulação das águas mas também como condutora de terra para a realização de aterros, uma obra épica a qual pretendo nas próximas semanas das início a uma pequena série.
Agradecemos ao Ricardo Galeno o envio desta foto.
O Oswaldo Cruz nao tinha erradicado a febre amarela do rio no começo do século?
Erradicou a endemia, mas havia casos isolados, que aliás ainda se mantiveram até os anos 40, a bandeira amarela presa nas residencias era temida pela população, que muitas vezes até trocava de calçada
Interessante história sobre os aterros na Lagoa, mas vou espe
rar pelo restante conforme você disse. Mas pergunto:
Os problemas da Lagoa nunca foram inteiramente soluciona-
dos.Porque o hipódromo foi construído na zona sul e porque
na Lagoa?
Praia Funda não seria aquela região ao pé do morro do Cantagalo, onde morou o Luiz e hoje mora a Cora Rónai? Pela vista do Cristo a foto está na altura de Ipanema.
Achei curiosa a menção a “lixo” no material do aterro, será que o litoral da Lagoa sofre o mesmo fenômeno que está acontecendo no Center Norte em SP, de acúmulo de metano no subsolo?
Esta obra de Saturnino de Brito incluiu a retirada de algas e um grande aterro da Lagoa. Além da construção das avenidas no entorno, propunha manter a lagoa permanentemente com água salgada.
Está parecendo o lado de Ipanema na altura do Caiçaras.