Mudança da Feira, da Constante Ramos para Domingos Ferreira, Julho de 1954

Nossas 3 imagens de hoje mostram o pequeno tumulto causado pela mudança da localização da feira livre, antes realizada na Rua Constante Ramos e que passava para a Rua Domingos Ferreira, infelizmente as imagens são de baixa resolução, mas mostram uma pequena amostra do cotidiano e o mais impressionante a limpeza física da cidade, espelhada em prédios, postes, calçadas etc….
 

A primeira imagem mostra um grupo de feirantes bem na esquina das ruas Constante Ramos e Domingos Ferreira conversando com um fiscal de posturas ou repórter. Ao fundo vemos a parte de trás do Cinema Rian em grande destaque, bem como o prédio de varandas abauladas que atravessa o quarteirão vindo da Av. Atlântica e que em sua loja abriga do Crack dos Galetos, a bela town house fazia parte da primeira geração de residências multifamiliares do bairro e foi demolida pouco depois, dando lugar a um impessoal edifício, do outro lado temos a Confeitaria Rian, até hoje no mesmo local. Reparamos que no meio da Rua Domingos Ferreira há uma obra da PDF, possivelmente na rede de drenagem.
 

Já nossa segunda imagem mostra uma aglomeração, vemos feirantes e agentes da PDF discutindo certamente as alterações, e logicamente não concordando, eles estão da frente do prédio de número 30 da Constante Ramos que possui uma forte influência art-déco em sua fachada e embasamento de granito negro e com as lojas de vitrines abauladas. Observamos que mesmo os feirantes se vestiam relativamente bem, e há um clima de respeito mútuo, não notamos nenhum sinal de enfrentamento, o que certamente ocorreria hoje.
 

Na nossa última imagem temos uma panorâmica da Constante Ramos, em direção a Av. Copacabana, a loja que aparece parcialmente na direita da imagem, com a bicicleta encostada, era a Casa Beatrice, comandada pela eslava Dona Anna  que por muitos anos  (desde meus bisavós) nos forneceu frios, pães integrais, mel, carnes para datas festivas como peru no Natal e Rosbife e Lombinho no Ano Novo, bem como saladas, salsichões etc… Um de seus funcionários, o Seu Pedro, até hoje atende os remanescentes da família no loja Empório do Trigo na Rua Anita Garibaldi. Vemos que a Constante Ramos era fartamente arborizada nesse trecho com algodoeiros de praia ou patas de vaca, retirados dos dois lados nos anos 60 para a criação de parqueamento a 90 graus dos dois lados da via. Chama a atenção a organização da feira, com os pertences dos feirantes guardados em caixas e os taboleiros desmontados por cima, vemos que as coisas andaram para trás nesse ponto. As calçadas não eram de pedras portuguesas mas sim de placas de cimento.

7 comentários em “Mudança da Feira, da Constante Ramos para Domingos Ferreira, Julho de 1954”

  1. Por falar em feira livre, já estava mais que na hora dessa coisa medieval ser abolida. Com o advento dos supermercados e dos horti-fruti, não há justificativa para todos os transtornos que elas causam: barulho de madrugada para sua montagem e que se estende enquanto dura, interrupção da circulação de passagem de veículos pela via, bem como ao acesso e saída de garagens, e a sujeira e mau cheiro que fica no local até que seja limpo, isto quando é bem limpo.

  2. Gostei demais da foto 3. Era meu caminho obrigatório para ir à praia e voltar para casa. Sempre observava essas casas comerciais aí desta calçada, onde meus pais eventualmente compravam. Bons tempos.
    A Constante Ramos, na época, dava mão da praia para o interior do bairro.

  3. Uma civilidade nas pessoas e na cidade que já se foi há muito.
    Aindo prefiro às feiras-livres que as pedras portuguesas, estas últimas mal cuidadas e que vivem causando acidentes nas pessoas.
    E, além disso, já deixamos de ser portugueses desde 1822.

  4. Prezado André, estou lhe escrevendo porque estamos organizando um evento chamado O Lido é Lindo que tem por objetivo contribuir para a revitaliazação do Lido, no próximo dia 19, realizando na Praça do Lido com show de cantoras da velha guarda do bairro, dança, performances e programas diversos. Além disso, gostaríamos de fazer uma exposição de fotos antigas de Copacabana e Lido, para que o público possa conhecer melhor a história da região e, por isso, gostaria de saber se o senhor possui em seu acervo fotografias que pudessem ser expostas durante o evento e se o Senhor teria interesse em se juntar a nós nesta declaração de amor ao Lido.
    Para que o senhor possa conhecer melhor o nosso projeto, envio em anexo o release do evento. Veja também o site do projeto O Lido é Lindo no http://www.olidoelindo.com.br e sobre o Polo Lido, organizador do evento no site http://www.pololido.com.br.
    Na certeza de sua atenção, coloco-me ao seu inteiro dispor para outras informações.
    Cordialmente,

    Israel Ifadayo Oliveira
    Vocabulo,
    [21] 8757-5067

  5. Só não entendi o Decourt não ter chamado a atenção de que, na primeira foto, o homem de pé estava de frente para o Ed. Guarujá que ia da Av. Atlântica até a Domingos Ferreira.
    Tsk tsk tsk… Já não se fazem Decourts como antigamente.

  6. Uma pequena correcao: Dona Anna Hausegger nao era eslava e sim AUSTRÍACA. Seu nome de solteira era Anna Leitner… e juro que sei disso certinho, ela era tia do meu pai, ou seja ela era minha tia avó! Meu pai comprou esta loja para Tia Anna “comandar” (muito bem dito… parabéns à sua perspicácia!) em 1964… e a manteu até sua morte, no final dos anos 70.. os donos anteriores eram alemaes… os senhores para quem meu pai vendeu o imóvel eram portugueses e nao compreenderam o “segredo” o “quoi” da loja – de ser práticamente um “Consulado” europeu vistado por toda a colonia austríaca e alema e isso em Copacabana… e transformaram a Casa Beatrice numa mercearia… Acabou-se o charme… joje é uma lojinha de souvernirs… Obrigado pela postagem… é e única foto que tenho de lá!!!!!

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