Nossa foto de hoje, da revista Life, mostra duas peculiares sepulturas num dos mais ricos cemitérios, em matéria de Arte Sepulcral, da América do Sul, que poderia ser mais um ponto turístico da cidade.
Mas o São João Batista, antes apenas um lúgrebe lugar para se passear, é nos dias normais, sem grandes enterros, filmagens, ou nos dias santos um lugar muito perigoso de se andar. Não pelos mortos, mas pelos vivos.
Uma das explicações está no morro atrás. É simplesmente aterrador ver o Morro de São João em 1973, tomado pelo capim colonião, mas completamente vazio de construções, com o morro de hoje, invadido como mais um dos braços da Favela da Ladeira dos Tabajaras, uma das que mais cresce na cidade, sob a complacência de nossos (des)administradores, onde prédios com 9 pavimentos já se erguem na boca de túneis em temerosas técnicas construtivas.
A área de propriedade da Marinha, aliás como grande parte da favela, tinha seu acesso por um dos cotovelos da Rua Villa Rica, uma ancestral ladeira, que junto com a Ladeira do Barroso, hoje Tabajaras, garantia o acesso a Copacabana até o séc. XIX.
A invasão começou por volta de 1983/84, em pleno socialismo moreno, com grande velocidade. Mas nos anos 90, graças a um acordo com o BID, notadamente essa parte da favela se estagnou e o morro começou a ser reflorestado. O gabarito da favela também foi determinado a 03 pavimentos. A realização dessas diretrizes, e mais outras, garantia o investimento na área, num dos primeiros acordos do gênero.
Mas no início do séc XXI, aparentemente o acordo com o BID foi rasgado e a favela, em todas as suas frentes começou a crescer, invadindo inclusive áreas reflorestadas em regime de mutirão pelos próprios moradores anos antes, num total contrasenso. O que indica que possivelmente gente de fora está lucrando muito com o surto de crescimenso das favelas da Z. Sul. Afinal não é um pobre trabalhador com a renda familiar de uns 4 salários mínimos que levanta em menos de um ano um prédio de 04 andares.
O mais impressionante é constatar em números o que já foi gasto no D. Marta nos últimos anos em relação aos imóveis na favela, dando para comprar uma boa casa no subúrbio, mas no asfalto, dígna. Quando sabemos que, mesmo que se gaste, o dinheiro de um apartamento na Delfim Moreira, aquilo continuará sendo favela, com todos os seus graves problemas.