O amigo Carlos Ponce de Leon Paiva nos envia esse postal de autoria de Perrotta, que mostra uma bela panorâmica da Vista Chinesa, tirada aparentemente nos anos 50, pelo volume de construções altas na Enseada de Botafogo, que vemos lá embaixo.
Mais uma das obras de Passos, o pavilhão do mirante, erguido numa das curvas da Estada D. Castorina, ancestral via de ligação entre o Horto Real e o Alto da Boa Vista, que sofria obras de melhorias no governo do grande prefeito, visava honeagear a presença chinesa no Brasil, pouco lembrada, mas marcante em episódios históricos da cidade e do país, e curiosamente muito concentrada nessa região da cidade.
Consta que a primeira leva de imigrantes chineses foi trazida ao Brasil ainda no período de D. João VI, para a introdução do chá no Brasil. Contam historiadores que os chineses não se adaptaram, principalmente pois, inicialmente foram trazidos só homens, o que foi consertado depois, com a chegada de mulheres, mas a experiência fracassou. Pelos chineses considerados indolentes ( afinal os brasileiros ainda estavam no periodo escravagista) e pelo chá produzido, de gosto ruim, sendo pouco competitivo ao chá importado pelos ingleses. Alguns voltaram, outros se diluíram na população e outros, foram fazer certos tipos de comércio, como o ópio.
Mas foi nessa região dos fundos do Horto Real, nas fazendas no Vale dos Macacos que o chá brasileiro, mesmo de gosto ruim vingou, com galhardia, o que não aconteceu nos dois outros lugares experimentais, a Fazenda Real de Santa Cruz e na Ilha do Governador
Uma segunda leva foi trazida, 28 anos depois, desta vez para se fomentar a cultura do arroz. Curiosamente nesta área e novamente o desastre, os “hábeis” agricultores, pouco entendiam do assunto, sendo péssimos agricultores. Acabaram sendo aproveitados como mão de obra não escrava para as primeiras melhorias na antiga trilha, a transformando em uma via carroçavel pelas mãos de Cochrane. Consta que o alojamento dos chineses na obra ficava exatamente neste platô, mas há em mapas antigos registros de duas vivendas, em épocas distintas, de chineses, o Rancho do Chins e a Casa dos Chinas.
Essas duas levas fomentaram o curisoso e pouco conhecido mercado do ópio na cidade do Rio de Janeiro, nos finais do séc XIX, tão bem descritos por Luiz Edmundo, em suas cronicas.
O pavilhão do mirante, lembra um pagode chinês, feito de cimento na forma de bambu, com sinistras gárgulas, oferece uma das mais belas vistas da cidade, num passeio altamente recomendável, a luz do dia.
Passei lá no Sábado passado, dia lindo, pessoas de bike outras correndo. Eu fazendo o Rali não pude parar para apreciar http://www.pumaclassic.com.br/2009/11/eventos-6-rali-cidade-maravilhosa-rj.html
Este pavilhão que foi construído no início do século XX, com projeto de Luiz Rey, em argamassa imitando bambu.
Muito embora, como diz o Rouen, se possa ir tranquilamente, sempre fica um receio de andar por esses lugares mais desertos no Rio.
É verdade, mas a cultura do pavor está dominando a cidade.
O pavilhão chegou a ficar em estado de semi-abandono há alguns anos, e o mirante cercado de vegetação alta que encobria a vista. A Prefeitura andou fazendo melhorias e restaurando a construção, inclusive há gárgulas que já são reproduções.
Além do pavilhão, toda a subida da Dona Castorina até a própria Mesa do Imperador e além possuem um (digamos) urbanismo consistente, com bancos e bicas. Isso teria sido construído na mesma ocasião da Vista Chinesa?
Uma curiosidade é que a Estrada da Vista Chinesa vem do Alto da Boa Vista e termina neste local, já na descida.
Não posso precisar se todo o conjunto foi feito por Passos, pois a região sofreu outras melhorias nos anos 20 e 40. Mas a Mesa do Imperador também é do período Passos
É um tremendo passeio. Nos anos 80 costumava correr até a Vista Chinesa, saindo de Botafogo, pela orla. É verdade !!!!!!
O Luiz Edumndo conta realmente muito sobre estes enigmáticos chineses imigrantes de antanho.
O penteado terminando com aquela trancinha comprida terminando no meio das costas e muitos com casas de ópio, principalmente na Rua da Constituição, antiga dos Ciganos.
Mas a maioria sofria muito com as chacotas dos moleques cariocas, eram bem diferentes do resto da população.
André, como no Humaitá só aparece dois ou três prédios, penso que possamos estar nos anos 40. Esse prédios são bem antigos,típicos dessa época.