Nossa imagem de hoje mostra uma estéril Av. Chile, recém aberta, cortando o cenário de desmonte do Morro de Santo Antônio no final dos anos 50.
Imaginada desde os anos 30, como uma via de articulação entre o Estácio e o litoral do Centro da Cidade, englobando para isso a Av. Alm. Barroso, a Rua da Relação, a Av. Henrique Valadares e a Rua Frei Caneca e traçada em definivo nos anos 40 como parte do Plano 100, ou 1000, que previa de modiifcação de grande parte “dos fundos” do Centro da Cidade, com novas vias que requalificariam praticamente toda a região entre o Castelo e Lapa indo até a Praça Tiradentes, e por fim até as encostas do Morro da Conceição. Plano este que nunca saiu do papeu, deixando inúmeros prédios dos anos 50 com afastamentos enormes e Pilotis Agachianos em estreitas ruas da SAARA e legando parte da urbanização da Esplanada do Castelo, bem como o túnel Martim de Sá.
Tão logo o desmonte permitiu a ligação entre o Castelo e a Lapa, a nova avenida foi aberta sem um plano urbanísitico e até mesmo um PA definivo pois todo o resto da região ainda era tomado por lama, abas do morro que desaparecia e decrépitos sobrados na região da Rua do Lavradio, que desde os anos 40, com o julgo da desapropriação aguardavam seu fim sem muita dignidade.
Inaugurada por JK a avenida cortava a árida região, com um arremedo de urbanismo, como iluminação pública, árvores, meio-fios e algumas calçadas. Mas como ela ficaria ninguém sabia, bem como ela seria ocupada visto que os terrenos ainda pertenciam ao Distrito Federal e a Igreja, o que pode indicar o destino da avenida como sede de inúmeras estatais nos anos 70.
Ao fundo vemos os edifícios Av. Central e Santos Vahlis em construção e fechando o horizonte o Ed. Marquês de Herval, nessa época o prédio da Caixa não estava nem nas fundações, estando o banco ainda enrolado com a demolição do complexo do antigo Liceu de Artes e Ofícios.
Desse urbanismo nada mais resta, nem mesmo a quota da avenida, pois na obra do Governo Negão de Lima, onde ela ganhou seu atual contorno ela foi recaixada neste ponto, ficando plana, para a passagem da Av. República do Paraguai, antiga Norte-Sul, conforme os planos dos anos 40.
Por fim, vemos a iluminação por lâmpadas fluorescentes, determinação da PDF à Light para todas as novas vias da cidade, bem como nos circuítos modernizados. Esse tipo de iluminação começou a ser implantado no Estado Novo e até a criação da CEE no EGB imaginava-se como a iluminação adequada para a cidade. Mas tamanho das lâmpadas e luminárias, manutenção delicada, a nescessidade de se importar as lâmpadas e luminárias de maior capacidade ( a produção nacional resumia-se as potências de 20 e 40 W e na via pública se usava a partir de 80W) sepultaram seu uso, substituídas pelas já ultrapassadas lâmpadas a vapor de mercúrio, mas que causaram uma total mudança na iluminação pública do Rio de Janeiro dos anos 60 até os 80. A iluminação por lâmpadas fluorescentes foi uma herança do Rio para Brasília, pois afinal a equipe que levantou e equipou era originária da PDF.
Tenho um arquivo dos ônibus antigos do Rio. Deseja recebê-lo, caso positivo me indique como enviar.
Sérgio você pode entrar em contato com o site pelo o email: [email protected].
Estamos no aguardo, abraços
Nem me lembrava que o piso havia sido rebaixado.
Pensava que já tinha sifo construida assim.
Com esta foto, dá pra ver bem.
Esta avenida me dá ainda a impressão de estéril, mesmo com os grandes prédios que lá existem.
Somente agora começa a perder aquele “ar” de Brasília.
Muito legal o site. Será que alguém teria imagens da Tijuca nos anos 1950 ?
O nível original da Av. Chile, do lado da Rua do Lavradio, deve ser parecido com o das calçadas hoje existentes junto aos prédios, que sobem num aclive suave. Aliás todas as calçadas da avenida têm o mesmo motivo da orla de Ipanema/Leblon.
Esse Plano 1000 parece que era uma reedição, muitas décadas depois, do que foi feito em Paris no meio do século 19, e em Buenos Aires no fim dele. Nos dois casos arrasou-se quase toda a cidade secular abrindo-se avenidas e ruas largas e retificadas. Se tivesse sido implementado hoje o Centro seria coberto por “filhotes da Av. Presidente Vargas” e praticamente não haveria construções anteriores a 1940. Nessas horas eu dou graças à irresponsabilidade e falta de continuidade dos nossos governos.
A incompetência é às vezes uma benção.
Durante muito tempo, a avenida ficou fechada por causa das obras de expansao do Metro que nao deram em nada (seria a ligaçao Carioca-Estacio, abandonada em favor da Linha 1A).
PS – O seu site fica vez mais famoso. Agora foi uma nota na “Revista do Globo”…
Ah, está explicado o aumento brutal dos acessos desde domingo
Uma foto quase da mesma época onde se pode ver as árvores plantadas ao longo das calçadas.
http://cariocadorio.wordpress.com/2010/03/28/avenida-chile/
Estas árvores não cresceram ou foram retiradas posteriormente. A região continua muito árida apeesar dos novos e modernos edifícios ao longo da avenida.
Vemos como a cota da avenida era alta
Primeiramente meus parabéns, o site é excelente. Vivo viajando no passado.
Segundo, gostaria de saber mais detalhes sobre esse Plano 100. Onde posso encontrar na Internet ?
obrigado.