Av. Copacabana esq com Ronald de Carvalho, anos 50

Projeto Especial AOG - Rio Antigo

Ontem o Saudades do Rio mostrou uma foto da Rua Francisco Sá nos anos 50,  http://fotolog.terra.com.br/luizd:1763, com destaque o transito de bondes.
A foto mostra o ramal da Francisco Sá, um ramal que não constava do início da ocupação do bairro, como o que vemos aqui, nessa imagem.
Na época do desbravamento de Copacabana as pedreiras do Inhangá constituiam um grande obtáculo físico no continnium do bairro, separando de fato, Copacabana do antigo Leme. Além de influir nos limites dos dois bairros ao longo dos anos, influiu também no traçado da Av. Nossa Senhora de Copacabana, que do Inhangá até  a altura da Rua Antônio Vieira não constituia em caminho espontâneo, como era o resto da via.
Nos primeiros planos do bairro a avenida seria alinhada, a partir da Rua República do Perú, com a Rua Gustavo Sampaio. Ou seja, bem mais perto do mar, possivelmente o Beco das Garrafas, o alinhamento do segundo bloco do Ed. Ribeiro Moreira e o fato  da praça do Lido aparecer dividida em dois em vários mapas seja a razão deste primeiro plano. Não sei em que época se modificou, principalmentre porque o trecho permaneceu quase todo engolido pelo mato até o meio dos anos 20. Além da desconexão, tinhamos o litígio possessório de toda a região.
Os ramais de bonde procuravam caminhos mais fáceis, saindo do Túnel Novo, entrando da Ministro Viveiros de Castro e contornando a pedreira pela Ruas Duvivier, Barata Ribeiro, Inhangá e finalmente pela Av. Copacabana até Villa Ypanema.
Nos anos 20 a desconecção era tão flagrante, que o trecho separado da Av. Copacabana, ganhou outro nome por parte da prefeitura, fugaz e praticamente desconhecido. Em 1937 a Light começou a racionalizar seus ramais em Copacabana e Ipanema, o velho ramal da Igrejinha foi desativado, os trilhos arrancados e o bonde passou a se desviar do Posto VI, indo diretamente para Ipanema pela Francisco Sá e de Ipanema para o Leblon sem o balão pelas Henrique Dumont, vias litorâneas e Afrânio de Melo Franco.
Mas mesmo nessa época, mesmo com grande parte da pedreira indo abaixo as linhas ainda contornavam o Inhangá, a desconexão acabou por volta de 1936/39 quando os dois pedaços da avenida foram unidos, mas curiosamente enquanto se arrancava o canteiro central de quase toda ela, nesse pedaço ele ainda continuava pela absoluta falta de movimento.
Mas no final dos anos 40, os desvios tortuosos foram eliminados e o bonde começou a seguir reto por toda a Av. Copacabana, os canteiros centrais foram arrancados e os trilhos assentados. De curiosidade ficou o posteamento das linhas e das luminárias, feitos já por postes de concreto, ao contrário do resto da avenida que eram por postes de ferro fundido. Até o Rio-Cidade tinhamos essa troca acompanhando postes abandonados pela Av. Nossa Senhora de Copacabana.
A foto nos mostra além desses detalhes o belo conjuto de edifícios da Praça do Lido e uma  filial da Perfumaria Carneiro, no Palacete Veiga, onde posteriormente se instalou o Le Bec Fin, o melhor restaurante do Rio por muitas décadas.

18 comentários em “Av. Copacabana esq com Ronald de Carvalho, anos 50”

  1. O trecho separado da Av. Copacabana, que ganhou outro nome por parte da prefeitura, era chamado de Rua Conselheiro Sousa Ferreira.
    Excelente aula sobre Copacabana do início do século XX, com uma foto magnífica.

  2. Essa foto faz um par interessante com aquela da Graça Aranha, o ângulo é parecido e o conjunto está preservado até os dias atuais.
    Não sabia que a N.S.Copacabana só tinha sido unificada depois de 1936. Achava que isso era da época da construção do bairro decô, no fim dos anos 20.
    Interessante também o térreo do Apartamentos Veiga, com essa Perfumaria Carneiro enorme. Se bem que a rigor as marquises feriam a arquitetura do prédio. Hoje em dia apesar do aspecto do edifício estar mais original, as lojas espalhafatosas não têm nada a ver.
    Ah, Andre…. é “desconexão”….

  3. Não é por acaso que muitos estrangeiros ao chegarem na zona sul se surpreendem com a presença européia no Rio de Janeiro, visto o quadro que pintam da cidade pelo mundo afora.

  4. Faço côro:
    Excelente texto, excelente imagem.
    E como era chique Copacabana.
    A Perfumaria Carneiro ainda sobreviveu até pouco tempo no Centro, não me lembro bem se na Rua do Ouvidor ou Rosário…

      1. Perdão, mas acho que o lugar onde ficava o Le Bec Fin está fechado até hoje, tem inclusive um grafitti na fachada, sobre o painel de madeira que cobre a janela.

  5. fui gerente do Bec de 1988 a 1997. Época do Grande Zé Fernandes(Maitre e sócio) e do craque no Steak Ary Lannes, além do Barman Jorge Soares e sua Classe. E ainda o piano do Maestro Oswaldo Nunes. E das noites de charme e tango do Ibrahim e do Coronel Romero. E o Bec não foi tombado. Dizem que o dono de uma pizzaria vai abrir uma boate onde foi o Bec. Saudade? Claro que não! Eu tô é puto pra cacete!!! P.S. Nota mil pra esse trabalho de vocês. Estamos aí.

    1. Oi Claudio, como vai?
      Ary Lannes é meu avô. Infelizmente ele faleceu uns anos atrás. Se você tiver fotos dele ou histórias dele adoraria.
      é uma saudade sem fim.

      Abs.

  6. Eu nasci em 1948 neste prédio da foto, em baixo do edificio havia a Perfumaria Carneiro, como se pode ler no letreiro montado na marquise.Do outro lado da Nsra. de Copacabana havia um pronto socorro, na praça do Lido que mais tarde, foi transformado e hoje é a Escola Roma.

  7. Eu escreví o penultimo comentário, mas depois de escreve-lo foi que eu notei que olhando atentamente a foto do Palacete Veiga, percebí que o restaurante Le Bec Fin, antes de estar localizado na loja da esquina onde está a Perfumaria Carneiro, estava localizado em uma loja logo apos a portaria do prédio.Se vocês leitores colocare o rosto perto do monitor verão que se percebe no vidro da frente, as palavras Le Bec Fin no vidro da loja.
    Quando nasci e vivi no predio, o que foi até os 6 anos ainda não sabia da existencia do restaurante, só mais tarde passando de carro foi que eu ví o Le Bec Fin

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