Nosso post de hoje mostra um trecho da Rua Gal. Glicério nos anos 50 quando seu urbanismo já estava consolidado. O trecho mais famoso, foi aberto com a desativação da Fábrica de Tecidos Aliança, ganhando um projeto que difere não só de seu trecho incial, antiga Rua Aliança, que dava acesso à velha fábrica bem como as demais ruas do Bairro de Laranjeiras. Urbanizada nos anos 40 tomou-se o cuidado de evitar o que vinha contecendo no Flamengo e Copacabana onde a verticalização vinha acompanhando de uma adensamento e atravancamento do espaço urbano. Não se limitou este adensamento à implantação de prédios baixos, mas sim com o afastamento deles tanto da via como também entre eles, estando soltos das divisas, permitindo não só a ventilação como também a insolação da via, algo que se perdeu em muitas ruas de Copacabana e Flamengo na maior parte do dia.
Os edifícios espelham a época de suas construções, indo do estilo déco mais simples ao proto-modernismo, mas ainda sem pilotis. Ao rés do chão em vários prédios foram incluídas lojas que servem atualmente a demanda interna do sub-bairro.
No mobiliário urbano temos características comuns ao período, que também eram compartilhadas com o Bairro Peixoto e trechos do Grajaú, mais notadamente pela arborização por Sombreiros árvores asiáticas usadas no Rio em áreas urbanizadas e arborizadas no final dos anos 40. Elas foram praticamente extintas em nossa cidade por uma praga de pulgões no final dos anos 90. Comuns no seu habitat natural, mas que no Rio não encontraram os predadores naturais. Esses pulgões conhecidos como Psilídeos, entraram pelos portos do Chile no final da década de 80 e vieram dizimando todos os Sombreiros das américas até chegarem no Rio, poucos exemplares permanecem vivos, apenas os mais jovens, plantados quando a prefeitura já os tinha abandonado como espécies para arborização pública quando se descobriu que o crescimento rápido vinha acompanhado de raízes espalhadas e daninhas ao sub-solo da cidade. Temos também os postes padrão Light de braço reto e com os tubos mais grossos que os do início do século e a pavimentação por paralelos.
O conjunto da rua é tão importante urbanisticamente que está tombado desde 2002 pelo DGPC não podendo ser alterado.
Fotografia estupenda, que deve ser vista ampliada, como sempre.
Nada como haver um planejamento urbano e normas que garantam um aproveitamento racional do espaço. Fico imaginando se as regras descritas tivessem sido seguidas em toda a cidade. A qualidade de vida seria outra, sem dúvida.
Muito boa a sua explicação Andre, como sempre.
Linda foto , bela rua . Vendo fotos como esta é que percebe-
mos como perdemos um modo de viver tão saudável e belo.
Essa aí merece uma boa colorização.
Se habilita Nickolas, acho que as folhas da árvore em primeiro plano darão muito trabalho.
Já estão dando, rsrsrs
E basta usar o bom senso, não mudar a lei e respeitá-la para se ter isso… concordo com o Luiz.
bela foto. Realmente uma pena que a Gal. Glicério seja um raro exemplo de urbanismo bem pensado no Rio de Janeiro. Se pelo menos uma parte de Copacabana fosse assim teríamos um dos melhores lugares do mundo para se morar.
Muito frequentei esta rua onde tinha muitos amigos. Muitas noitadas de pocker nas sextas-feiras em um apartamento naquele 2° prédio. Parávamos na hora de tirar os carros estacionados na Ortiz Monteiro ali atrás quando os feirantes já começavam a montar suas barracas.
Adoro essa rua. Continua linda até hoje, 2016 e por isso mesmo é um de “meus lugares especiais”
Foi uma grata surpresa encontrar essa linda foto.
Venho sempre aqui suprir os meus albúns no Pinterest.
Obrigada e parabéns por esse olhar tão especial.
Cordialmente,