Hotel Belvedere, um triste exemplo de fagocitação do tecido formal da cidade

A história do Hotel Belvedere no Posto V já foi contada algumas vezes no site bem como nos tempos do fotolog, e a imagem mostrada em primeiro também é conhecida de todos, tanto do site em 15 de Janeiro de 2009 bem como nas exposições Copacabana Sob as Lentes de seu Morador só o que falávamos, de o hotel ter sido engolido pela onda de barracos que desceu a encosta do Pavãozinho nunca conseguiu ser comprovada de fato, principalmente pela pouca amigabilidade daquela “comunidade”.
Mas o amigo Ricardo Lafayette um dos mais abnegados pesquisadores desta tese e que como geógrafo, estudioso da evolução do bairro e suas alterações no espaço e geografia nos brindou com essa imagem, tirada do topo do também quase fagocitado Ed. Líbano, um dos melhores prédios do bairro até os anos 70, que hoje tem barracos apoiados em suas paredes e é sepultado por toneladas de lixo lançadas pela favela que demostra, como sempre, total desrespeito pela COMUNIDADE circundante.

Na foto vemos claramente o que sobra da construção, o seu teto, envolvido por barracos, não consigo precisar se a construção ganhou mais um andar, pois parece que a antiga caixa d’água está mais baixa que na foto de 1937, mas vemos, pelas cerâmicas no canto esquerdo da construção que houve a tentativa da construção de mais um andar. Do morro de vegetação densa nada mais sobra, só vemos lixo nas pedras nuas, construções que desobedecem os princípios básicos da legislação edilícia da cidade e mutas caixas d’água o que indica que cada barraco tem várias unidades, certamente todas alugadas por algum “Chagas Freitas” da favela e total desrespeito ao meio ambiente.
Outro ponto que nos chama a atenção é a tentativa de defesa da cidade formal e contribuinte, janelas emparedades, venezianas tipo copacabana adaptadas em prédios que não foram projetados para tê-las e toldos de tão grandes que são quase muxurabis.
Não precisamos falar muito mais, aqui está o resultado de anos de polulismo e socialismo moreno, criado por um certo gaúcho e que todos os governantes do nosso estado obedecem e acalentam cegamente até hoje, com discursos modernizados, mas que no fundo são idênticos ao de 1982.

20 comentários em “Hotel Belvedere, um triste exemplo de fagocitação do tecido formal da cidade”

  1. Chega a dar medo o que está por acontecer nos próximos 20 ou 30 anos. Não acredito que qualquer ação dos (des)governos possam frear as ocupações que agora são verticais em todas as agora comunidades do Rio. A ocupação do espaço pública agora legalizada pela justiça deu ganho de causa a invasores do próprio Jardim Botânico.
    http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/08/18/secretaria-de-patrimonio-da-uniao-defende-invasores-em-vez-do-jardim-botanico-917426232.asp
    Pra vira prédio com alguns andares e puxadinhos daqui e dali é mera questão de tempo. Só nos resta orar.

  2. A montanha de lixo na encosta do morro é impressionante. O aumento das favelas do Vidigal e da Rocinha, por exemplo, chegando até a Gávea, coisa que vem acontecendo há anos, é um exemplo atual da falta de atuação do Governo.
    Ontem foi divulgada a liberação de verba para recuperação do Museu da Cidade. Pode até ser que a obra saia. Mas o Museu está agora cercado por uma favela e quero ver quem vai frequentar os belos jardins, que durante tanto tempo foram procurados pela população e hoje estão desertos.

  3. Saiu hoje no Globo uma notícia sobre o trabalho dos garis-alpinistas da Comlurb nas encostas adjacentes à Djalma Ulrich. Parece que aos poucos estão atacando os problemas do Morro do Cantagalo. UPP, prédios do PAC (que eu rejeito, não se deveria incentivar a ocupação da área) e o novo ponto turístico no elevador do Metrô estão chamando a atenção da mídia e levando alguma civilidade ao morro. Não vai ser amanhã nem depois, mas é capaz que algum dia os próprios moradores da favela passem a rejeitar o “urbanismo” que criaram.

