Copacabana 1965

Nossa foto de hoje é um interessante contra-ponto ao post do dia 31 último ( http://www.rioquepassou.com.br/2010/05/31/noturna-copacabana-inicio-dos-anos-30/ ) onde mostramos Copacabana vista do Posto II até o seu final, a única diferença era a posição do fotógrafo, de um mirante no Morro da Babilônia e de helicóptero na de hoje.
Vemos que em 1965 a paisagem estava totalmente esgotada, dominada pela massa de prédios que surgiu de forma agressiva no pós guerra. O Morro do Inhangá que dominava a noturna do dia 31 em primeiro plano está praticamente engolido pelos prédios que lhe cercam, sendo que os dois penedos junto a praia praticamente sumiram estando depois de serem debastados e cortados abaixo dos prédios, sendo do nosso ângulo apenas espaços vazios entre as ruas que ainda contornam os antigos morros.
O edifício Netuno, o primeiro após o Copacabana Palace na foto dos anos 20, passa praticamente desapercebido nesta imagem, estando ao lado do conjunto modernista do Ed. Angel Ramirez na rua República do Perú, apontado por muitos como obra de Lúcio Costa mas sim projetado pelos Irmãos Roberto, que tem no seu DNA os brises nas janelas e os apartamentos duplex de 3 quartos.
Outro ponto que podemos observar é a regularidade dos prédios quanto a altura, os hoteis com duas, três vezes o gabarito do resto do bairro ainda não tinham sido construídos e os prédios mais altos estão de fato em quotas mais elevadas como os Ed. Estrela de Ouro e Estrela Brilhante no início da subida do Corte de Cantagalo.
Da imagem do dia 31 para a hoje se passaram menos de 40 anos, e também é interessante pensar que 90% dos prédios que vemos na imagem tinham menos de 20 anos na época da foto, e os poucos espaço que sobravam, normalmente por de trás do eixo da Rua Barata Ribeiro estavam sendo disputados pelas construtoras que continuariam demolindo no bairro freneticamente até a metade dos anos 70, quando esgotaram de vez o bairro.

9 comentários em “Copacabana 1965”

  1. Morador de Copacana do início dos anos 50 até meados dos anos 60, uma das imagens que marcaram minha infância foram as obras para construção de edifícios.
    Ficava impressionado como as casas vinha abaixo e os edifícios eram construídos.
    Os caminhões de tijolo chegando e sendo descarregados com os tijolos aos pares, passando de mão em mão numa fila de operários com sandálias, à época chamadas de “japonesas” e com “emplastro de sabiá” no peito ou nas costas.
    A mistura de cimento e água para fazer a base das construções. O barulhos dos bate-estacas para segurar o terreno. O toque do sino às 7 horas da manhã para começar o trabalho.
    As aberturas na parte frontal para colocação de areia e pedras.
    Os operários sentados nos bancos em frente às obras nos domingos e feriados com seus enormes rádios de pilha, fumando e jogando conversa fora.
    Acho que levavam uns dois anos para subir um prédio de 12 andares.

  2. Esgotado em 1965 e ainda assim continuaram a destruir o que restou. Ninguém pode afirmar que não sabiam o que estavam fazendo. Estrangularam um bairro e montaram uma situação complicadíssima de se resolver. A solução é demolir uns dois ou três quarteirões e fazer o bairro respirar, mas quem é que fará isso ?

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