    1. Acho impossível, acredito que o espaço se valorize e os moradores sejam trocados pelas construtoras e condomínos. Gerações e gerações convivem numa simbiose assutadora com lixo e esgoto, adaptados inclusive com ratos em panelas..assustador

    2. Até acredito que esse dia chegue, mas só quando de fato a população de baixa renda parar de ter mais de dois filhos por casal e de fato se escolarizar, aumentar renda pelo trabalho e fazer valer a real cidadania equiparada à galera do asfalto, o que obviamente inclui direitos e deveres.
      Até lá conviveremos com o show demagógico dos políticos e condições insalubres de todas as comunidades cariocas agravadas com as novas invasões e verticalização absurdas que agora enfeitam os morros cariocas. De qualquer forma não estaremos vivos para presenciar essa possibilidade.

      1. Não tem ninguém de baixa renda no asfalto ? para que de fato haja uma escolarização, tem de se valorizar a escola, pois bem ou mal a população de baixa renda seja no asfalto ou fora dele a frequenta.
        Mas como se escolarizar com profissionais da educação que recebem o menor salário no nível superior ? As questões que levanta estão além dessas pessoas o que não diminui sua parcela culpa.
        Além do que, em uma sociedade competitiva como a nossa é melhor até que vocês, que não são baixa renda não tenham mais de dois filhos.
        Concordo contigo, dependemos do fim do show demagógico desses nossos políticos

  4. É desordenado e bagunçado, favelas estão para os políticos assim como o sangue para os vampiros, mas identificar todas essas construções como “barracos” acho uma colocação infeliz, são casas construídas com os mesmos materiais de tantas outras nos bairros de vocês e não madeira e plástico.
    Quanto a chamar de “comunidade” acho errado por ser só um faz de conta para fazer com que essas pessoas acreditem que fazem parte do todo.
    Prefiro chamar de favela sempre, mesmo que passemos por uma transição intencionalmente construída para que termo favela pareça algo ruim, mesmo que isso se mostre na fala de alguns, não deixa de ser um termo históricamente construído

  5. A foto e o texto merecem mais dois comentários…
    Em primeiro lugar, mesmo que não houvesse a favela, o Hotel Belvedere estaria condenado, totalmente emparedado pelos edifícios que são muito anteriores ao “socialismo moreno”.
    Outra coisa, o que seria a construção do lado esquerdo da foto? É um prédio grande, maior até que o hotel, não é barraco, e parece ser antigo.

  6. Eu havia feito um comentário mais cedo mas acho que não apareceu.
    Gostaria de saber o que seria esse prédio grande do lado esquerdo da foto atual, que parece antigo, bem construído, maior que o hotel, e igualmente engolido pela favela.
    Além disso, percebe-se que mesmo que não houvesse a favela, o Hotel Belvedere teria sido emparedado pela especulação imobiliária, muito antes do “socialismo moreno”.

  7. André,
    Obrigado pelas palavras e pelos elogios.
    De fato, como já havia lhe dito antes, a situação deste pedaço de Copacabana, que circunda os acessos e as franjas da favela do Pavão-Pavãozinho, ultrapassam o bom senso e escancaram a passividade e a omissão, pra não dizer a cumplicidade, do Poder Público com o bairro e a Cidade.
    Se existe um grande problema ambiental em Copacabana hoje, ele se chama lixão da Rua Djalma Ulrich. Barracos e mais barracos da favela, na verdade casas de alvenaria, com 3, 4, 5 e até 6 andares, se debruçam pela rocha até o limite máximo para se construir, invadindo áreas privativas dos prédios que circundam o morro, e degradando todo o seu entorno.
    Estas casas, construídas sem critérios, encostam em prédios de apartamentos, retirando a privacidade de seus moradores, e trazem lixo e sujeira, que são jogadas pela encosta sem respeito algum com os vizinhos do “asfalto”.
    O caso do hotel Belveder reproduz apenas essa omissão, pois a deterioração é completa, comprometendo a qualidade de vida de gente que no passado, comprou um imóvel nessa área pagando caro, e antes contemplava uma linda vista para uma mata verdejante e pujante.
    Hoje, por força dessa omissão do Poder Público, todos moram rodeados por uma favela, cujos moradores não respeitam a vizinhança e jogam TODO o lixo que produzem, encosta abaixo.
    Não vejo solução ali que não passe pela remoção de duas áreas da favela do Pavão-Pavãozinho que se debruçam sobre os prédios da Av. Copacabana e da Rua Djalma Ulrich, e são conhecidas como Serafim e Vietnãn (sim, favela tem sub-bairros, acredite se quiser!), pois o grau de ocupação ali foi tamanho, que não há ruas, e os becos, vielas e escadarias são tão estreitos, que limitam a circulação, afetam a aeração, e acabam comprometendo a retirada do lixo dos moradores.
    Concluindo, fico imaginando que se no passado, sobretudo nas fatídicas décadas de 40 e 50, quando Copacabana era terra de ninguém na hora de se construir, tivessemos um mínimo de planejamento, uma legislação básica pelo menos, esta região, incluindo o morro que era coberto por uma mata verde e intocada, seria hoje, um dos locais mais lindos e bonitos da Cidade, cujas construções, como o Hotel Belvedere, se debruçariam sobre a linda praia, com vista impagável para toda Copacabana.
    Parabéns pelo blog!
    Abraço,
    Ricardo Lafayette.

  8. Decourt, não sei o que há com os meus comentários. Postei ontem duas vezes e não apareceram, também não deu erro, e quando tentei re-postar veio uma mensagem dizendo que o comentário era repetido.

  9. André,
    Obrigado pelas palavras e pelos elogios!
    Este estrago em Copacabana é fruto da omissão do Poder Público, para não dizer cumplicidade, que permitiu que está parte de Copacabana, outrora com uma mata verdejante e intacta, se transformasse numa favela, cujas construções se amontoam sem critérios sobre a rocha, até seu limite no abismo, e encostam nos edifícios existentes ao redor.
    Não há outra solução que não a demolição das construções nesta parte do Pavão-Pavãozinho, conhecidas como Serafim e Vietnãn, onde não existem ruas, e as vielas, becos e escadarias são tão estreitas, que prejudicam a aeração, a ventilação, e tem ligação direta com o imenso problema do lixo ali existente, jogado encosta abaixo pelos moradores da favela, em total desrespeito aos vizinhos “do asfalto”.
    O lixo, em volume inimaginável, deposita-se nos fundos dos edifícios da Rua Djalma Ulrich e da Praça Sarah Kubischek, sobretudo na área interna do edifício Líbano, deteriorando a qualidade de vida de quem ali reside.
    O caso do Hotel Belvedere apenas exemplifica o quanto o processo de verticalização e consolidação de Copacabana foi perverso e agressivo, sobretudo nas décadas de 40 e 50, quando não haviam regras para se construir e edificar, nenhum planejamento urbano e o modelo falido reproduzia grande edifícios nas áreas formais e ocupação desordenada em áreas públicas.
    Parabéns pelo post e pelo blog!
    Riacrdo Lafayette.

  10. Bem, já que hoje está funcionando…. a minha curiosidade é o que seria aquele prédio grande na esquerda da foto atual, ainda dentro da favela, que parece ser antigo e bem construído, e igualmente “fagocitado”.
    Outro comentário foi isso que o Ricardo disse, antes mesmo da favela o Hotel Belvedere já estava emparedado pela especulação imobiliária de Copacabana.

      1. É, no GMaps dá pra perceber melhor. Pela foto parece que a construção está em cima do morro. Mas fica claro que os prédios em volta já haviam condenado o Belvedere muito antes de qualquer “socialismo moreno”.

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